quarta-feira, 30 de julho de 2014

O LADO B DA POESIA

Pode nem ser poesia...
Mas o que será essa sinfonia que endeusa as frases com capacidades de no seu articular chamar de poeta,
aqueles que vivem da escrita para comer ?
Poetas são apaixonados de gente, são alienados que perifericamente raspam perspectivas em formas indescritíveis de falar um concreto tão alegórico.
Para mim poetas são genialidades que buscam em cada esquina frases e verbos à palavra...
Eternos amantes das madrugadas, onde nas mais ínfimas ranhuras dão às pedras das calçadas, sementes, para lhes sacar ou até arrancar com os dentes, a fertilidade de uma realidade que periférica, o comum não alcança.
As palavras quando subjugadas a um timingue não soam... Não se renovam em comunhão...Não se comungam
Elas saem fora de um circuito lógico mundano, onde tudo o que não é explicável, se não é fé, não vinga.
É claro que há aqueles que conseguem fazer textos num curto espaço de tempo, mas nunca se chegam a aproximar do patamar das grandes obras.
Há quem diga que a inspiração é a desculpa dos preguiçosos, para não se fazer ... Para se remeter a um "dolce far niente"
Ainda que compreenda a direcção da perspectiva discordo redondamente.
As palavras não pulsam num ter que haver, num ter que cumprir, pois a sua cumplicidade não entra na métrica de um prazo.
A palavra só será condenada por um tempo, quando o predicado num verbo assim o quiser


displicentemente a narrativa se conjugar com o verbo

PRELIMINARES

Há tanto de preliminares por explorar...



que da cabeça  aos calcanhares a terra é virgem!

sábado, 26 de julho de 2014

FLANQUEADO

Deixado de lado, é a pior ala que um
homem pode ter...
Ficar esquecido, completamente comido, flanqueado e fodido pelos ácaros do esquecimento
Ainda que haja explicação, nenhuma oralidade substancia sensatez a um "já não te quero"...a um "Não dá"...a um "acabou !"
Nem o respirar fundo limpa a lembrança de ter sido preterido por um sincero outro alguém
Mil experiências não devolvem mercurio capaz de sarar uma ferida
Uma década em guerras não é o baste para contrariar o desprezo de um pensamento
Uma vida é uma eternidade para ser vivida quando marcada com a chaga do desdém
E nem o colo de uma mãe apaga a neblina que se amofina por entre uma beata a arder...
Deixado de lado, é a pior ala que um homem pode ter
Ala que se faz tarde ou então arde com imoralidade para te convencer

domingo, 20 de julho de 2014

IRREFLEXO

Se os pensamentos são de facto o pleno de um patrimônio
Se o tempo já mais voltará a ser o que era
E se perdidos distanciamos momentos...
Então, para que nos serve a saudade ?
Daquilo que jamais voltará a ser verdade
Um olhar de frente e disposto a reatar no presente, desejos fermentados na alma

É Incalculável as vezes como nos aproximamos de nos havermos sem nunca nos sermos, gente  de verdade...

sábado, 19 de julho de 2014

OS OLHOS DA COBRA

Ao fundo dos ombros, no verso de um umbigo feminino jazem dois orifícios...Um par de um belo encaixe polegar para se selarem as ancas.
Pontificam tão originais essas covinhas que tenho a impressão que servem só para hipnotizar e atazanar os desgraçados da espécie
Em tempos houve quem me dissesse, que "esses" eram os olhos da cobra... E assim ficou o baptismo de duas formas de olhos que não sei bem se avistam um palmo à sua frente, mas que seguramente prendem a visão a muitos palmos longe de si... ai não que não prendem !



NO TIMBRE DA VOZ

A tua voz murmura-me insistentemente vagas que se desenrolam ao longo das marés.
Como se insistentemente não fosse já por si só capaz, de num eco engrandecer a palavra insistente . Sem ter que recorrer de um modo tão displicente, ao mar...
Há um provérbio Árabe que diz que um homem para se apaixonar por uma mulher, 90% é pela sua voz .
E assim quando me lembro de ti há sempre um som que vem primeiro que a tua forma, há sempre o teu
timbre a carregar a saudade com mais apreço, há sempre o teu gargalhar que me faz recordar momentos apetecíveis de serem explorados, tão mais a fundo .
A verdade é que hoje surges à tona de mim, dando nomes ás ruas onde namorámos... sim porque ruas para mim têm nomes de gente, ou melhor, ruas para mim têm nomes batizados algures por nós... Vejo-te sempre que pacientemente desembrulho cada rebuçado com que nos explorámos a cada beijo . Avisto-te em cada sinal de mensagem que recebo,  como uma miragem que olha para um déjà vu à muito vencido .
E a tua voz... Aí essa tua voz, que não precisa do complemento para ser precisa em qualquer instante
A primeira vez que a ouvi diante de mim, um revolver apontou-me o cano à cabeça e ainda assim arrisquei o "jogo da roleta...", onde o sucesso de um vencedor é bala na certa .
Como eu entendo bem esses Árabes, mesmo sem falar porra nenhuma !
10% de mulher confinados no teu corpo é o bastante para te desejar esse remanescente que me acrescenta mais pulsar ao ritmo do tic tac dos ponteiros .
O café da manhã e as torradas com manteiga a pedirem o teu bom dia... Aí que bem que me sabia ter-te, nem que fosse eternamente de burca, ou até podias ser Turca ou de uma outra nacionalidade qualquer, que amasse o corão, mas de uma coisa terias que ter presa à garganta.... E mesmo que não fosses santa serias sempre a Maria, dona e senhora da profecia no compasso da minha oração

terça-feira, 15 de julho de 2014

OBRA PRIMA




Um dia vou convidar a tinta a profanar o traço
e recriar das tuas formas o embaraço
Com que portuberâncias se destinguem
no enlace
Da obra com a arte

segunda-feira, 14 de julho de 2014

VALE CELESTE DAS EMOÇÕES

Não me apago no sopro de uma vela
Nem me incuto de esquecimento...
Não induzo a memória para que a história
seja contada na palma da minha mão

Semeio passos no caminho da minha ida
Decomponho a informação a rigor
para que a dor não tenha o peso de uma despedida
E adestro a teimosia de me ser
ainda que saiba que assim, nem o seja
Na ponta desta margem equidistante

Treinar a sinceridade é o meu maior fingimento
Com o qual brindo à saudade
com um copo de tinto, cheio de atrevimento
Nas noites em que a agonia do lamento
engole a custo o cuspo
que me encaroça a garganta

Livre sou eu quando me resgatam os pensamentos
Quando desatento piso
O vale celeste das emoções
A memória é uma parábola que nos conta a história
de um pensamento livre mas sonolento
Que amealhou informação desmedida
para alimentar fantasias do vento
E se degradou por entre conexões imprecisas
que lhe apagaram os sonhos

A liberdade só existe no pensamento
quando desatento és tu
No vale celeste das emoções

sábado, 12 de julho de 2014

MÉTRICA DE UM EXTREMO

Só me satisfaço no pleno, quando o nosso espaço é um extremo
de um sorriso solto
sem explicação.  
Por isso solto-te  
Isenta de vírgulas
Dou-te asas para voar
E a liberdade se cá quiseres voltar
Se assim houver motivos em mim
de satisfação  
Tudo o que me satisfaz mora para lá de um argumento
Ou de uma qualquer lógica de sustento
Indefinível de racionalidade
Só assim há em mim um extremo
que incógnito resvala sereno
Por entre métricas imprecisas de espontaneidade

Agora voa...

quinta-feira, 10 de julho de 2014

AMOR VIRTUAL

Um amor virtual nunca será igual
a um olhar comum e consensual
Onde para comunicar
é preciso haver muito mais que palavras
e um toque de sinfonia

Construimo-nos virtuais
Treinámos emoções
Encenamos abraços profundos
Motivámos sentimentos
Sonhámos melodias ao ouvido
E pressionamos a história a ser memória
sem que de facto, houvessemos conseguido

Acreditar é preciso
Comunicar é necessário
Tocar é uma aprendizagem...
Que nunca chega à ponta da outra margem
Quando do outro lado da tela
A cinderela não é a princesa lilás
que o desejo ambiciona e perfaz
na métrica de um apetecido

Um amor virtual nunca é igual a um olhar comum e consensual
Onde para comunicar é preciso haver palavras e um toque melódico de sinfonia

terça-feira, 8 de julho de 2014

PELE CITADINA

Os meus olhos diziam-te
"Volta para casa !"
A minha boca poderada vocifrava palavras desconexas...como se eu não dissesse um quase nada, de um meu entendimento
"Está tudo bem, e tu ?"
Ao que me respondes-te
"Também estou bem, melhor que nunca !"
E eu ali especado, a comporvar isso mesmo...
Estavas maravilhosa ! Pensei eu.
Que burro é ter a mulher mais bonita do mundo e tentar satisfazer-se com outras, que nunca são as segundas nem as terceiras melhores do mundo.
Hoje percebo que me afastei de ti por amar-te tanto. Percebo agora que o tanto de gostar de alguém, por vezes atraiçoa.
Tanto que fugi,  reprimindo-me com loucura.
Assaltando os meus sentimentos com bocas que não eram as tuas
Pois se amar assim era tão insano, bem talvez não me fizesses.
E para meu engano, não é que fazias...

Naquela tarde, almoçamos num restaurante perto do teu trabalho
E eu ... que puta de anjinho... apenas te disse que gostava de ti. Não te dando a conhecer a comoção das minhas entranhas, e a quantidade de ranho que engulo todos os dias ao não ter no cuspo, um sabor a ti.
Paguei a conta e outra vez coninhas não te agarrei com a emoção que meu desejo me albarroava.
Na rua depois daquele último beijo, apenas me pregaste uma estalada com as tuas palavras.
"Já não sinto o mesmo que sentia quando me beijavas antigamente"
Respirei fundo... uma vida.
Todo o ar que havia naquele quarteirão por  respirar, brindei-me, engoli, recuperando algum equilibrio não fosse eu dar-te de novo parte fraca de mim
Nesse instante quase que morri.
Desde então desequilibrado e desengonçado ando eu ás voltas por aqui.
Já nem tenho o teu número de telefone, já não sei dos teus hábitos, nem sei bem o odor que trazes agarrado á tua roupa
Mas sempre que me telefonam adivinha logo quem me vem ao pensamento ? Adivinha quem eu torço que esteja no outro lado da linha... do outro lado de um fim.
Um fim?!?!?
O fim não existe quando em nós há um propósito            
Fim para mim não existe quando um dissabor é uma dor que toca um violoncelo de fininho, que nos tortura, é certo, mas não é menos certo que o que nos rasga e dilacera também é a dose prescrita de um tão desejado... que nos atiça para todo lado, mesmo que um corpo não esteja inteiramente contemplado por um suor profanado das entranhas ás injurias...

As histórias com um final feliz não existem,
O que existe são saudades da liberdade de um determinado momento


sábado, 5 de julho de 2014

ETERNAMENTE CRIANÇA


Na praia, até as raquetes se cansarem de mim
Serei sempre criança
Que brinca que corre e que ri...
De si
para si
Por entre os dentes do mundo

quarta-feira, 2 de julho de 2014

CANTO DO GRITO




Quantos decibéis terá a voz que ter, para ser o canto de um grito ?
Quantas palavras na frase terão de haver, para contrariar o som ?
Quanta dor é preciso para gritar ?
Quantas lágrimas seram precisas para assinalar o lamento ?
Quanto de contrariedade é preciso, para sacanear a voz ?
Quanto prazer é necessário para romper garganta ?
Quanta fome é preciso para se uivar à sede ?
Quanto grito há no silêncio a boiar descalço ?
Quanto de ferida a carne carece, para se ofender ?
Quantas cicatrizes precisa um olhar para protestar atenção ?
Quanto frio a pele reivindiva para assinalar o arrepio ?
Quanta imensidão há no eco côncavo de um vazio ?
Quantas subtilezas teram as tristezas que ter...
Para gerar erupção ?

Que se foda a educação !
Puta que pariu para a ponderação da etiqueta.
Que se fodam as falinhas mansas.
E viva o grito!
Viva todo e qualquer gesto digno de registo
Bendito seja ele entre nós e vós mulheres
Viva o grito !
Vivam todas as emoções que se libertam do peito
Aclamados sejam os actos a torto e a direito
Que nunca hajam receios no vértice da oração
De haver num grito cumprido
uma vontade solta
plena de razão