quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

gritos mudos


A falta de humanidade difunde-se no asfalto
Intoxicando e desprezando a natureza humana
O grito inocente já não contagia
Compor respeito e inspiração que dilate a menina do olho
É como encher os pulmões e gritar de baixo de água

Há pessoas que continuam a gritar...
Que choram por justiça
Que solução por piedade
Que calam pela fobia do medo
Que destilam sangue sempre que mais uma pedra lhes acerta
Que sofrem torturas por manter a tradição
Que sucumbem na fé... do apedrejamento

Há pessoas que calam
Que ignoram a desumanidade
Que compactuam com a barbárie
Que comungam de mãos nos bolsos a indiferença
Há pessoas que aceitam a crueldade de garfo e faca na mão

O eco propaga-se e causa vibração
Nas mais belas colinas do topo do mundo
Redigir um texto contagiante
Capaz de oscilar com as estruturas da estagnação
E remover a toalha do desacerto
É profilaxia que busco na palavra

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fragmentos e prespectivas


O sentimento de vazio ganha espaço
As formas frustradas de não se entender o jogo
Creditam Ilusões soluveis de posse
Sem resultados no preenchimento da “peça da verdade”
Que todos imaginam saber

O que é a felicidade
Será a apoteose no cume da escada monumental do prazer
Ou será repentina
Inesperada
Que chega no fio da navalha sem avisar
Brusca e fria como o perigo

Na origem do léxico reúno fragmentos de prespectivas
Condenso em meditação o lapidar do diamante
Desmultiplico o desacerto e bebo da fonte
Polindo a palavra na forma e na fonética
Que vai dando nexo a natureza das coisas

Quanto mais educado eu sou...
Quanto mais dedicado eu crio...
Quanto mais zeloso eu dou...
Mais próximo de mim eu estou

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tudo aquilo que não fui


Carrego o poder da existencia
na corda lassa de um trapezista
Conduzo os passos devagar
A cada despertar...
Na inércia do uso

Trago no bolso o segredo
Que os livros simulam em revelar
E guardo na prática os ensinamentos
Na apatia de um acordar

A lógica nasce na fragilidade da ignorância...
O espaço que nos escapa habita por detrás de um detalhe
De um, quase que...

Exprimo somente o que sinto e o que penso
De uma maneira espontânea e verdadeira
Sem que para isso grite aos 7 ventos
a sinceridade que abarco

Com as rédeas na mão vou soltando o açaime
Com prudência, para que a cobardia não me assole
Vou clamando a minha opinião sem pedir desculpas
Com a convicção e a crença de voar
Na metamorfose segura e serena
De flutuar ao vento nas asas coloridas de uma borboleta

Poderia ter sido tudo aquilo que não sou
Hoje sou tudo aquilo que não fui
...apenas alguém