quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

TRAMPOLIM

Há em todos os amores uma barreira que não funciona como uma fronteira se não como um trampolim.
Sabias?
Então, ora sente e percebe...


Sabias que toda a distância, toda a contrariedade e todas as manigâncias que no passado nos separaram creio hoje que foram as especiarias com que nos apuraram a magnitude da nossa relação?
Agora quando estou longe de ti procuro tentar entender que isto não passou de um trampolim,  que nos fez entender e acreditar que os caminhos, têm todos o nosso destino como direção.
E assim construo um pensamento que não me dê carga negativa  nem motivos de aflição, sempre que a distância te rouba de mim.
Agora não te esqueças que, sempre que houver alguma disparidade  entre nós os dois,  mantem a calma e faz bem a "chamada", pois isso não passou, se não, de mais uma etapa para nos afirmarmos e apurar no vôo de trampolim.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

SIMPLESMENTE...

O amor não pode ser feito de argumentos, entre
duas partes que se acórdão através de um entendimento...

O amor só pode ser feito de um consenso, entre duas partes que se promovem e satisfazem num simples despertar.

Se há ar...Respira fundo!
Pois a hora é sempre tão exacta, tal como irracional é o sentimento.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

ERA UMA VEZ...

A irregularidade dos corpos atraem - se.

Como um sonho, que lá no alto, mergulha nas pertuberancias da terra para se afirmar.

Plantaram ao longe a esperança, de em todas as manhãs terem em comum, a comunhão de um simples acordar.
Deram ao espaço motivos de alegria sempre que em sintonia o presente se conjugou, num imediato, da primeira à segunda pessoa...
A cantar vestiram emoções, combinando a indumentária das roupas com as suas pulsações, para que dos pés à cabeça o mesmo ritmo se articula-se, no compasso da mesma dança.
E engalanados pela bonança dos beijos  juraram-se ao mundo, vivendo em segredo um amor sincero e tão  profundo, como as tardes mágicas que se  alongam na curiosidade palpitante nos dedos de uma criança

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

MOMENTOS



Entre o mar e o vinho há tantos destinos
que...
As lembranças se tornam indomáveis, teimosas em não se apagar.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

SEDE DE TI



Ao sabor da tua boca, eu já me perdi
Eu já me realizei
Eu já me rendi
Eu já matei a sede
Eu já fui ao fundo de mim
Eu já me senti mais homem
Eu já venci
Eu já me contagiei
Eu já sofri
Eu já quis entender-te
Eu já me iludi
Eu já me abriguei
Eu já me destingui
Eu já viajei no escuro
Eu já cresci
E assim longe de ti, todos os dias me convenço...

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O ENCLAVE DA DIRECÇÃO

Não interessa a direcção nem os caminhos, o
que fica para a história são os destinos e a obra que no tempo, e a tempo, foi edificada.

Semeia para colher
Corre para chegar
Trabalha para comer
E...
Sonha para haver arte

Em toda a parte à de haver sempre maneiras de cruzar fronteiras e romper possibilidades.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

INCOMPLETO



Tudo o que deixas escapar acaba por encontrar um outro lugar, distante, de um passado sonhado e tão  entusiasticamente vivido.

Quantas histórias não viste tu, a passar diante ti? Sem que te desses conta que tudo um dia iria ruir, desmorenar, enfim... Sair desse lugar.
Podendo fugir ou quem sabe até afastar-se deste instante, em que confiante, depositavas o teu descanso fechando os olhos ao mundo.

Quantas noites acordado te sentiste um vagabundo por não reconhecer um erro?
Refugiando - te depois teimoso nessa tua outra dimensão, nesse teu alter ego, com que te anulas-te ao permanecer firme e prepotente, valorizando fugazes histórias recentes,
ignorando o teu sentimento, desprezando a razão, lá de dentro. Lá do fundo.

(...)

PS
Por acabar...ou quem sabe talvez não

domingo, 13 de agosto de 2017

SILÊNCIO DAS MADRUGADAS



Toda a magia nasce e cresce nos silêncios,
até que,
iquietos pensamentos a tentem moldar
e repercutir  nas palavras.

Foi assim,
 em todas as jornadas da nossa ida...

Quantas fabulas não foram mais que histórias inventadas ao silêncio?
Esse espaço amplo e pereferico do momento
que não se quis personificar.

Quantos silêncios nas madrugadas ficaram por contar?
Ecriptados sob olhares e espasmos,
ou mesmo orgasmos...
Que romperam o silêncio para depois,
 serenos,
se moldarem arrefecidos nos corpos de peles já frias.

Quantas arritmias silenciosas irás ter tu que provar?
Antes de te declarares sem pejo nem pudor,
o que até então foi só tristeza e muita dor.
Um receio enorme de confessar o silêncio que te amarrotou sem que,
te insufla-se a fundo o peito...
De um  ar que te carecia tanto.

Foi assim em todas as jornadas da nossa ida
Será seguramente também assim,
 todos os dias,
para sempre...
Até entregarmos o silêncio
deliberadamente
de mão beijada.
Eu tu e os silêncios por detrás das palavras


Daqui...
Ainda te observo em silêncio.

sábado, 12 de agosto de 2017

MULHER

Que formas são essas as tuas mulher ?
Que por onde passas deformas tudo.
Que atributos são esses os teus mulher ?
Que nos equivocam o pensamento e nos afogam a compreensão...

Que traço é esse o teu mulher ?
Que no teu porte fazes sonhar o mundo.
Que curvas são essas as tuas mulher?
Que nos dão tanto prazer, mesmo que tocada na quimera de um sonho.

Que elegância  é essa a tua mulher?
Benditos sejam aqueles que  te conceberam a equanimidade no teu porte.
Que beleza é essa a tua mulher ?
Que te harmoniza o norte e te aponta a sorte quando a arte faz parte do caudal da tua atitude.

Já te sentiste realmente mulher?
Já sentiste o poder de ser, imensamente feminina?
Se sim, então sorri...
E não percas esse encanto, esse teu jeito doce de ser menina. Que sonha, que brinca e que se enternece com os pormenores,  a cada sílaba...
Sempre que alguém se precepita instantaneamente, adivinhando o teu momento ao abrir - te uma porta

P.S.
Todos os adjectivos por mais que repetidos para elogiar uma mulher serão sempre poucos e tremendamente justificáveis




terça-feira, 8 de agosto de 2017

DIALECTO DO MOVIMENTO

Quando o olhar é perdido
Há tanta coisa que faz sentido, mesmo que a um palmo da cara a errância te diga que não...

Um beijo roubado a um desconhecido, por exemplo, de certo sem se saber se é totalmente conrespondido, pode até não ser o tão sonhado e querido beijo, mas agora já não vale a pena conjecturar, o que interessa no momento é o desejo, é a excitação.
Um acordar sem se importar com o dia de amanhã, sem dosear a comida e muito menos a bebida pois em torno da satisfação o que interessa é a ousadia, esse estado de folia e dormência, que abastece sem te penitenciares em torno da aparência, ou, de uma razão que te reprima.
Uma ida ao fundo do poço, de uma mina, ao escuro do devaneio. Com a coragem guerreira e resiliente de um Mineiro, que parte pedra da pedra, até da rocha brilhar a cinza.
Uma fome de comer o prazer à desgarrada, de lambuzar o mais recondido dos poros da carne, sem evitar o impulso de uma boa lambada. Que sabe tão bem desferir e tatuar essa dor, quando a marca de uma mão consegue profanar o ardor, do murmurio até à última sílaba.

Quando te perdes no olhar, o mais fácil de certo é deixares-te levar, contudo o difícil será entender e admitir, o que seria de ti, se não te deixasses envolver por essa linguagem tão doce e cristalina.

Se a verdade dos teu movimentos de tão sincronizados já não te oferecem qualquer tipo de dúvidas, quando te perdes no olhar o importante também é acreditar "nesse mesmo movimento" sem derrapar num pessimismo do pensamento, que possa nubelar e te entropecer o dialecto da acção.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

PLANETA DOS MACACOS



Andar de cabeça levantada pode não ser o futuro,
pode nem nos levar ao destino,
enquanto a evolução da espécie tiver a postura primáta de um homem, 
e não a de um menino 
que procura em cada estímulo, 
o equanime sentido a dar à  direcção

O que faz de nós homens melhores é reconhecermos que ainda há espaço para ser um pouco mais alguém...
Mesmo que ninguém se junte à causa e te ouvacione no caminho,
ao longo dessa estrada.


terça-feira, 1 de agosto de 2017

REFÉM DAS PALAVRAS

Sou refém das palavras.
Das formas não verbais inertes, inenarráveis, espalhadas ao longo deste meu intelecto, abandonadas...
Com esperança de se conjugarem no seu devido tempo.

Refém de palavras eu sou.
Das frases arremessadas ao acaso, das ideias costuradas ao redor de mil parágrafos.
Dos textos lidos, relidos e alguns deles até ouvidos e invejados, habilmente escritos na prosa do dialecto, de alguém que as invocou. 

Enfim e a sós comigo eu aqui vos digo e admito mais uma vez refém das palavras. Sobretudo daquelas que omissas ficaram por falar. Palavras toscas, palavras azedas, palavras abafadas por se destapar, palavras que engasgadas expiraram a sua validade em algum momento em que se esperava muito mais da voz do que a ignorância atroz, que em mim, enfim, as calou.

Refém das palavras, admito, eu sou!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

AO SABOR DA PULSÃO

Se um dia nos perdermos por cobardia.
Toda a agonia será depositada na garganta.
Todo ar irá ganhar em nossos corpos, menos folgo.
Todos os gestos ao quererem-se equilibrar a tempo serão cada vez mais tropegos.
E todas as noites serão perigosas falésias, a ecoar em suas escarpas num mar revolto,  com pressa em se afirmar

Um amor para amar, não deve ter cura...
Nem o conselho dos outros
Nem tão pouco,
a rima silábica nos versos de alguém

Um amor que tortura é um gostar intermitente.
Um amor que mente é um gostar que mata.
Um amor primata é um gostar que apequena, que nos arrasta.
Um amor que arrebata é um gostar que come com as mãos, lambe os dedos e não usa garfo nem faca.
Um amor sem arte é um gostar sem obra nem dedicação.
Um amor profundo é um gostar em que as emoções se esticam, desde a ponta dos pés, e nos apontam o dedo indicador, adivinhando a direcção.
Um amor passageiro é um gostar saqueador de uma boa parcela do inteiro.
Um amor coragem é um gostar maxista sem margens para as delicadezas de um travo de mulher.
Um amor qualquer é um gostar de viver livre,  mas, preso na sociedade.
Um amor de verdade é um gostar inteligente que sente e vence todas as contrariedades.

Se amar não for um pouco mais que arriscar
E se um dia nos perdermos por cobardia
Então...
Que sejamos cobardes para sempre.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

"VOU" DE BORBOLETA

Bem sei que as borboletas são frágeis e que têm uma
vida bem curtinha.
Sei também que têm um espírito selvagem, que são gulosas e que têm uma curiosidade solta, do tamanho da minha.
Sei que voam por aqui e acolá por entre os aromas e fragrâncias que deus lhes dá, à procura do néctar das flores, enfeitiçando-se e enamorando-se por aquela, que singela, tem a particularidade de lhe conferir a esperança.
Contudo, quando se apaixonam pela planta não há quem lhes tire da garganta o sabor do mel, que um dia a fez acreditar...

Agora sim tenho - te no meu paladar.
Agora tenho a certeza que vou voar para sempre dentro de ti.
Vou ser para sempre a mais persistente, aquela que de entre tantas quis ficar a pousar aqui e ali, nas flores desse teu jardim.
Nunca te vais esquecer de mim, agora só tens que me levar para todo o lado, pois eu já moro dentro de ti.
Só tens que fazer uma coisa para tudo isto funcionar e eu continuar a borboletear nesta magia de ser tão feliz.
Tens que todos os dias caprixar e nunca te esqueceres de cuidar, tens de dar sempre muita atenção e porque não até falar com elas, tens que as regar, regar e voltar regar prometendo - me uma coisa...
Trata sempre e muito bem das flores do teu jardim.

Assinado
Borboleta

sábado, 15 de julho de 2017

ABRIGO

Nunca abrigues ninguém a um espaço
desabrigado,
onde de ti não és só teu...

Sabe que,
é sempre melhor descansar solto e só do que dormir acompanhado, 
a um corpo frio, triste e dezimado 
por um passado alado e surreal da esperança 

Já fizeste as pazes com o passado?
Se a resposta for afirmativa, abre-lhe a cama e deixa-o (a) abrigar-se a teu lado.
E se no apego das emoções o quarto de noite ficar salgado...
Sabe que haveram sempre nas manhãs motivos para se correr e querer chegar de volta do trabalho ainda mais depressa a casa.

Ir para a cama cedo pode ser o segredo da eterna juventude

sexta-feira, 7 de julho de 2017

MI PRETA

"Hoje o meu desejo é dar-te um abraço bem
apertado do tamanho do mundo"
Abriu - se um silêncio por entre os nossos olhares, e sem sorrir perguntas - me assim, depois de me ouvires, descontente, com este meu carinho carente que te suou a tão vagabundo
"Porque não, um beijo?"
Perguntaste-me tu, ao que eu respondi :
" Um beijo não, um beijo roubava-me a atenção... Hoje quero-te agarrar todinha sem te deixar escapar do raio da minha visão."
Os vértices da fina linha horizontal da tua bouca cresceram, afunilando minuciosamente duas covinhas ás expressões do teu rosto, mudando uma aura magicamente de quadrada para uma cada vez mais flexível.
"Se te desse um beijo os meus olhos iriam falhar, iriam se fechar, iriam ao escuro... Hoje, és toda minha, hoje vou ser a criança mais perversa e egoísta deste mundo, não te vou dar chance nenhuma, nem um segundo que seja, não te vou dar a mínima  possibilidade de fugir aos meus olhos...quero-te aqui em bruto, todinha, presa no meu olhar, para quando à tardinha a noite chegar tu possas para sempre cá estar reflectida, para realizares os meus sonhos. Assim posso ter a certeza que te encontro sempre no fundo de mim, nesse reflexo cristalino com que te espelhas omnipresente nas águas da minha fonte "
Sorriste convicta com a simbiose da explicação
E para rematar disse - te assim:
"Agora abraça-me com tudo, e deixa que o silêncio resvale por entre as artérias da nossa convicção"


domingo, 2 de julho de 2017

SONEGAÇÃO

Um amor não se acaba apenas se renova...
Combinaram sair da relação  devagarinho, não fosse o sentimento se aperceber e se amedrontar com o pensamento de ficar sozinho, ali ou em outro lugar.

Deram ao destino novos rumos, outros caminhos, novas oportunidades outros ensinos, capacidades de alcançar novos trilhos, moradas indecorosas de um corpo poder descansar

Refinaram realidades inoportunas
Desafiaram dimensões a solidificarem-se
Resgataram desejos a reerguerem - se a "amonstruarem-se" 
E cientes um do outro que o amor ainda hoje não se acabara, continuaram a sua saga, indiferentes, sabendo que um passado não se esgota nem se disfarça, por entre os dentes, quando carente é sempre e sempre o sabor daquele beijo que abastece as subtilezas de um palato amargurado

Um amor não se apaga apenas se renova
Pondo-te à prova nas 24 horas do dia

E sob esta melodia viveram conscientes que aquele que sonega aquilo que sente já mais encontrará no presente a sua morada, o seu caminho, bem como o destino a dar à sua direcção.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

DESERTIFICAÇÂO



Se amanhã eu nada for

e insistir em nada ser

Então será melhor presentear a oportunidade ao

espaço

A um todo o que virá

Pois tudo o que não é

Foi e sempre será

cobardia

Um estranho acto de  submissão

De acatar a apatia

Numa composição antagónica

que só a terra,

um dia,

 há de apagar...

Há de comer




quinta-feira, 15 de junho de 2017

FICÇÃO

Ao contrário do que possas julgar...
A nossa sanidade depende na verdade muito mais
da ficção do que a realidade da acção,
com que nos gestos te entregas à causa

As acções geram comportamentos, bem sei...
Contudo são sempre primeiro os pensamentos (ficções) que desencadeiam a dimensão das possibilidades

A racionalidade só nos dá de comer enquanto o pão for alimento
Para lá destes sustento existem desnutridas inumeras fontes do corpo,
dos pés à alma

O saber é vaidoso
A matemática não é assim tão prática
E a lógica é suicida...
Gulosa de curiosidade 


domingo, 21 de maio de 2017

ROTAS

Nós não somos fracos, nós somos urbanos.
Nós não somos exactos, nós somos os ângulos de uma esquina.
Nós não somos sustento, nós somos alimento da terra.
Nós  não somos morada, nós somos o alcatrão das estradas,
sem tecto nem sina...

Vamos desafiar-nos ou ficar parados a pensar se erramos na direcção, das rotas da nossa ida?

sábado, 29 de abril de 2017

TACTO

Ter ciúme é amor?
Será que o amor se abala por ciúmes?
Haverá substância no ar que valha para se ignorar as batidas do coração ?
Ou será o ciúme uma falta de liderança, de exatidão com contornos de fraqueza, para domar bravios e perversos pensamentos ?
Uma coisa é certa...
No ar acabam-se sempre por apurar aromas, emoções, receios, factos, ilações, azedumes, energias, pulsações...
Inconcludentes é certo, mas perceptíveis de os poder sintetizar.

Já diz o ditado "o maior cego é aquele que não quer ver"
Eu apenas acrescento...

O maior cego é aquele que não quer ler, por no tacto não querer confiar

segunda-feira, 17 de abril de 2017

FiM

Sozinho no mundo é como te sentes no segundo, em que tudo à tua volta é inerte à tua dor.
Sem colo e sem guarida, sem um olhar companheiro, sem o conforto, até, de uma despedida, sem a ternura de uma mãe, esse amor tão verdadeiro, sem ar só com a dor,  sem motivos nem álibi  para poder continuar, sem afecto sem cama nem tecto, sem a paz de um regaço para o corpo poder descansar, sem ar só com a dor, sem argumentos nem vigor para que os sentimentos agonizados por dentro, possam por si só, de si, por fora aflorar. 

Enquanto não tocas com os ossos no chão, és dono e senhor dessa tua sina, reagindo precipitadamente aos impulsos da suave e tão doce ilusão... essa neblida.
E vais atrás das emoções não medindo o timbre das pulsações nem dos apelos
Acordando sempre tão fácil de mais, preocupado apenas e só, com o emaranhado da ponta dos teus cabelos.
Não és grato de facto pela comida que diáriamente reveste o teu prato, adormecendo - te a fome.
És sem sombra de dúvidas um ser cada vez mais disforme
Um homem longe da equação matemática de ser verdadeira
Uma incógnita
Um número
Um ponto
Um X
Uma sombra atabalhoda e preplexa, sem matriz 

Uma espécie de gente vergada a cambalear por aí ...
Uma alma moribunda, penada, sem rumo e sem estrada, desfigurada das promessas não compridas em torno si.

Aprende a dizer adeus!
Para que um passado não te deixe atrelado a uma esperança luzidia.
Aprende a dizer adeus!
Só assim é que a melancolia não será dona e senhora desse teu espaço 
Aprende a dizer adeus!
Para que um final traga-te realmente o desembaraço e um pontinho concludente,  bem vincado, em cima e no meio de um f(i)m.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

AMOR ANIMAL

Amor de pai é como o amor de cão
Não há chão onde ele não prolifere...
Nem razão nem argumento nenhum para que o sentimento pontiagudo em forma de cauda, possa um dia por dentro embrutecer, esmorecer e cessar, "de dar, dar e dar"

quarta-feira, 29 de março de 2017

TEIMOSIA




As dúvidas não inflamam o homem,
o que o inflama são  as certezas da sua demência

segunda-feira, 27 de março de 2017

INQUESTIONÁVEL

Como não pensar em ti se a tua imagem está colada
na minha...
Como não pensar em ti se o teu cheiro continua entranhado na minha pele...
Como não pensar em ti se o sabor da minha boca tem o gosto dos teus beijos...
Como não pensar em ti se és sempre  tu o meu desejo na arte de me agasalhar...
Como não pensar em nós, sabes me dizer?

By F.C.

sexta-feira, 24 de março de 2017

TOPAS ?

Vamos fazer uma loucura?
De um lado e do outro ouviram-se as comportas das narinas a inalar fundo.
E sem que a resposta dela chega-se a tempo, a convicção assomou-se do peito e falou mais alto, sem demandas, rematando acertado...
Sabes quantificar a velocidade do nosso gostar?
Do outro lado da linha a respiração continuava a alimentar entusiasticamente um sorriso de orelha a orelha.
Por nós, és capaz de pôr "prego a fundo"?
Precipitou - se ele de novo a interrogar,  com base na linguagem não verbal, com que, ao seu ouvido apurado ia chegando.
Queres fazer um teste?
Desta vez o sim dela veio antes de um pensamento, e com tanto "i" conclusivo, que o fez por fim desvendar-lhe o suspense, na seguinte conclusão.
Daí até aqui há uma distância que nos separa, contudo temos sempre nas nossas mãos a velocidade de encurtarmo o mundo, sabias?
O que te proponho na realidade será corrermos até percebermos qual dos dois chega primeiro até nós, bastando para isso depois, perceber a distância percorrida, após, o choque do teu eu com o meu tudo.

O que se passou a seguir não sei bem descrever, mas dizem aqueles que os viram a sair dos seus respectivos carros, de um lado e do outro ao longo daquela ponte a correr, de que, nunca tinham visto uma prova de amor tão real, um acto distinto de todos os outros, sem igual, com um final tão acertado, apoteótico e a condizer.

P.S.
Numa prova de amor só há vencedores e quem diz o contrário é porque de facto nunca correu

terça-feira, 21 de março de 2017

VENTOS DE PAIXÃO

Quem enfrenta de mãos dadas um frio de Fevereiro
será sempre capaz de se abraçar o resto do ano inteiro, mesmo que ensopados, os dias sejam de chuva.

Abriu os olhos ao dia...
Sentindo o aroma do respirar que a seu lado, enrolado, ao seu corpo ainda dormia.
Sorriu, apertando o corpo ao dele, não fosse haver maneiras de um gesto os descolar.
E voltou a fechar os olhos só para sentir mais fundo a subita satisfação que misteriosamente aparece e desaparece sem deixar comichão ou  pista, sem lhe dar chances de num zás se esgueirar.

Há tanta poesia nas manhãs de um despertar enamorado, que os dias assumem muito mais harmonia, sempre que ao meu lado te insurges na hora do meu descanso.

Quem enfrenta de mãos dadas o frio de Fevereiro será sempre capaz de se abraçar o resto do ano inteiro, aqui ou em qualquer lugar.

sexta-feira, 10 de março de 2017

CUMPLICIDADE

Depois de habituar o paladar ao sabor de uma boca,
e acertares o teu ritmo às batidas de um coração.... O teu olhar nunca mais será o mesmo!
A tua voz terá um pouco mais da outra.
O teu descanso será um sonho, dentro de uma outra dimensão.
E o teu acordar será agora um bicho papão, sempre que ao teu lado não houver debruçada a sensação, daquele corpo tão apetecido aninhado ás tuas formas.

Entendes agora a razão daquele apetite atroz, nas manhãs em que a rouquidão da voz te pede sempre muito mais do que fruta, torradas e os aromas pela casa a café ?

domingo, 5 de março de 2017

TEORIA DO MOVIMENTO

Só o desequilíbrio nos causa movimento
O contrário é pura estagnação...

Como as águas de Março perdidas e arremeçadas no redondo de uma poça de uma estrada de alcatrão, que por tanto desejarem a perfeição sonham resignadas poderem vir um dia a beijar a corrente dos rios, e arrastadas, oferecerem-se ao mar no êxtase da espuma das suas ondas.

sexta-feira, 3 de março de 2017

GERINGONÇA

As maiores putas de sempre, ...desenganem-se... não foram aquelas acompanhantes de luxo
mais ousadas, mais pintadas ou as mais bonitas, nem foram as de olhos azuis e catitas que traziam o corpo bem esculpido e imensamente torneado, nem as que traziam uns labios a pingar de vermelho vivo de sabor a rebuçado que suavizaram o hálito seco e desidratado do gin e do tabaco de bocas de outras gentes
Acordem...
As putas mais putas não são assim.
As maiores putas também não foram aquelas que ostentavam sapatos de salto alto de olhar meigo que sabiam persuadir ou as que de sorriso fácil procuravam esturquir toda a réstia de tudo.
A puta mais puta do mundo também nunca foi assim
Chega-te aqui...
A puta mais puta do mundo sempre foi aquela que se deixou esturquir pela lábia, no segundo em que a avareza tomou posse e conta da tua conduta... Sim, foste tu minha puta!
Tu que sem carácter e de forma abrupta te deixaste vergar por uma lábia aromática, mas pouco astuta, deixando que te prostituissem até ao fundo, entregando-lhes o teu rabo, o teu tudo,  a um dedo encaracolado e curvo em forma de anzol.

Toda a estrutura que se deixa influenciar por uma ficção de conforto, ao sol, é uma puta imoral, sem razão para no final receber forma ou gratificação material  que o seja.

Se não foste assim mantém a calma, mantém tua conduta para que no futuro nunca sintas ao teu redor e ao teu encargo, um filho F.da P.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

REEWIND da MELODIA

Amar é habituar as entranhas a dizer, que sim...
É emocionar a alma a rasgar fronteiras para abrigar pulsações, que não são bem as tuas
É convencer - nos com predicados um sujeito a viver em ti
E inabalarmo-nos com uma suposição, se nos momentos de solidão a distância nos fere em nós

Como é que admites amar se o teu gostar é apenas uma flor, sem os tons alaranjados e o sabor do néctar dos frutos amadurecidos?

Amar é o cúmulo de gostar
E por ser tão uno e pleno
Ele é indivisível
É confiante, seguro e sereno que a sua emoção é uma conjugação exacta de factores
Sem receios nem temores
Por ser de uma casta tão sadia

Amar é uma melodia, sabias?
Se te habituas fica-te no ouvido
Ganha cor
Flui
Irradia
Enobrecendo um espaço desengrançado  de sabor

Agora dá um play
E curte o bom som

P.S.
Até sempre... Reewind

sábado, 18 de fevereiro de 2017

CRIATURAS




Todo o homem é um ser oprimido
por não se saber exprimir
o que lá do fundo até à ponta do ouvido
é exatidão,
que pulsa sem hesitar

A alma que cala
É fruto que apodrece no chão
É receio que ao minuto entardece
É instante do dia que se apaga
É chave que não dá com a sua morada
É paixão que não dà ao coração motivos de se ensanguentar

Abstratas e arremessadas contra as paredes
crescem como raios,
fendas...
Nesgas escuras
Abrigando em seu habitat húmido,
estranhas criaturas
Que perecem dia e noite sem dormir
Até o pensamento se lembrar de as mastiguar e digerir,
defecando-as
 Num muro de lamentações

(...)

Um grito foi encontrado à deriva na calçada
em tons violeta, tal era a quantidade  de horas que oxidado se soltara do peito
Trazia cravado na sua estrutura uma ligeira curvatura em "tons" de sorriso
Dizem os estudiosos passivos e convictos, da santa igreja, de que,
após um estado aflitivo, se sobrepõem sempre
Um estado de graça

Haja  fé para que a maré de um quotidiano nos semeie por outras paragens...
Longe do húmido das rachas,
das nesgas dos muros
desta cidade

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

SIMBIOSE DA ARTE

Nenhuma obra nasce artística
A parte intrínseca de qualquer distinção prende-se mais com o suor do que com um ADN de genialidade.
A verdade é sempre tão dubia, que só quem assim o crê consegue dar aos seus gestos possibilidades de rigor na consumação da arte.

O artista não nasce
O artista talha-se e faz-se...
Através das sua próprias impurezas, motivos impares de distinção

A arte não obedece a uma casta ou uma estirpe artística
A arte é a parte indomável e intimista, com que o artista se  define em seus gestos selvagens.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

CATARSE




O pensamento está para o Homem
como o destino está para o horizonte
Não o confrontes tão bruscamente
Pára
Respira fundo
E sente...
Permite-te avistar
Olha-o de frente
Para que as dúvidas não te escorram ao relantim, devagar
por entre uma extrutura, emaranhada, reciosa e tão divergente

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A NOITE

A noite é o covil das sombras que se querem gente
É a vontade de haver nos corpos
o repentino do toque
Num arrepio efervescente
Que provoque na carne faminta e carente
O selvagem a querer-se nu
A crer-se crente
A crer-se ser, já !

A noite é da fome que a gula dorme de dia
É da luxúria,
 e desse desejo enorme
de sodomizar a fundo a apatia
Que regram  as privações e as vontades... Cobardes !
Que  choram por dentro outras realidades
Num grito reprimido de um sempre apetecido
e comumente vandalizado

A noite cresce obscena, ao sabor de utopias
Intensidades rítmicas propagam-se no eco
em sonorizando histerias
Grunhidas a quente
De corpos que se ardem dormentes
Que se escorrem em látexs molhados, por pingos de suor salgados
Em carências sem fim

A noite é o covil das sombras que se querem gente
É o escuro das formas a empurrar os gestos lânguidos...
Indecentes
Em busca de em seus passos poder alcançar
É o profanar a realidade incompreendida, ao extremo
E pisar sem se importar o arame farpado vermelho vivo e pleno
Do electrizante e tórrido vivo da chama

A noite é o covil das sombras que se querem quentes!

domingo, 5 de fevereiro de 2017

DIÁRIO

" A vida não é mais do que uma capacidade
intrínseca de procurar e arranjar soluções.
O viver que se distância desta matriz, definha em si mesmo."

Escrito e reescrito vezes sem conta, tal era a grossura da letra e o tom acentuado da cor, este era o registo que constava no início de um diário que diariamente se compunha, e que à mão, à muito se precipitara do seu começo.
Ela, uma mulher madura mas ainda donzela, procurou tentou e tentou, mas nunca encontrou abrigo nos braços de outro alguém, capaz de lhe soletrar ao ouvido tão bem, aquele timbre sempre apetecido que nunca houvera esquecido e que lhe causava tanto ardor.
Resignada existia só por existir, desequilibrada, resistindo à dor por não arranjar solução, elixir, para os problemas do coração justamente por saber diante mão, do paradeiro da emoção, da sua morada, bem como do seu respectivo código postal.
"Tudo é tão pouco se o tudo não tiver um pouco de ti"
Finalizou assim, naquele final de tarde, "gatafunhando" escrevendo e reescrevendo, registando no seu diário, como o fazia diáriamente, a frase que o imaginário à muito lhe soletrava e a consumia.
À mais de uma década que vivia a boiar nesta apatia, sem de fato se importar de nadar e irromper essa frente fria, que dizimam os corpos que deslizam sem pisar terra firme.
"Quem se apura com o tempo a tempo se há de afastar"
Bem vincado e várias vezes escrito e reescrito...
Neste estado lunar, os médicos dizem aos seus familiares que hoje, agora, já não sabem o que fazer. Neste estado "ela não pode andar por aí sozinha".
De facto já não se lembrava dos nomes de ninguém, quem é quem, se a chave era a da sua porta ou da porta da vizinha, se a sopa que tinha comido ao almoço era de feijão ou se comera uma canja de galinha, se trancara a porta do portão antes de subir para a casa ou se havia descalçado antes de ter entrado na cama na hora de dormir.
A sonhar passava os seus dias cada vez com menos lucidez, tal é o saque que provoca a embriaguez na memória, nos seus mais diversos quadrantes, de um passado de história.
Hoje tal como dantes não se esqueceu de escrever no seu diário, palavras menos léxicas, mais turvas, palavras cada vez mais confusas daquelas que não vêm no dicionário.
E adormeceu até ao fim, em volta do seu imaginário sem se recordar do cenário nem das ficções em que damos aos dias parte dos sonhos.

(...)

"Se voltasse a trás faria tudo igual, pois só assim me é possivel viver coberta de ti para todo o sempre"

Escrito na 1°pessoa do singular, este era o excerto da 1° página de um livro que fora editado sem fins lucrativos, e que por ser tão verídico se tornara viral,  sendo que à mais de uma década se mantinha no top de vendas em Portugal  e mesmo além fronteiras


sábado, 4 de fevereiro de 2017

VIAGEM



Amar é uma viagem onde toda a bagagem não é importante
 se não
 cada instante da tua ida

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CÚMULO DO RIDÍCULO




O ridículo é a arte em que um qualquer conflito nos expõe...
Ser ridículo é tão fácil, tão prático, tão moderno, é barato, tão simples e é mesmo tão ridículo.
Vesti-lo e agasalharmo-nos dele está ao alcance de todos nós. Através de uma discussão, de uma quezília, de uma desinteligencia, de uma falta imensa de sentido de concretização
Para que se entenda com rigor o ridículo basta dar
 como exemplo... e há tanto de ridículo em tudo o que nos rodeia... uma discussão por sms.
Hoje em dia discute - se até por mensagens sublimando o cúmulo da ridicularização.
Discutir por sms está mesmo no top da estupidificação.
Uma mão que grita, que recorre desadequadamente à escrita, ao palavrão, que escreve de forma simplificada mas convicta que umas reticências no final de cada frase é a forma mais correcta e mais bonita para se chegar a uma brilhante conclusão.
Uma mão que escreve e se agita se do outro lado a resposta vier na contra mão.
Uma mão que decide
Uma mão que ilude
Uma mão que verbaliza incapacidade, por falta de atitude
Ésta sempre na palma das mãos, a opção pelo ridículo
Ahhhh...
Que falta me fazem os gritos!
Os gestos imprecisos da fala
O agudo distorcido da voz
O vocabulário embrutecido no tom
O olhar emotivo da alma
A calma distorcida da ponderação

Olhei para o telefone e carreguei na tecla "on" por 2 segundos.
Afinal de contas há momentos em que me desligo, e sem ignorar ao ponto de me tornar ridículo,
hoje apetece-me estar mais comigo
Hoje vou estar "off".

domingo, 29 de janeiro de 2017

JOGO DAS EMOÇÕES

"Sabes o quanto te amo!
...Tanto."

Ele olhou para as palavras, descordenadas dos seus sinais de pontuação, e de imediato, elaborou a resposta com a seguinte pergunta:

"Sabes-me quantificar o quanto?"

Os sorrisos rasgaram-se...
Com a resposta a ser escrita num ápice cheia de vontade para não largar esta sintonia, tal era a melodia da efervescência do fundeou do jantar e a graduação do vinho que no paladar já se fazia sentir 
 "Tanto !!"
Rubricou ela nesse instante num papel rectangular, para dar ritmo e veículo à mensagem neste jogo das emoções.

"O tanto nunca foi quanto para quantificar ;-)"

Entregando-lhe o papel de seguida elaborando um smile de um piscar de olhos, insitando-a assim a ir ao fundo para completar o diálogo

"Sabes quantificar o meu tanto?"
Respondeu ela por fim
Ele bebeu o copo de tinto e para finalizar repondeu-lhe assim:
" Só sei quantificar a sonhar, pois é assim que me deixas a levitar, sempre e sempre, quando te alcanço"

A lingerie, de lá até aqui, ficou espalhada pelo chão, um rolex e um iphone foram atirados ao acaso para cima da cómoda, a cama redonda fora arredondada ao extremo e no tecto agora reflectidos e alcançados num espelho, projectava o sereno dos corpos abraçados por inteiro, adornando a decoração de um quarto em tons de vermelho, algures na periferia da cidade. Onde já alta e tarde a madrugada se vestia, com o dia daquela manhã já a espreitar, para ser igual mas tão diferente na vida de tanta gente que nunca ousa escrever o que sente, num simples guardanapo de papel, com tanta certeza nem com tantos pontos de exclamação.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

BENEVOLENTE


O prazer não precisa de se auto proclamar
Precisa apenas de existir, existir a sorrir
Até abraçar
Até se assumir
Para criar noutro lugar, um espaço
Um sorriso que não é o seu

Entendes agora as vezes que eu fico acordado até mais tarde, ao teu lado, a contar - te histórias, até adormeceres?

Dar é a melhor forma de sentir
E sorrir é a melhor forma de semear prazer

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

EXTRACTO DA DOR

Há dores que incomodam sem doer
Há vidas que se arrastam sem viver
E há um azul do céu que nos faz crer que há tempos para lá das suas constelações 

A realidade é uma dor que não dói mas que corroi a imaginação
Por isso a poesia é tão palpitante
Com uma direcção tão plena e inebriante, de possibilitar abrigo ao apetecido dos gestos

Se o mar hoje, não beijar a terra e se o céu  lá em cima não for o tecto do dia para nos abrigar o que será do amanhã quando a nortada da dor, em seus ventos nos castigarem ?

ORAÇÃO DIVINA



Osa-me nos sonhos
e treina com afinco
Há tanto contentamento guardado naquilo que sinto
Que todo o prazer
é dificil de alcançar

Apareceste-me assim a rasgar o  sonho
Oração divina
Como uma sina que se espera desde sempre
E nesse instante de repente
Deste-me a provar os dedos ainda salgados
dos segredos molhados recolhidos do néctar do teu ventre
Voltando a chupar de seguida o anelar e o indicador
Sorrindo...
 Proferindo de novo ao meu ouvido a mais bela e linda oração

Osa-me nos sonhos
e treina com afinco
Há tanto contentamento guardado naquilo que sinto
Que todo o prazer
é difícil de alcançar

O ar do quarto de imediato
humedeceu
A carne ruborizou
Ferveu
Todos os poros do meu corpo naquele instante
Foram teus
Toda a emoção disperta na oração
Foi a ti veneranda
Como mais nada até aqui fosse importante
E assim militante da tua sedução, viajamos...

E dos beijos aos arranhões
Das posições sutricas às provocações
 provámos ás articulações
Que as impossibilidades são meras metas para se superarem
Arriscamos!
Valorizamos tanto os contornos do desejo
Que a possibilidade de abrir os olhos foi posta de lado
Cerrando as pálpebras a esse desfecho
Mergulhando a fundo
Fomos a jogo!
Entramos nesse fogo a arder em suor
Montamos os corpos até lhe amansarmos o impeto
O ardor
Galopando dimensões com tanto rigor
Que fomos donos e senhores
das rídulas de uma só sina

(...)

Ofegante acordei
vindo à tona
a trautear a oração
Desejoso que um despertar me apontasse o destino
O caminho dos meus passos na escuridão
Onde distante é o limite no emaranhado dos sonhos
E plena é a razão nas manhãs de um despertar

"Os receios e os medos sempre foram os segredos de tocar no que procuras"
Cuspiu-me esta frase o pensamento 
E sem direcção debrucei-me da cama para o chão 
E de joelhos invoquei o verso da oração que comigo ficara decorado do sonho


"Osa-me nos sonhos
e treina com afinco
Há tanto contentamento guardado naquilo que sinto
Que todo o prazer
é dificil de alcançar"


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ARREPIO

Aparvalha-me os instantes

E entrega-te a mim da maneira mais analbeta possível 
Onde as palavras não sejam mais que gatafunhos
E os desenhos a lápis de cera, do sol, da casa e do arco íris sejam puras carícias, no toque inocente das tuas mãos, agora cheias de malícia...





domingo, 15 de janeiro de 2017

POST-IT

2017 chegou...
E com ele a quadra Natalícia ficou para trás, as
vestes do ser altruísta ficaram espalhadas pelo chão, os desejos e as metas não cumpridas acabaram mesmo por ser cumpridas, tão cumpridas que virão, virão inepterruptamente em mais um, e um, e outro, e mais um, e outro ano. E como se não bastasse o número de passas já comidas num passado, para invocar os desejos, no imediato presente, acabará mesmo por realizar-se a sempre e mesma tradição.
A quadra Natalícia a ficar para trás, as vestes do ser altruista a ficarem espalhadas pelo chão e os desejos e as metas não cumpridas a  acabarem mesmo por ser tão cumpridas que virão, virão sempre, ano após ano, para que em cada novo ano não restem dúvidas, que tudo e mais tudo acabará um dia por vir a ser repetido...um pouco mais do mesmo... ainda que o pensamento nos diga por dentro o contrário e a ignorância do lobo solitário, creia que não.

Resolvi este ano quebrar a tradição, e num post-it rubriquei os objectivos a atingir, colando o lembrete bem de frente ao quotidiano do foco da minha atenção. Para que na porta do frigorífico consta-se de Janeiro a Dezembro a direcção, o rumo a dar e o transporte a apanhar, seja ele por terra, por mar ou pelo ar o importante será sempre chegar a tentar. Mesmo que para isso, apenas tivesse tentado, tentado em não cair na tentação de me esquecer de brincar, e representar no espaço, todas as formas que há em mim

Desejar é o inicio é o meio e é o fim

sábado, 7 de janeiro de 2017

GEOMETRIAS DISTINTAS



O coração e a razão só não se combinam na perfeição, porque não rimam...
Pois até para rimar é preciso haver harmonia nas suas formas.


Se não tens fé, não te percas por divagações
Pois até para sonhar é preciso saber levar a emoção

...

Agora abraça-me

empresta-me a tua mão

e dá-me a provar o descanso

para lá desta dimensão 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

PAIXÃO ARDENTE

Vives dentro de mim,
como um sol que aquece o dia,
e nunca se esquece  de contemplar um despertar
com os seus raios de luz.
Agasalhas-me sabias?
És a paz que seduz o meu viver
És razão
És a alegria
És o meu sabor
És a essência de mulher que todo o homem sonha e queria,
e que só os predestinados como eu... que no alto da minha ignorância se sentem únicos e especiais...
são contemplados na lotaria,
quando a aposta é uma ridícula ninharia para te ganhar,
e para te ter
Já te disse que me agasalhavas?
Já te disse que acalmas a sinuosidade do monte escarpado da minha atrofia?
Já te disse o quanto eu te queria, nos momentos em que sou incapaz de te dizer, o quanto eu te quero?
Amo-te sabias?
Vives dentro de mim como um sol...
Esta, acho que já te tinha dito,
mas como não sei outra forma de te amar,
eu repito,
sem reflectir,
eu digo-te, o quanto eu te amo.
Mesmo não sendo original,
eu envolvo-me com as palavras, para que elas sim,
sejam elas e só elas a prova cabal, do quanto eu sempre te quis, e do quanto incapaz fui criança e aprendiz, para te dizer e quantificar, o quanto...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

QUANDO O AMOR ACONTECE

Quando o amor acontece, o teu projecto de ti
desvanece, e tudo o que era tão certo antigamente, fica lá atrás guardado como uma semente que não se esquece, de buscar apenas o necessário e o sustentável para grelar.

Amado ou apenas contemplado de esperança, o amor crava-se na carne e no alado espiral da bonança. Dando aos afortunados semblantes risonhos e cria ignorância aqueles que tristonhos tem a ânsia de ver realizados projetos sem tectos para que os sonhos por fora possam fluir.

Há aqueles predestinados que têm a sorte por se conjugarem de caras desde o inicio
Há deles eclécticos que facilmente se mutuam noutros beijos
E há os insatisfeitos, que não correspondidos deliram de anceio, de ver realizados na garganta os seus devaneios, de saciar uma sede que pulsa descontroladamente.

Quando o amor acontece há um impulso que obedece à oração, há uma chama que queima se não lhe dermos a devida atenção, há uma frequência a potenciar o pólen na essência dos beijos, e há um caminho a desfolhar-se em espiral ... a trilhar... de encontro ao desejo, onde homens e mulheres de mãos dadas são crianças encantadas, a brincar ao viver

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

SEDUÇÃO



A maior traição do homem é construir grandes  monumentos sem haver verdadeiramente intentos de os habitar

Seduzir  é a pior forma de trair...
Se não houver intenção depois de abrigar


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O QUE ÉS TU AFINAL

Tu não és tu...
Tu não és o cru do teu interior
Tu não és um sr. ou uma espécie particular de doutor, que é exímio das pertuberancias de ti
Tu não és assim...

Tu não és tu
Tu não és aquilo que pensas
Tu não és, tão pouco, do pão ou do miolo com que te alimentas
Tu não és o ADN ou uma semente que vira folha perene, que por ti rebenta, e apodrece, o que amorteces no palato da tua bouca

Tu não és tu
Tu não és os sonhos que te assomam da dormência do sono 
Tu não és na métrica as convicções, as angústias, as frustrações...
Tu na realidade nem és o teu dono
Tu não és tu

Tu não és tu
Tu não és a ausência incredula que por ti tanto choras
Tu não és a tolerância da espera, que dizem "os entendidos", que fica bem ou que te abona
Tu não és aquele convicto, de que, o que não tens seria o antídoto, para chegar à parte de um todo
Tu não és assim!

Mas que raio tu és afinal?
Creio que nem és a moral, na sua mais fina flor, nem tão pouco o ético seja ela a razão qual for.
Mas na certeza porém és alguém, imensamente incompreendido, uma espécie de ser entre um todo absluto e o insignificante relativo, com mais tempo real do que um verbo no presente do indicativo, seja nele quais forem as suas conjugações

Não te procures tanto, deixa as coisas acontecerem 
Só assim serás um pouco mais de ti, que um fim...
Um corpo transcendental