segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

IMPONDERÁVEIS

O ideal
O imaculado
O perfeito
A mais estupenda utopia
O amor
A paixão
O desejo
Uma descomunal sinfonia

A angústia
A dor
A desilusão
Uma lágrima sentida
O rancor
O receio
A frustração
O lado escuro de uma vida

São as escolhas
As estradas
Os caminhos
São as portas entre-abertas
São opções
São as duvidas
As interrogações
São as mentes divergentes dispersas

São as forças que se erguem da fraqueza
São debilidades que distinguem um horizonte
É o homem e a complexidade da sua natureza
São peremptórias verdades que sempre no sempre se escondem

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

PROCURA




Quando uma procura não se achar...
É porque um dos lados não se aprimorou

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

CANDURA



Os melhores caracóis 
são aqueles que se escondem por debaixo das pedras
Não por assim o serem
Mas por não "se acharem"

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ALGURES NOS SONHOS




Será que somos corpos que esperam da vida um sonho ?
Ou serão os sonhos que esperam por nós num corpo de alguém ?
O que seria do homem sem os sonhos ?
O que seriam dos sonhos
se a mulher não fosse um dia virgem ?

Se for para ir...
Então vamos !
Sem tempo que meça um receio na barriga
Que o fundo seja tão bom
como o toque da utopia
Que as distâncias sejam melódicas
no eco de um sorriso
E que em cada regresso
seja só preciso
acordar, com alma

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

FLAMEJADOS

Olhou-a nos olhos, respirou fundo e disse-lhe:
" amo-te" !!!
Sem mais delongas... Sem adjectivos nem parcimónias de uma qualquer compensação que sustenta com ênfase a palavra
Ela olhou para ele, sorriu e respondeu:
"Sempre fui tua"
Numa frase inteira que lhe roubou o fôlgo, e lhe depositou o coração na garganta. Num escorregadio sincero de dar ás fraquezas salpicos de nobreza, ao se declararem na sua debilidade


Voltaram a respirar fundo e atravessaram a estrada, sem nada prever que se mutilavam, sem nunca olharem um para o outro... Focados apenas nos movimentos adestrados, para não se denunciarem
E pisaram o alcatrão da passagem de peões, sabendo que se fintavam. Cruzaram-se lado a lado, seguindo cada um o seu caminho, seguindo cada qual o seu rumo (sem destino), seguindo apenas para lá, não fosse haver por cá indícios de se revelarem...
Ele dirigiu-se para o carro, e no seu passo apressado, fez um esforço enorme para não olhar para trás
Ela seguiu a voluptuosidade do seu andar, sentindo um desejo enorme de o abraçar, e de gritar ao mundo aquele segundo de tamanha arritmia

De um lado e do outro, em casas distintas nos cantos daquela cidade, nenhum deles sabia que todos os dias se beijavam .
Não calculavam que depois de tantos anos, ainda se amavam, não imaginavam que se roubavam às horas frenéticamente.
Conectando-se um ao outro, de segunda a domingo de manhã até o sol pôr. Não havendo dia que a telepatia não fizesse companhia em golfadas de suspiros
Ele era constante todos os dias. Um errante incessante com ela no seu pensamento
Ela recordava-se dele a cada momento, em que a divagação lhe arrebatava o espaço, no descompasso de uma subtracção que sem ser adição, somava tanta unidade nas formas como sentia um quente alento a morder-lhe  por dentro
E foram poetas nos sonhos...
Sonharam composições sublimes que não constaram nos livros. Iludiram os sonhos e os sentidos ao extremo, nas histórias que choraram. Saudaram recordações de jovens que foram irreverentes no beijo a cada esquina. Preservaram na memória uma glória de melodias intermitentes

A vida ao longe era vivida tão distante, que os anos só chegaram depois de envelhecerem
E sem saberem que se sonhavam, souberam que os sonhos não se realizavam ao ritmo das melodias que projectavam
Envelheceram sabendo que o sonho tinha um dia sido vivido intensamente, muito embora incompreendido no espaço entre dois corpos que se consumiram "na brasa"
Souberam a dada altura que a vida sempre engana os corpos sem chama, que não expõem cá fora o que por dentro lhes inflama
E sonharam até ao fim um sentimento guardado em segredo, que sem ser satisfeito foi um sonho perfeito nas formas como se alcançaram

O rancor não apaga o caminho dos sonhos mas desabriga a vida da sagacidade da sua cor

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AUDAZ

A vida não tem pena dos desgraçados

Mas deu asas aos pássaros
para poderem voar
E procurar
a sorte lá de cima

Para que a terra não os coma

Para que a morte com sorte os apanhe


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

NA FRAQUEZA DO ADN


Vives a onde ?
Vives no campo ou na cidade ?
Vives para que lados ?
A norte ou a sul ?
Ou será que apenas vives no centro de ti ?
E mesmo aí, não sabes onde te escondes
Vives em ti ou será que moras um pouco mais longe ?
Será que vives a onde moras
ou será que moras onde te choras, de frente para mim ?

A morada onde vives não é a casa onde te escondes
Nem a cidade que tu moras será a capital que te imploras...
Se é só na desculpa que te queres encontrar

Só sei da casa onde vivo
Do tecto que me abriga
e da cama que me acolhe
Depois, sei que me escondo
Onde vivo ?
Não sei !
Apenas sinto que sobrevivo
debaixo deste céu