sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

CASTELO DE AREIA

A vida tem uma forma engraçada de nos mostrar o quanto de grãos é feito o amor
Uma espécie de construção de areia, onde um castelo de praia é minuciosamente afagando, construído e edificado sob a atenção ímpar que damos às formas... ao relevo... num veemente contraste entre o receio e o medo, à cautela que prestamos ao mar, defendendo a fortaleza caso uma onda a possa abalroar e irremediavelmente num ápice desfazer.
Um amor sem exageros é palpável no ar, cúmplice e verdadeiro sem pressa de se assumir optimista por inteiro, no querer moldar, pedaço a pedaço de ponta a ponta, até que a espuma de uma onda o conceda, na melódica sinfonia dos búzios.
Contudo o homem no seu pessimismo é um lavrador de receios, de caminhos. Gosta de entender com o que se cruza no seu foco ...no seu meio... e acha razoável ousar pensar que o amor ainda que à muito o queiram descrever, é uma patologia guardada no pulsar do seu peito. Uma carência no sempre solitária prostrada a jeito, num quartinho interior à espera por se preencher.
O sabor de gostar não é amor, é paixão!
Um sabor que é digerido é algo que se desdenha, perdendo o sentido, apodrecendo sem qualquer tipo de contemplação.
Já o amor não, ele é livre não tem as grades de uma prisão, nem tem um especifico sabor se não, um aroma, com que nos alumia e invoca em espiral o afunilado da direcção.
Creio então que o amor é a emoção de tudo aquilo que nos conquista por dentro sem darmos conta nem alento à castração das dúvidas, nos seus mais inusitados e exagerados argumentos.
O quartinho interior é pois então uma imensurável mansão exterior onde os aromas que se assomam por fora nos debotam na cor, roborizando-nos a pele outrora pudor, de entregar com alma a cumplicidade do seu suspiro mais profundo.

Ajudas-me a fazer as muralhas ou vamos procurar areias mais finas noutras praias ?

A melodia só será música quando um dia houver a arte de um buzio nos guardar...