quinta-feira, 21 de abril de 2011

Evidências


Por detrás da desgraça
Vivem os negócios mais rentáveis do planeta
Em cada foco de miséria
Há um nicho de riqueza que prospera
A cada corpo caído e mutilado pela fome
Há 21 gramas que se evaporam
E se materializam
Na cartola mágica de um magnata

Algures no telhado de um arranha-céus
O diabo pisca um olho
sempre que o “business” prolifera
E palmei-a o iludido
com um sorriso nos dentes
Enquanto abruptamente há alguém que se atira de uma falésia

Toda a desgraça é notícia
Mas ser desgraçado... Não!
Foi-se...
O trajecto para a morte não importa
O que interessa são os "quilos" de sangue presos nas rochas

A informação é veneno ilusório
O estado é soberano e as migalhas são democráticas
A droga de um povo
é a sua subserviência

Quando os poderosos não governam a indústria da cocaína
Toda a droga é penalizada
Prescrita e em conformidade com a lei
A mesma droga adquire um nome mais pomposo e elocutório
numa legalização de "estupefacientes"
Sendo assim tolerada e admnistrada
em maços de tabaco com letras maiúsculas
MATA
Mas como diz o povão ignorante
“ o que não mata, engorda”

Nas ruas, no metro, nos shopings...
Proliferam os bancos alimentares
E a dúvida persiste...
Será a desgraça que pisca o olho
Ou
Será o diabo que é mau e empurra as pessoas da falésia?

As evidências já não se escondem da vergonha
Hoje a vergonha é que se esconde das evidências

terça-feira, 19 de abril de 2011

Hesitar


Apareces e desapareces sem deixar rasto
Rodopias como uma folha
caída num vento de Outono
Que já não baila
na incerteza de uma brisa
Que já não dança a coreografia em espiral
na obra de um grande mestre


Deixas mensagens em palavras ocas
Sem miolo...
Futeis na cavidade do sentir
Vazias na ânsia de um desejo

Vais e vens como a espuma de uma onda da praia
Que se omite sempre que á beira mar
beija a areia indefesa
E vais construindo esse teu mundo
num rodopio afunilado
á sombra do teu umbigo

Hoje estás cá e queres iludir
Amanha estás lá e queres ocultar
Vamos fazer já?
E vencer o tempo
Ou será melhor depois...
Deixarmos arrefecer a imprudência?

Laços que se apertam no desejo
Relações que se materializam num beijo
Corpos que se encaixam e se amontoam
Num morder de lábios incessante

sábado, 9 de abril de 2011

Reconhece-te


Descrito num texto
Jaze a mais bela história de amor
Que nos rouba o passo de um chão
que é tão fofo de se pisar

A imaginação enche-se de prespectivas
E a vontade de desejos
O vazio transborda de afectos
E ao longe as rosas acenam
Engodos coloridos em seus anzóis

Alucinadas pelo toque
Salivam as glândulas
Num apetite extremo e sequioso
Ávidas de se banharem
Nos cheiros e nos sabores
Que se condensam num pálato
Refinado de suposições

O saber não se empresta
Nem o amor é claro e evidente
Como vem pormenorizado nas quadras de um livro
Amor é sabedoria
Saber...
é amar!

“Dar e receber... devia ser
A nossa forma de viver”