sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Dádiva melodica


Imploramos...
Protestamos...
Reclamamos tanto mas tanto
que nos esquecemos de o formalizar
Irados contabilizamos prejuizos de passados
Com a aderencia do adesivo que nos cala
E sem as energias de outro´ra
Expandimos as veias que nos musculam o olhar

Ponderação é lamina que poda a vida
E tu insurgiste com o quê?

Sem confiança gerimos mal o pensamento
O fio condutor que o suporta perdeu-se algures
No emaranhado de fibras que novela a indolência
Fraca, sem estimulo para agir no momento oportuno
Questionando, desconfiando, temendo, receando...

As duvidas são tantas que nos desacreditamos
Crentes um dia que o ámago existiu em cada um de nós
Crédulos que somos unicos e diferentes
Mesmo sabendo que o combustivel que governa o mundo
Não é o oleo em tons muito escuro que extraimos da terra

Agir de uma forma autómata
é representar
Tudo o que é maré sob regras,
é estagnação
Quem nada contra a corrente
Só pode evoluir

Rogo de modo a depreender em tons de canção a
Dádiva da melodia eloquente

domingo, 22 de agosto de 2010

Metamorfose


Nas rochas escarpadas construidas em mar alto
Edificas a minha falésia
No ponto mais belo e perigoso dos precipícios
Onde o vento me ampara
Preso num olhar teu
Onde os teus cabelos me roçam
Fixos na quimera que me incitam o verso

Pontificas o meu abrigo
Sob a arrebentação das ondas em pedra talhada
Que me uivam canticos delirantes
Com a rima presa na quadra
Capazes de moldar a razão
Á identidade que me rege

O perigo lá em baixo
Não mostra o risco
Dos meus pés tactearem a berma erosiva
Que corroi lentamente
A queda suprida
No desvaire que credita fé em ti

Estendo os braços para te abraçar
Entrelaçando os meus dedos nos teus
Segredo-te em surdina os nossos desejos
Ramificando gavinhas sob todo este penhasco
Fazendo da rocha terra fértil...
Metamorfoseando até a espuma da maré
No mais nobre nectar que alguma garrafa de segredos
Poderá um dia ocultar

... no tempo, na paz, e na fé

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

gratidão quem és tu?



Ansioso impávido e tranquilo
Adestramos o arrepio até num olhar
Desfolhamos os sorriso dos outros
Em paginas cor de rosa
Em satisfações soluveis num copo de agua

A porta abre-se e enfrentamos o mundo lá fora
Ao longe avistamos as sombras dos outros
Vestimos os traços, encaramos um ponto de referencia
E fazemos de conta...
Que a pressa anda de mão danda com a competencia

A prespectiva invade-nos como direito próprio
A razão capacita-se de discernimento e lucidez
O singelo e inocente ganham telhados sem estruturas
Na complexidade que buscamos
Sem algum dia sequer, saber tirar algum proveito da terra

A desorganização toma conta da inocencia
E a criança perdida na ingenuidade,
pergunta e aponta o dedo
ao vulto disforme que se aproxima oferecedo-lhe o regaço

Olá gratidão quem és tu?
Que ficas a olhar sob reflexo do espelho
para a figura cambaleante do mendigo
que se arrasta para mais um não na longa fila de carros
Serás tu gratidão?
Quando em natais valorizas o que ao longo do ano calas
Define-te lá tu gratidão...
Que apertas mais e mais o sinto á barriga,
que mingua ao ritmo da pulsação
Para que sejas gratidão é preciso reconhecimento de alguem?
É necessário que confessem o bem que se nos fez?

Eu cá sou criança e já só quero esclarecer a pureza que me foi roubada

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

poder da palavra


O som das ondas do mar
O grito da cigarra
O sopro do vento...
Nem tudo o que ouves dá para traduzir na palavra
Ao invés
Tudo o que não vês é romanceado na prosa

Do genero:

O amor e o ódio
...combinam bem na fonética
E por terem pólos opostos
Há quem diga que se atraem
A fé e a crença
... aliam um timbre que faz acreditar
piamente no pontencial interior
A morte e o além
... medos suavisados em voz baixa
na presunção de outras vidas mais

O vocabulário quando bem estruturado
Pode desorganizar os tecidos vivos
Admiro as formas que as palavras não revelam
Adorava ter dito muito daquilo que leio
E sem haver espaço para a inveja,
Se não, humildade na admiração
Assim vou eu, esticando a palavra

Nada é por acaso... nem o ocaso é apenas mais um puro e simples por do sol

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

há dias assim...


Há momentos em que o teu equilibrio não és tu
Momentos embriagados em que te deixas cambalear
Em que a alma se aborrece do corpo abatido
E se distancia...
Cansada da falta de primor que a orgânica da vida sugere


Tento vir á tona pegando na sapiência que me resta
E recuperar um pouco de acerto
Há dias assim...
Em que finges não saber a razão do erro
Por erradamente penares nesse desacerto
Há dias assim...
Aborrecimentos temporais providos de fragilidades momentaneas

De volta á superficie...
Atraio mais ar aos pulmões
E satisfaço de gasoso a parte pensante
Que segura a alma de portas abertas
Para que ela viva livre na satisfação
E não fique prisioneira de um corpo mal estruturado
O saber não é perfeito
Nem tu és defeito da perfeição

domingo, 1 de agosto de 2010

mundo de vidro


A pele seca com o sol
A alma mirra no afecto
A maresia vai e vem como as ondas do mar
Trazendo o sal da vida que tu finges não ver

A indiferença rouba o tempo que choras
Por abraçares de costas a existência
Por ousares ser omnipotente nesse teu mundo de vidro
...onde os olhares não alimentam o abraço que tanto anseias

Aprende a respirar enchendo mais os pulmões
Para que não vivas a meio gás
Os reflexos ilusórios das imagens
que se defrontam nesse teu universo

Quando a cegueira é imensa a verdade ganha formas na ilusão
Não alimentes essa quimera no desengano dos sentidos
Lembra-te sempre que a ilusão nasce de fora para dentro
Por o que se afigura ser o que não é