sexta-feira, 28 de julho de 2017

AO SABOR DA PULSÃO

Se um dia nos perdermos por cobardia.
Toda a agonia será depositada na garganta.
Todo ar irá ganhar em nossos corpos, menos folgo.
Todos os gestos ao quererem-se equilibrar a tempo serão cada vez mais tropegos.
E todas as noites serão perigosas falésias, a ecoar em suas escarpas num mar revolto,  com pressa em se afirmar

Um amor para amar, não deve ter cura...
Nem o conselho dos outros
Nem tão pouco,
a rima silábica nos versos de alguém

Um amor que tortura é um gostar intermitente.
Um amor que mente é um gostar que mata.
Um amor primata é um gostar que apequena, que nos arrasta.
Um amor que arrebata é um gostar que come com as mãos, lambe os dedos e não usa garfo nem faca.
Um amor sem arte é um gostar sem obra nem dedicação.
Um amor profundo é um gostar em que as emoções se esticam, desde a ponta dos pés, e nos apontam o dedo indicador, adivinhando a direcção.
Um amor passageiro é um gostar saqueador de uma boa parcela do inteiro.
Um amor coragem é um gostar maxista sem margens para as delicadezas de um travo de mulher.
Um amor qualquer é um gostar de viver livre,  mas, preso na sociedade.
Um amor de verdade é um gostar inteligente que sente e vence todas as contrariedades.

Se amar não for um pouco mais que arriscar
E se um dia nos perdermos por cobardia
Então...
Que sejamos cobardes para sempre.

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