domingo, 27 de dezembro de 2020

MUNDO DA ILUSÃO



Trago em mim clandestinas utopias, sonhos atropelados, paralíticos, mudos, abstratos, pensamentos turvos, tímidos, procrastinadamente calados à espera de serem resgatados por uma memória que não precisa de uma história propriamente rica, para um dia se permitir a serem revelados.

Conservo esta inválida esperança dentro da lembrança de anciar a manifestação do mais agudo dos gritos. Uma raiva prisioneira a bailar sem se importar com os desígnios do tempo.
Um acerto aflitivo a impulsionar a direção das extremidades de em cada momento, haver gestos capazes de dar arte à dor...

Talvez por rimar, ou talvez não, escondo-me no amor, num mundo da ilusão, como quem precisa de um amparo para se equilibrar no foco da razão para que a motivação não se lamurie em vão sob um qualquer obstáculo, 
e a religião desta minha fé me ilumine e nunca se apague.
Como uma fagulha,  inepterrupta, corajosa e atrevida que perpetua a sua luta de não se apagar num fogo de à décadas já extinto

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

MÃO NA MÃO


Exigimos demais ao amor!

Exigimos atenção, sorrisos, amizade, mão na mão, cumplicidade, compromisso, os mesmos sonhos...
Será que somos assim tão perfeitos para exigimos tanto?
Porque não exigir de menos da pessoa amada? Afinal é ela quem nos ilumina a cidade, dando sentido aos nossos passos na estrada, ajudando-nos a deixar para trás as agruras das ruas escuras, onde a angústia e a solidão brincavam até às tantas da noite à cabra cega.

As exigências fazem parte de nós, eu bem sei, mas calculo que aqueles que exigem de mais do amor é porque procastinam demais consigo mesmo. Culpando o seu companheiro por não ser o par perfeito na tentativa de ocultar a sua inoperância, ao não alcançar os seus próprios objectivos, espelhando no próximo a razão da sua insatisfação.
Contudo esquecem-se que é na imperfeição que mora a verdadeira satisfação de um viver, pois gente perfeita não traz histórias hilariantes para contar nem experiências de vida impactantes para a menina do olho inchar e a fazer crescer.

O amor é como o dia que nada exige, 
apenas nos chama para acordarmos sem pressa,
 e nele deixarmos fluir os gestos...
 Até nos envolvermos às sílabas de uma história 

Será mesmo amor o sentimento quando há exigências?

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

JOSÉ MANUEL SARAIVA




"Que estranho destino o meu 

que apenas me consente paixões ardentes 

e me faz esgotar em amores improváveis"

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

RELAÇÕES








Todas as relações de uma maneira geral transformam-nos 
é fácil de entender, 
tanto para o bem como para o mal.


Difícil é pois compreender, a ignorância de quem se entrega de mão beijada a outros corpos que não são inteiramente desejados, 
esperando depois alcançar, 
sem convicção, 
o sentido e a realização de um final feliz.

É claro que assim tudo fica mais difícil e nublado ao permitirmos o veneno do toque, 
por todo o lado,
a invadir-nos a rima do nosso fado,
cada vez mais desnutrido e
amargo,
ignorantemente condimentado.
Dificil de ser sugestivo para sermos o tal...
Para alguém nos querer
 levar um dia à boca

Se não há química não insistas na fisica

Não é qualquer especiaria que acrescenta ao alimento sabor
Por isso, não deixes depreciar o teu valor na maré dos impulsos
Nem te atordoes num rol de relações 
para que nunca te sintas na pele a sensação de ser uma qualquer hipótese...
Uma 2°escolha

Se não te ensina não tem sina
Pois até para aprender é preciso gostar


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

SEIVA





Se todas as metades soubessem da sua outra metade, 
ainda assim lhes faltaria a cola para aderir e lhes assegurar a plenitude da realização 
no seu todo.


Só o amor é capaz  de colar as formas 
e toda e qualquer imperfeição, 
na aderência de metades que se seduzem.


Por mais cicatrizes e arremedado que te equilibres num só pé, 
a imperfeição é sempre perfeita.
Quando equilibradas,
 todas as peças coladas se reverberam e se atraem. 


Na singularidade atroz da distância, 
tu e eu,
 sangramos seiva por todos os poros...

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

ZIG ZAG DA PULSAÇÃO





Quem de nós os dois se apressou para que o momento não fosse o correcto?

Talvez por vivermos apressados não tenhamos desfrutado das oportunidades a tempo,  
que nos escorriam inepterruptamente pelas mãos.

Será que fomos apenas meras singularidades, 
egoístas,
no turbilham das emoções? 

Onde estariamos neste exacto momento se um de nós pudesse emendar a rosa dos ventos,
 os pontos cardeais a um passado, 
que tarda em ir embora?


Se é compreensível que todos os dias ao acordar se desperte constantemente diferente, 
em uma outra pessoa. 
Porque razão não entender nem dar oportunidade e enredo a uma história passada para que as possibilidades de acerto possam ser consumadas, 
em vez de uma vida inteira angústiada e de perdição 

Basta um desejo para que o nosso beijo se apure e nos mistureo ao adn da essência.

Agora para que a história seja plena acolhe-me em teus braços, 
ainda temos uma vida inteira, 
para que de noite o nosso laço seja insano de tanta emoção.

Para acertar o tic tac da pulsação é preciso reaver
 grão a grão
a areia
da ampulheta do tempo.



quarta-feira, 9 de setembro de 2020

PROTEÍNA DO CRESCIMENTO



O que me leva a sair do lugar

em nada tem a ver com as decisões ou com o motor a gasóleo de um carro, 

se não,

 com a capacidade para sonhar 

e a toda a hora por em prática, 

a arte de me reiventar.

sábado, 22 de agosto de 2020

HIMALAIAS





Todos nós sabemos que as coisas mais simples desta vida são aquelas que nos dão mais prazer. 
E assim, sem nos darmos bem conta, buscamos a felicidade em toda a parte a toda a velocidade esquecendo em todos os momentos que esta mesma realidade é involuntaria e nos está gravada na memória.

A nossa história é por isso bem simples... 

É um misto da nossa ausência misturada com a consciência de em alguns momentos termos sido alguém de verdade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

INTEMPÉRIES



Forte não são aqueles que no inverno não tem uma constipação 
Forte é mesmo esse...
É aquele que no inverno se constipa mas que nunca desiste do verão.

Ser forte é uma questão de carácter
De compromisso
De bravura
Ser forte é não ter receio da chuva
Venha ela a vento ou de que tormento for

Vamos tomar banho de chuva e dançar sem nos importar com as poças, a terra molhada e o escorregadio do alcatrão ?

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

ESP(A)CIAL



"Sabes o que te torna especial?"
Olhei-a nos olhos e consegui apurar o vazio, a curiosidade, o arrepio, o ponto bem escarafunchado no final de um sinal de interrogação, bem arredondado, que lhe invadia o rosto.

"Se não sabes, como queres um dia ser especial para alguém? "
As pupilas dela cresceram à procura de subterfúgios para a evasão, que a pudessem fazer fugir dali, daquele beco escorregadio e sombrio, onde o seu olhar a pairar sob a janela em mim, à longos minutos se predera. 
Num cogitar profundo e realisticamente autêntico, ao vislumbrar uma dimensão algures, que não aquela.

"Já maguas-te alguém especial até o deixares aos poucos afastar-se, para hoje se tornar um ser quase que banal, um simples vulgar?"
Os seus olhos pestanejaram desviando-se dos meus, como se a vergonha me responde-se com um acertivo sim.

"Sabes o que é preciso ter para alguém ser especial para ti?"
A sua boca afunilou-se respondendo-me de imediato com um convicto, "O" grande, "não".
Olhei-a por breves segundos, que mais pareceram horas na dimensão daqueles momentos ímpares que por serem únicos se estendem para lá de um tic-tac normal dos ponteiros.
Respondendo de seguida:
'Eu também não sei, mas sei que seres esp(a)ciais não se encontram ao virar de uma esquina."

E parti...
Convicto que tinha chegado ao fim de um sonho, que tal e qual como uma grande história de amor, que não chega a bom porto, de um " E viveram felizes para sempre".
Acaba por ser esquecido e reciclado pelas sinapses da memória.

Andando em frente sem me virar para trás fui desaparecendo, sem antes lhe deixar no ar a resposta num último esvaio da imaginação.

"Se um dia o teu coração parar e tiveres a certeza que não viverás mais que uns breves instantes, será que irás ter tempo para te despedir e confessar todos os teus arrependimentos ou será que a morte em vida em ti já só te enferma, numa realidade tão sem ar, tão pequena, tão irreal, tão sem chama, sem sal, tão parca de existir."

"Sabes a resposta para todas estas perguntas ?"

Gritei eu para o ar pois a distância atrás de mim já era mais que muita para me fazer entender.
Ela gritava a chamar o meu nome, e eu daqui já mal a ouvia...
"É simples, muito simples até porque é sempre na simplicidade que moram as respostas para as grandes questões.
Um dia irás entender..."
Fiz um compasso de espera e gritei ainda mais alto, não fosse a distância me apagar ou eu desaparecer antes do tempo.

"O que te torna de facto especial é seres um dia esp(a)cial para alguém. "

Não sei se ela me ouviu ou não, contudo esta frase ganhou eco, sendo hoje audível em qualquer escuro do silêncio.
Onde seres atentos e  esp(a)ciais despem as suas vestes de banalidade para se tornarem reais.

Homens emocionais de outro quadrante
de outra espécie.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

DE PASSEIO A PASSEIO




Não há amor mais bonito de ver do que duas mãos enrugadas a tremer,
a atravessar uma estrada,
 de mãos dadas uma na outra, 
entrelaçadas, 
a cambalearem a custo pelo alcatrão da cidade sem se largarem, 
ajudando-se mutuamente até chegar à calçada, 
do outro lado de um passeio.

*Hoje enquanto conduzia por Lisboa,
compus este devaneio...
 Depois de parar o carro para dar passagem a um amor destes,
de passeio a passeio.
 De mãos dadas e enrugadas pela cumplicidade  sem prazo de validade,
pelo mesmo anseio.
Por uma vontade infinita.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

SALVAR (SE)





"Se alguma coisa tem verdadeiramente valor,
escreveu ..Mariolina Milharezi,
guarda-la é uma tarefa que vai para além das oscilações das emoções e dos humores. Porque guardar, é o contrário de dessipar. 
Aquilo a que reconheço valor, merece ser preservado mas também protegido e não descartado às primeiras dificuldades. O próprio acto de guardar, o tempo e a atenção que lhe são dedicados, contribuíram para aumentar o seu valor, tornando ainda mais precioso,
e digno de cuidado."*

Há que saber guardar
Há que saber guardar-se
Há que saber no fundo se salvar,
pois tudo o que prospera provém desta fórmula de equidade,
sobretudo
por 
nós mesmos



*Podcast RFM

sexta-feira, 17 de julho de 2020

MÓRBIDO





Vigiar o comportamento dos outros, sobretudo à distância, é uma forma de entendermos a importancia que os mesmos nos dão a nós.
Ainda que todos aqueles que na sombra avistam de longe, talvez não desconfiem que também eles possam estar a ser observados, de perto, à distância por alguém.

Esta análise impera desde à séculos na morbidade de um ser. Que prefere apequenar-se no submisso do seu viver procurando motivos e contrariedades.
 Detalhes que o façam partir rumo a outra história.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

VERDADE VIRGEM




Tudo o quanto uma fotografia é incapaz de contar...

As palavras essas, de nos aproximarem nas suas muitas suposições.

 A uma  realidade que possa entender a verdade, única, sublime, virgem e inacessível 

sexta-feira, 10 de julho de 2020

ESPLANADA DE SÁBADO




É desumanamente engraçado ficar numa esplanada de sábado ou num domingo, ou de um outro dia qualquer até, em que não chova nem faça vento... E dali daquele recanto abrigado da atenção, de tudo e de todos, menos da curiosidade mendiga dos pombos, ficar a contemplar as cores e as texturas da moda, que nos corpos aperaltados, ou não, dos demais se vão exibindo na passarela Epicuriana de um viver.
Tem dias que a urbe se conjuga numa harmonia e num pandam de tons a toda a prova que dá até para imaginar, que tal qual boletim meteorológico, houve um critério pensado e atempado para a escolha das peças a vestir. Tem outros dias que, e hoje é um desses dias, as pessoas acordam à pressa e "vestem-se de ananás", vestindo tudo o que lhes vem à mão, ou de qualquer forma, sem sentido nem encadeamento nenhum.

Atento, espectante e muito observador, a contemplar sem precrustar nem olhar de forma constrangedora e abusiva os transeuntes que se atrevem a pass(e)ar ao longo deste meu foco. Constato que, a mascara da cara e do corpo, as roupas dos pés à cabeça, adqueriram formas, corte, texturas, marcas e cores dificeis de explicar...
E como a ironia é a forma com que me debato daqui na escrita, mesmo sem ter o intuito de ridicularizar ninguém, tento ir ainda mais ao fundo no esmiuçar desta razão de estilos e formas de andar vestido sem sentido, ainda que parcialmente todos tenham os 5 sentidos intactos, creio eu, e que sintam "o mundo das sensações" também.
Já que falo em sentidos debrusso-me apenas num, no do gosto,.. No gosto que a saliva me induz na boca para ensaiar esta tese que em nada mais é  do que um fragmento incapaz de explicar, a mim e aos pombos, o que quer que seja.

Porque nos afastámos tanto do conforto que um corpo precisa na hora de escolher uma roupa para se vestir?
Será que esta analogia, este detalhe ou simplesmente desumana ironia não servirá também para explicar haver tanta incerteza e obscuridade na hora de se assumir escolher um amor para viver... Um amor que nos dê conforto na hora de o vestir?
Ou será que o conforto de um corpo nessas alturas é posto de lado, dando-se mais ênfase à derme, ao ego e a um triste fado, do que à epiderme da pele, que suporta as intempéries tempo e dos arrepios?

Em jeito de conclusão...
Se é confortável para a pele, um dia também o gosto  é bem capaz de se converter!

É desumanamente engraçado ficar numa esplanada de sábado ou num domingo, e porque não até de um outro dia qualquer, em que hajam sempre pombos curiosos mas também a timidez saltitante e gulosa dos pardais. Para que o escárnio daqui se faça sentir no eco e na audiência, por mais...
Na hora de comer as migalhas pelo chão, que em vão, são banalmente pisadas e ignoradas no vai e vem de um viver.


segunda-feira, 6 de julho de 2020

VÍCTOR HUGO




"A alma é o único passaro preso que carrega consigo a sua gaiola"

segunda-feira, 29 de junho de 2020

REBOBINAR




Por mais que o Alzheimer um dia nos castigue nunca te esqueças do verso da nossa canção.
Que em abono da verdade, em nada tem a ver com a rima da melodia  de um refrão qualquer, se não, com a empatia com que nossos olhos sempre se quiseram.

Por mais adormecida que uma vida se encontre há sempre no peito mais que uma singularidade de um coração a bater

Desejar também se treina, não te esqueças disso.
Pois foi assim por treinar de uma forma tão deliberada e intensa que arriscamos a pele na pele, que nos rendemos ao atear a saliva no suor, que selvagens nos concedemos ao prazer, sem esperar um do outro sequer, retornas de uma lógica qualquer.

Agora só nos resta sonhar e esperar, quem sabe o descanso nos traga em sonhos, por recordações que certamente se realizaram a dois...

A nossa finitude só é bela enquanto houver rewinds que nos façam dar um passo atrás para olharmos de novo, e seguir adiante, mais equilibrados em frente.

Agora sonha bonito...


segunda-feira, 15 de junho de 2020

SINAPSE OCULAR





Como se alimenta o olhar se o paladar é tão necessário e, está só ao alcance da boca?

Será que basta dar aos olhos mais animação, cores, formas, sabores, vinho, "sede", luxuria, tesão?
Será que é através das boas ações que motivamos o pirilampo maestro que há dentro de nós a iluminar toda a córnea ocular?
Será que um bejo basta para alimentar a chama?

Será que desentoxicar com meditação, jejum intermitente ou não, leitura, música, alimentação, sol, desporto, culinária... não bastará para, polir as sinapses sensoriais e de novo voltar a carborar?
Será que há um brilho que, tal como a pele que fica mais baça com o passar do tempo, também este possa se gastar um dia?
Será que a riqueza das fontes só podem correr inadvertidamente sem a acção directa do homem?

Será que voltar a aprender a brincar é a solução para resgatar a criança que há em nós?
Será que só brilham os olhos, que são mais amigos e parceiros da sua voz interior?
Será que o brilho do olhar é mais espectacular naqueles em que uma mãe é no sempre presente nunca deixando os seus filhos órfãos?
Será que são os sonhos que nutrem um olhar?

Será que te deixas roubar pelos outros, o teu brilho?
Será o amor em todas as vertentes do o seu fulgor, quem nos abastece?
Será que ver e calar, viver omisso , cobarde, fraco, destorcidamente humilde é a razão para o apagão do olhar que tanto nos ensurdece?

* "O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano tudo isto contribui para esta perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for suscetível de servir os nossos interesses"

* José Saramago 



sexta-feira, 5 de junho de 2020

APOCALISE




Ensurdessedoras angústias acordam muito antes de um despertar.
Lá fora nas ruas, ao relento, há cada vez mais uns quantos a dormir.
A tristeza, essa, já não se solidariza a um mero gesto simbólico de uma ajuda alimentar.
E para azar dos azares, um despertador toca à toa, confuso, sem motivar a plebe a se insurgir.
O trânsito caótico de carros, estancionados nos passeios, circunda as artérias pejadas de alcatrão
O tabaco é caro, mas se mata o vício, não há mesmo nada a fazer.
Nas televisões dissimuladas, passa mais um telejornal de desinformação.
E na prisão de cada casa há cada vez mais gente amontuada, fetida, húmida e mal encarada, sem saber enganar a fome a adormecer.

A palavra há muito desprezada, e mal empregue, reveste-se agora desimulada num troco de pão.
O homem cada vez mais crente em quase nada, mas sempre dono da sua razão, vai coçando na pele feridas até se formarem chagas, imaginando-se a transportar a cruz na sua jornada pelos caminhos  tortuosos da salvação.
Os tecnocrátas, exímios anarquistas da corrupção, vergam-se de joelhos, como fedelhos a fazerem birras, já sem arte nem engenho para extorquir o dízimo à  nação.

E no fundo de um beco sem saida, escuro, húmido e sombrio,  há mais um feto a vir ao mundo de estômago vazio, sem vontade de querer furar a vida. Nasceu literalmente a chorar e a gritar, como se à partida quise-se perecer logo ali. Isto por  ter nascido um sem abrigo, sem roupa e sem tecto. Um órfão mais órfão que um mendigo, carenciado de colo e de afecto. Uma vida à partida desprovida de nexo.
Uma história sem pulsação nem memória para haver um amanhã num futuro, capaz de se orgulhar.


quinta-feira, 28 de maio de 2020

PERIFERIA



Toda a magia nasce e cresce no silêncio,
até que...
Inquietos pensamentos a tentem reproduzir por palavras.

Foi assim em todas as jornadas da nossa ida.
Eu a acreditar no silêncio e a ter esperança,  
em cada partida.
 E tu,
a acreditar no brilho do olhar,
que nos ficou,
em cada alvorada.

Foi assim em todos os dias das nossas vidas
Eu, tu, e o silêncio que se instalou,
por detrás do deleite
de noites tão bem passadas.

Agora...
Agora, só nos restam as estradas
Os caminhos por um alcatrão tão preto, ingreme e sem morada.
A cidade de janeiro a janeiro sem código postal no horizonte,
cansada...
 Pelos destinos que se distânciam abruptamente,
de forma arrogante,
 sem se reenvindicarem.

sábado, 23 de maio de 2020

GRAVIDADE ZERO




A simplicidade é como uma pérola que brilha,
que cativa, desperta, e que contagia...
É um luxo.
Tal qual é a humildade que,
 a todos cabe e 
irradia em tão poucos.

Podes mastigar as vezes que for
Podes provar das iguarias mais ricas e apetecidas
Podes levar à boca todo o tipo de alimento
Só não podes exprimentar do sabor,
que por dentro,
 a acção de um gesto noutro corpo provoca.  

terça-feira, 19 de maio de 2020

PADRE FÁBIO de MELO




"É preciso educar o desejo para que tenhamos apreço pela profundidade
Pelas coisas nobres, pelos sentimentos elevados.
A frivolidade já tem representantes demais."

Padre Fábio de Melo

sábado, 16 de maio de 2020

BÚSSOLA






Se não te ensina não tem sina.

Porque até para aprender é preciso gostar.

Não te percas no caminho

Porque até para haver destino é preciso haver esperança.





terça-feira, 12 de maio de 2020

LIBIDO




Dá sentido ao calor para que real seja a tua sede

Se te inspira vai atrás...

domingo, 10 de maio de 2020

GOETHE




"O que um homem não entende, ele não possuí "

 Joahnn wolfgang von Goethe

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Centelha




A vida pode ser tão espectacular se não nos deixarmos arrefecer 
e influenciar,
num mar de indecisões

Já tiveste alguma vez a coragem de lutar contra o mundo para reenvidicar pelos segundos que abdicas-te, fechando os olhos a um grande amor?

Só depois de resolver esta primeira premissa, serás capaz de alcançar a "centelha",
a alpista,
 do pleno das emoções.

*"Gosto de pessoas loucas... Cheiram a vida"

Centelha - partícula que se desprende de um corpo em brasa; Fagulha ou Faísca ; Que brilha somente por um instante

*Autor desconhecido





quinta-feira, 30 de abril de 2020

TENTAÇÃO IX




Perco-me na tentação por não me importar de errar,
 em vão, 
ao me atrever arriscar, 
por terras do tão apetecido.

Há um risco indelével a separar dois actos.
O acto da tentação de um acto de uma boa ação. Isto porque, ambas se depresiam e desvalorizam quando saltam cá para fora sem guardar a chave, do que outrora, era um segredo.

Observo daqui tantos enredos em que me envolvi. As histórias que foram histórias e os momentos que não passaram de breves instantes.
Não há dúvidas de que,
nada voltará a ser como era dantes. Depois de um tempo de isolamento...

Nenhum sorriso será tão preciso ao se arredondar, num sentimento perpendicular, nos lábios de uma boca.
Nenhum beijo trará guardado no desejo o mesmo travo almiscarado de um já ivalidado passado, que passou.
Nenhum gesto será recordado com esperança, de ser resgatado. Quando no palco de um presente se amontuam, corpos sobrepostos, a um alegado prazer que a demência anulou.

Há uma espécie de ganância mundana, que nos instiga a desejar a tentação.
Há uma desleal emoção a pôr-nos constantemente à prova
Há vontades rebeldes a saltarem ininterruptamente à corda, dentro de nós. Como uma criança que não se cança de tentar, até alcançar em bicos de pé, o bolo mais colorido da vitrine.

Obreiro e realizador dos meus segredos vou-me arriscando,
perdendo-me de tentação em tentação,
eu vou ousando.
Transgredindo a métrica da sedução.
Sigo o meu norte,
sigo arriscando...
Atrevendo-me a violar as regras sem me importar de acertar com o rumo do destino
Que seja ele qual for o caminho, será sempre tão incerto.




quarta-feira, 29 de abril de 2020

AMOR DE CARNAVAL




Todo o amor que não abre mão de um passado é um amor subornado, 
por um presente que não vinga.

Mascarou-se
Pintou a cara
Desimulou-se
E no final chorou
Borrou o rosto
Desencantou-se...
Com o Carnaval que teimosamente vivia

segunda-feira, 27 de abril de 2020

MIGUEL TORGA



Aqui na minha frente a folha branca do papel, à espera;
dentro de mim esta angústia, à espera: e nada escrevo.
A vida não é para se escrever.
A vida
— esta intimidade profunda, este ser sem remédio, esta noite de pesadelo que nem se chega a saber ao certo porque foi assim —
é para se viver, não é para se fazer dela literatura.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

EMOÇÕES




Se o passado tivesse cor,

 tudo ao nosso redor

seria

realmente presente


Não vivas noutra dimensão...

Não te percas da cor

Vive o que sentes

quarta-feira, 15 de abril de 2020

CHARLES BUKOWSKI




"Fazer algo perigoso com estilo é o que eu chamo de arte"

"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que nos faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como se pode dizer que se ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece."

"O indivíduo bem equilibrado é insano"

"Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos."

"Humanidade/bondade, nunca existiu nada disso desde o início."

"Os verdadeiros valentes vencem a sua imaginação e fazem o que devem fazer."

"Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte."

"Há coisas piores do que estar só, mas costuma levar décadas até que o percebamos. E, frequentemente, quando o conseguimos, é demasiado tarde. E não há nada pior do que ser demasiado tarde."

"Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas, psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

"Que tempos difíceis eram aqueles: ter a vontade e a necessidade de viver, mas não a habilidade."

"A diferença entre uma democracia e uma ditadura consiste em que numa democracia se pode votar antes de obedecer às ordens."

"É preciso muito desespero, descontentamento e desilusão para escrever alguns bons poemas. Não é para todos nem escrevê-los ou mesmo lê-los."

"Dinheiro é como sexo - eu disse. - Parece muito mais importante quando a gente não tem..."

"se você não jogar, jamais irá vencer."

“Mulheres nasceram pra sofrer; não é de surpreender que peçam constantes declarações de amor.”

"Ela é louca, mas é mágica. Não há mentira no seu fogo."

"Como uma pessoa pode gostar de ser acordada diariamente pelo despertador às 6h30, pular da cama, se vestir rápido, comer depressa, cagar, mijar, escovar os dentes, pentear o cabelo, lutar contra um imenso engarrafamento para chegar a um lugar onde essencialmente se faz muito dinheiro para outra pessoa e ainda ter que agradecer por essa oportunidade"

segunda-feira, 13 de abril de 2020

A MATEMÁTICA DO DESAPEGO





Nunca em tempo algum se concebeu na escrita um pensamento, de uma mesma forma. Isto porque os sentimentos nunca pulsam duas vezes, num mesmo registo.

Há que aprender a soltar-se...
Há que aprender a matemática do desapego...
O deixar-se fluir, como uma folha de uma árvore, que sem saber muito bem para onde há de ir deixa-se cair ao acaso, de costas viradas para o mundo.
Há que aprender a desenvenselhar-se dos nós, dos embaraços, das hesitações, dos estorvos dos obstáculos... De nós, mesmos! A desatar as amarras do cais.
Há que aprender a deixar-se ir, para não se repetir nem se desgastar, desse para outro lugar. E sentir a liberdade de poder escolher ser livre.
Há que aprender a fechar os olhos ao escuro,  sem receios do imprevisível e inópinado futuro, que aí vem.
Há que aprender a sorrir, a rir a gargalhar mesmo que compulsivamente. Sem premeditar escolher o momento daquilo que se sente, para traduzir ao universo o pleno das emoções.

Em suma.. 
Há que aprender a nunca esperar pela vaga da vida. Como uma onda tão parecida quanto aquela que este instante aqui rebentou, sob a beira-mar desta praia, no seu ciclo natural das marés.
Acabando no branco da sua espuma por morrer.
Orfã de recordações.




sábado, 4 de abril de 2020

RECORDAÇÕES



Como tudo passa tão rápido, como tudo se transforma, sem nos apercebermos muito bem de que forma a forma nos vai (de)formando...
Lembro-me tão bem, de ti.
Era a camisa amarela do meu guarda roupa, ( guarda fatos, roupeiro, ou guarda vestidos...eu sei lá!) que eu mais gostava. Combinava tão bem com tudo, tão harmoniosamente bem que me assentava, tão bem que me sentia ao vestir a minha camisa amarela de manga curta. Combinava mesmo bem com tudo em mim. Desde os cabelos às farripas amarelas, passando pelo olhar sempre a sonhar de tons esverdeados e o sorriso envergonhado mas traquinas, o mais traquinas lá do bairro...
Como eu gostava de a vestir. Como eu sonhava que viesse o verão só para a sentir, no meu corpo, esses tons amarelados que me realçavam a satisfação por todo o lado, e mais ainda se os dias tivessem sido de praia. Como era fácil sentir-me bem, na ingenuidade de criança, por debaixo de uma peça tão peculiar de roupa.
Lembro-me que foi a minha eleita para ser vestida naquele que antigamente era um dos dias mais importantes, o dia das fotografias, para constar no passe da carris, no bilhete de identidade e no cartão de identificação da escola.
Nos dias em que a vestia sentia-me tão único, tão eu, tão bem que me sentia e assentava a minha camisa sempre muito bem engomada, e que, tenho a certeza que me iluminava para onde quer que eu fosse.
Contudo usei-a apenas duas, ou no máximo três estações, pois o meu corpo por essa altura não parava de crescer e eu sem me aperceber muito bem, fui germinando, fui crescendo, fui-me formando à forma que ainda hoje me (de)forma e vai formando.
Como casuais mudas de roupa, nas quais as vamos vestindo, despindo e usando, nas quais vamos  trocando e as esquecendo, algures num tempo, algumas das quais nos proporcionaram tanto, tanto, mas tanto.

segunda-feira, 30 de março de 2020

QUARENTENA




Cá em casa já começámos a praticar o amor...

Rachamos uma cápsula por três

What else?


domingo, 29 de março de 2020

FRAGILIDADES II




Frageis não são aqueles que se procuram. 
Frágeis são aqueles que se escondem e não se reinvendicam .


domingo, 22 de março de 2020

LEANDRO KARNAL






"A diferença do remédio e do veneno, é a dose"

"Transformar a dificuldade em oportunidade é o grande segredo da ostra, ao fazer a pérola"

"Equilibrio emossional é uma decisão, porque  motivos para me desequilibrar eu tenho diariamente"

" A falta de moldura, o vazio, é um hino ao caus. As regras e as rotinas é que o cicundam"

"A solidão tem que ser uma oportunidade de conhecer a solitude...a capacidade de perceber no isolamento quem eu sou e quais os meus valores"

"A solidão a dois é a coisa mais comum no nosso mundo. A solidão digitando coisas sem parar, ela não é solidão, é simplesmente desespero diante do vazio"

"O fim do mundo pode ocorrer a qualquer instante com tantas doenças e desastres. Mas, se você  morrer antes de ter lido Clarisse Linspector a sua vida vai ter valido muito pouco"

"A civilização é uma máscara. Quando a civilização entra em colapso, aí aparece de facto quem nós somos. Uma coisa somos nós bem alimentados e descansados, a outra somos nós em crise."

"Esta é a fase mais pedagógica para com os filhos. Como a gente se comporta quando as condições não são as ideais. Porque ser tranquilo sentado na poltrona em casa, tomando um bom vinho escutando uma boa musica, ser tranquilo deste jeito em casa qualquer canalha é. Eu vou medir a tranquilidade de alguém submetido fora da sua zona de conforto, fora das condições normais de temperatura e de pressão.
Este é o momento que distingue o amador do profissional, e aí, é que é uma opção em que a gentileza tem que se distinguir neste momento perante o desespero"

' Confie em Alá mas não se esqueça de amarrar bem o seu camelo"

"Uma coisa é a chamada confiança em deus, a chamada divina providência e a outra é tentar a deus, é quando você  obriga deus a demonstrar o seu poder....a confiança na provídência tem que ser cega mas a acção, ela tem que ser humana"




CORONA VÍRUS




O covid 19, 
o vírus que nos flagela em 2020, 
faz-nos pensar de novo no conceito de fronteiras, 
uma linha divisoria que demarca e separa, 
que à muito já não funcionava, 
de todo, 
para proteger e nos destinguirmos de outros povos, 
bem como e sobretudo,
para nos respeitarmos no nosso próprio espaço. 
Onde permissivos deixamos, no passado, tanta gente entrar sem restrição.
A menos de um metro de distância.


"A dor é obrigatória é inevitavel o sofrimento esse é opcional" poema de Carlos Durmmond


domingo, 15 de março de 2020

O SAL DA VIDA



Tal como um animal 
que demarca o seu território através do seu cheiro
 uma mulher tambem só é especial para um homem, 
se for unica 
ao se entregar de corpo inteiro, 
aos braços do rio, 
na correnteza do seu predistinado parceiro.

Tristes são aquelas que nunca chegaram a conhecer o mar, ao se perderem nos braços de outros rios
Agonizando-se no doce das suas águas paradas
Sem nunca provar o sabor impactante do sal.



quinta-feira, 12 de março de 2020

MIGALHAS DE ALCATRÃO




Por onde quer que vás 
Para onde quer que te percas 
Seja para onde for 
Se o pensamento não for capaz de te aconmpanhar
Já mais conseguirás sentir na plenitude o esplendor 
de uma aurora no seu amanhecer.

Vamos ser mais do que meras migalhas de alcatrão ?
Vamos fingir não ouvir as ondas do mar, a gritar, no redondo luminoso de uma lua cheia ao entardecer? 
Ou vamos apenas ser gratos por haver um sangue a escorrer dentro de nós, e a suplicar-nos por memórias, de sequelas de histórias que mal chegaram a acontecer?

sábado, 7 de março de 2020

ENAMORADOS

Sabes...    
É sempre um "se" a razão que me traz a emoção até a ti.
Um "se" com tanta certeza, de ser contigo e só contigo que em nós, eu me quero conjugar.
Já lá vão mais de 5 anos, que fugiram sem de facto os agarrar.
Como o tempo passa, como o tempo nos foge tão depressa...
Como um filho, que de tão amado cresce para todos os lados e, sem darmos bem conta do recado um dia contam-nos a sorrir que, já tem um namorado na escola.
Devia ser mais devagar o nosso amor, podíamo- nos conjugar de um de jeito mais lento, para que o tempo não nos rouba-se assim tanto.
Sabes ...
É sempre num "se" que uma equação bate tão certo. E de certeza que é só assim que a nossa emoção traduz um resultado tão ímpar, unico e cheio de sucesso, na forma simples de nos abrigar.
Hoje e sempre, este, e  os dias que se seguem seram os teus dias. Seremos para sempre eternos e verdadeiros enamorados.
Olhando para trás fazes-me despertar, um daqueles sorrisos bem rasgados, de orelha a orelha... Isto por ser tão feliz contigo e por seres só tu, tão só tu a razão, seja ela qual for a direção que me queira...

Bom dia para a kuia mais linda, animada, atrevida, endiabrada, sincera, amiga, companheira, gata, bonita e mais doce de toda esta vida
De sempre e para sempre, amote, sem traço que seja que nos separe, o nosso amor de um "te"

PS.  Nunca me esqueço do início, da 1°vez, de como nos olhamos tanto, e de como esse tanto já tinha nas suas formas tanta rima e tanta mas tanta loucura.

segunda-feira, 2 de março de 2020

REFLEXÃO




Como numa frase bem delineada, 
onde uma ideia é genialmente bem construída, 
que, 
sem ser rabiscada acaba por ser esquecida no meio de um livro qualquer, 
a vida arrasta-se sem ser literalmente vivida, 
num espaço onde o horizonte não lhe dá garida
 e nem sequer a certeza de haver conforto 
no abraço bem apertado 
nos contornos de um corpo de mulher.

A distância não tem sina ao contrário do que te ensina a lembrança de um momento.

Vai atrás da matéria que te ensina

De quem te ensina

Da vida

Da tua sina








sábado, 22 de fevereiro de 2020

O DEUS DAS PEQUENAS COISAS




Até me perderes o sabor...
Buscarás em cada corpo um pouco do que foi a nossa história
Suplicarás aos 4 ventos o aroma de cada momento
em que os teus labios não roubaram os meus.
Procurarás o prazer de me ter como o mais agnóstico dos ateus, que por não ter acreditado na fé da religião, acabará um dia por desmorenar no turbilhão dos sentimentos, num sempre e eterno insatisfeito.


Até me perderes o sabor...
Todas as canções teram a direção da essência, das meloias de mim
Toda a linha do horizonte te fará lembrar esse amor de olhar enamorado, cumplice e apaixonado, com que acordavas os teus dias com o mesmo optimismo, de um sim
E tudo te vai saber a pouco para te convenceres de que..
Há um sabor que em nós não se fabrica, por mais que se provem outras castas


Até me perderes o sabor...
Já mais saberás dar o devido valor ás pequenas coisas, ao que realmente importa
Perpétuarás confusa a dar razão às dúvidas, abrindo e reabrindo outras portas
Já mais encontrarás em alguém a mesma atenção com que a saudade te assoma, ao reivindicar-te a verdade à luz da razão, a não querer ir embora


Até me perderes o sabor...
Serás assim
Uma espécie de gente, falsa que não sente o calor
Um vulto ao sabor do vento, destituído das suas formas
Uma sílaba, sempre pronta para se conjugar na palavra mas sem nunca chegar para ser lembrada, e distinguida, no decurso de uma frase






domingo, 16 de fevereiro de 2020

JEJUM



Uma mão cheia de discernimento não traz a clarividência do bom senso, quando no espaço não se afigura uma saída...
Tantos são estes momentos em que o ar parece já não chegar para nos fazer pulsar, o sonho de uma vida.
Por vezes, ter do que comer não basta para alimentar o corpo.
Há alturas em que não se afiguram outras saídas e a única solução é esperar por um acaso, que como se sabe não se  premedita.
A não ser que, haja um desses "amigos" gurus que trazem sempre soluções na ponta da língua, para tudo. Vêm com moralidades, conselhos e artimanhas, mas que nunca têm verdadeiramente a cura nem as geniais ideias para resolver os seus próprios problemas.
A solução quando não há saída passa por dar aos momentos mais atenção, mudando a forma como olhamos para o problema. "Quando mudamos a forma de pensar e de ver as coisas, mudamos a forma de falar e de agir,  e por consequência mudamos toda a realidade que nos rodea". Passa por empregar de melhor modo o tempo que nos falta, que nos escorre por entre as mãos. "A única pessoa que nos pode fazer felizes somos nós próprios os outros facilitam ou dificultam essa tarefa". Passa por não se deixar abater com pensamentos negativos e muito menos com energias castradoras, que na verdade não são  donas nem senhoras de si mesmo, e muito menos nos preenchem, colmatando o vazio de alguém.
O jejum é de todos os exemplos aquele que mais haver tem, para se fazer uma analogia.
Pois o corpo para se alimentar precisa muitas vezes mais do que comer, precisa de ter períodos de carência para se promover e se auto regenerar.
Valha-nos sempre a fé para continuar a jornada quando a razão desgovernada já só nos ilude, de valores e atitudes que à muito fingiamos não ver.

*Ganhei uma vida quando te perdi - Raul Minh'ama

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

RESPONSABILIDADE



A responsabilidade é a tua essência!

A bem dizer...
Não é o tempo que te  tira a validade da vida se não a tua responsabilização, que em vida tens por ela.

A ignorância é sempre uma criança quando comparada com a responsabilidade, de em nós termos toda a liberdade do mundo para nos insurgirmos.

Agora solta-te daí de dentro
Não sejas prisioneiro dessa tua liberdade
Nem te escondas na ignorância irresponsável de estares na vida expectante e a olhar, apenas e só, pela janela.

Já pensas-te por quantas possibilidades te esquivas-te ao longo deste segundo?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

RAUL MINH'ALMA


"Já te disse que gosto quando te preocupas?
A preocupação é a manifestação mais simples do amor. Já pensaste nisso? E não tem necessariamente de ser porque algo mau aconteceu ou pode vir a acontecer. Quando te preocupas demonstras que te importas.
E só quem ama se preocupa."
*...de verdade

*acrescento eu

sábado, 8 de fevereiro de 2020

ENTRE A LINHA DA PONDERAÇÃO E A LOUCURA DE VIVER





O que seria de nós se...
Em cada novo encontro não houvesse a fome por uma fatia de sexualidade reprimida.
Valeria a pena, se assim não fosse, marcar um spot ao longo desta vida para nos encontrarmos?

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE




"A loucura é diagnosticada pelos sãos que não se submetem a diagnostico. Há um limite em que a razão deixa de ser razão e a loucura ainda é razoável. Somos lúcidos na medida em que perdemos a riqueza da imaginação"


domingo, 2 de fevereiro de 2020

BOB MARLEY




"Você só saberá realmente o que é o amor, quando lhe perguntarem sobre ele e você não pensar em uma definição, mas em um nome."

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

SINA



Tu e eu não mandamos no mundo,
Eu bem sei
Mas nós temos a uma só voz os segredos mais profundos
Mais densos
Mais brilhantes
Mais unos...
Mais raros de existir

Somos uma espécie de grão de areia, a persistir
Num solo que sustenta as palmadas da vida
Uma onda do mar sempre a rebentar inepterruptamente, à deriva...
Numa praia deserta e adormecida pelos labirintos de uma verdadeira razão

Somos um vale no meio desta imensidão que se abomina
Marcamos a diferença sem nos importar com as conversas dos outros, que nunca combinam, com uma vontade deliberada e profunda, de nos rogar uma sincera satisfação.

Temos nas mãos a salvação das nossas sinas
Sabemos melhor do que ninguém, o sabor, o cheiro, a energia, o prazer de tudo aquilo que nos contamina.
Temos a liberdade de voar para longe, ou a vontade de querermos estar por perto
Temos uma vida inteira a dois para viver, sabes bem...
E uma hipótese de escolher,
um certo pelo incerto

* agora relê devagar como se tivesses a sentir, e volta ao inicio, respirando-me em cada sílaba