sábado, 31 de dezembro de 2016

LEI DA FÍSICA

Na lei da física um elástico torna-se lasso depois de
muito esticar, correndo o risco de se partir e irremediavelmente quebrar.
E nós esticámos...
Puxamos, exigimos e violamos com tanta força o laço, "doutr'ora" engalanado, que rendilhamo-nos num nó.
Inflexíveis, diminuídos, sem dó, agastados, comidos e alucinados, num só. Achando que tentar para todo o lado que não aqui, seria a fuga para a salvação.
Embarcamos então nessa distância de fugir, sem esperança de voltar, com uma agonia enorme a entorpecer o gesto de olhar para trás.
Zás...
Ambos sentimos o elástico a ceder, a esticar, a fazer de tudo para não se partir, para não nos soltar, mas irremediavelmente, como um osso que se quebra numa queda onde nada fazia prever, soltamo-nos. Libertamo-nos da carência que havia em nós, uma dependencia atroz, que nos sufocava e que nos iludia que juntos eramos imortais.

Agora somos corpos que gravitam no espaço, incompreendidos na sua essência.
Até a ciência da física de novo nos agarrar




quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

ANGÚSTIA

A angústia só nos cabe na garganta
porque
pecadores são os nossos instintos
Por ignóbil ser a nossa causa
E por não haver ordem, quando baralhados e perdidos, são os dias imprecisos que nos amparam

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PULSO

Toda as emoções que se assomam do peito
despertam intermináveis nascentes de um leito, que não para de correr...

Não é pois, por isso, de estranhar à noite haverem tantos sonhos que não param de tocar-te, que não se cansam de correr, de segredar, de avisar-te, não param de viver. Pingam, pulsam, gritam, tentando a todo custo realizarem-se, não parando nunca nem para descansar, só para te provar que o teu lugar por mais que queiras esquecer vai sempre dar ao mesmo sitio onde em tempos foste mais que um singelo prazer, na boca de um beijo tão profundo

Se não souberes medir o fundo, também nunca saberás medir o pulso, nas vezes em que o coração te pedir para ficar

domingo, 25 de dezembro de 2016

DIMENSÃO DOS SONHOS

Descrever o horizonte de um final de tarde com um traço tão preciso, é necessário deixar-se envolver pela natureza das cores e por a nobreza que as palavras nos soletram ao ouvido, 
para que a simbiose da dimensão não se apague



... À pouco quis chegar ao rasgo prependicular do teu sorriso, e sem saber se de facto o moldei, pus - me a imaginar, e, sonhei, sonhei, sonhei...
Sonhei sair deste lugar e, sem me importar com a via ou meio de aí chegar, deixei-me ir,
como um balão que na mão de uma criança se solta no ar, para se perder livre de tocar, envolver e se apagar, no fofo branco das nuvens. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

NATAL

Quando a lua é tão cheia e redonda e toda a gente
corre pelos shopings, com pressa de nada, para fazer as compras de natal, a loucura só pode andar à solta.

Haja ao menos um pai Natal para nos ridicularizar nesta data tão festiva.
Haja ao menos crianças a sorrirem e a acreditarem mais nos sonhos
Haja sempre emoção para que as famílias não se dividam
Haja espírito para que a gratidão nunca acabe.
E haja mais sanidade para que a coragem não seja  angustiada e eternamente engolida

Quando o natal for a união  com o ritmo e a direcção acertada
O homem nunca mais se prederá nessa estrada
Até a terra prometida

sábado, 17 de dezembro de 2016

ALMA (DE)PENADA



A loucura é saber - te
Desejar sem procurar
E querer - te
Todos os dias
E todos os dias serem dias nenhuns
Se vazio de ti eu apenas sou...
Nada

Toda a alma penada é apedrejada pelo vazio do silêncio
Toda a ignorância é trazer na lembrança motivos de insatisfação
E toda a razão é dar ouvidos ao instinto do coração, quando a racionalidade, como se sabe, sempre foi pobre na arte de sonhar

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

COR


Não te percas da cor, 
projecta-te, 
para que o cinzento não seja o resumo das tuas cinzas

REALIDADE INCOMPREENDIDA

Hoje aprender é obra do acaso
Vai-se buscando conhecimento sem se estar muito atento e com um objectivo complemente desfocado.
A atenção essa é coisa do passado, é sabedoria ancestral de outros tempos, envolvida em papel de rebuçado.
É religião extremamente crente ao proposto e profanado, pelos manuais e conselhos que nos indicam o ABC da razão.
Aaaarrr...
Haja distracção para aprender de tudo
Haja voz para confundir o tempo
Haja conhecimento para entender esta falta de abordagem
Haja sentimento para que a ignorância não seja em dobro

Para aprender é preciso saber apagar
É preciso querer mais do que um impulso a implorar
É preciso ter a noção do que se está a passar, da realidade incompreendida
Para aprender é necessário arriscar
É de todo conveniente investir para num futuro, lá à frente, lucrar
É necessário ter as rédeas da curiosidade bem medidas
E se a tudo isto juntarmos uma boa dose de vida
Aprende, 
Aprende 
E aprende
Até ao fim
Até à hora da despedida


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

NO ALCATRÃO DE UMA ESTRADA

O amor não é uma tensão como a paixão
O amor é muito mais...

O amor é como uma flor que precisa da terra para se agarrar
O amor é partilha
É sede
É amizade
É verdade que alumia
É luz
É norte
É sorte que contagia
É emoção
É vento
É sentimento que não se apaga
O amor é isto é muito mais...
É uma saudade que propaga as cores que nos vão por dentro
É vontade
É suspiro
É brilho de criança, no escuro da menina do olho
É sonho
É grito
É um infinito que descrito rima aos 7 ventos
O amor é isto, mas pode ser sempre muito mais

Enquanto isto uma mensagem ressoa no habitáculo de um carro, como que a adivinhar um texto que ganhava espaço ao rectângulo de um celular

"Louca por ti"

Leu ele o sms, acabadinho de chegar, ao qual respondeu:

"Imagina..."

Deixando-a desnorteada, e em suspense, por breves segundos com o peso de adivinhar.
À poucos minutos atrás tinham-se, despidos e despedido, com toda a pompa e circunstância que a paixão pode almejar.
E sem se conter a curiosidade assomou-se então pelos dedos dela, e desenvergonhada deu a cara

"Diz"

Por fim ele respondeu assim:

"Escrevi isto, daí até aqui
No alcatrão de uma estrada...

O amor não é uma tensão como a paixão
O amor é muito mais
O amor é como uma flor que precisa da terra para se agarrar..."

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

SINTONIA

Um dia, um pouco de mim quis saber mais de ti, e
sem me aperceber investi a restante parte do meu ser, por desejar e por tanto te querer, tatuada na estrada da minha sina

Fomos passado e nunca passámos de menino e menina
Fomos a jogo e arriscamos em todos os momentos
Fomos iguais em todas as etapas da vida...
Sem argumentos
Dando guarida à nossa história sem a roubar pelos ventos e ilusões que nos podessem afastar

Não sei se foi sorte se não
Não sei se foi a cadência ou a frequência da pulsação
O que sei e na verdade só nós é que sabemos, é que para nos termos, tivemos que ser muito mais do que uma mera conexão

Agora tenho saudades tuas
Agora não vejo a hora de te poder abraçar
Agora é sempre tanto tempo que não vejo a hora deste tormento se render ao teu colo e a distancia podermos dissipar

sábado, 10 de dezembro de 2016

AO SABOR DE UM TEMPO

Se há mar

Se há gaivotas que esvoaçam no ar

Se há ventos que humedecem o crespo da terra

Então amar só pode ser liberdade 

Para que o travo da saudade seja sempre um pouco mais que poesia

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

MI KUIA

Reclamar é a melhor maneira de encetar um
começo, de te empurrar de fazer-te ir...
Reclamar à seria rompe fronteiras se te queres descobrir, destapar, evoluir, reenvindicar sem omitir a temperatura que te vai por dentro

Deu o braço a torcer sem se crer que era menos homem por isso
Quis aceitar aquela mulher sem lhe medir o escuro do corpo
Deu um passo em frente para se despir do pesso morto de um passado mal passado, que fora amorfo, e que se nunca tivera sido reclamado também nunca aconteceu.

"Perdoas-me amor?
Posso provar aos dias que os dias não provados também nunca aconteceram?"
Ela sorriu...
Sorriu com tanta força, que na rua, toda a gente viu que ela não percebeu.
Mas, isso agora é o que menos importa, pois o importante no amor é sempre a emoção e o sorriso que nao se esgota, na intermitente pulsação que ao não vergar também nunca morreu.

Beijaram-se na boca tão profundo que a boca foi pouca para ser apenas a toca da língua em contacto com o céu.
Puxou-lhe então com uma das suas mãos o véu dos seus cabelos, e naquela rouquidão segredou-lhe ao ouvido

"Para sempre teu!
Hoje sei tão bem o que é amar, e por definição deste gostar sei que ninguém tem na vida um amor igual ao meu"
Desceram mais uma vez as palpebras e foram ao fundo do fundo
ouvacionados por assobios e por palmas, e por uma música da moda que no rádio os ia "chamando de loucos"