terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Maria das Neves


Avó
nome que por si só
simboliza um passado
Das Neves
para mim foste Maria
nome que por mim és
e serás no sempre recordado

No acorde de uma canção
serás o ponto de referência
Dentro da minha melodia
Foste sem saber ler
Mulher instruída
Foste competência
sem saber escrever
Toda a tua vida
Na atitude
E no saber
Com que construíste
a minha tua família

Agradecer não basta
quando a história
no caminho é imaculada
Chorar não basta
quando as velas
as flores
e os terços
do culto...
Que não me acha

E por saber e sentir
que já nada basta!
Ainda assim
serás no sempre lembrada
Nas melodia das canções que ouvi
Na melodia dentro de mim
Na Avó Maria
sempre eterna
No sempre amada

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sinceridade


Resistir ao sofrimento
é a forma como a vida é abordada
Vesti-la de contentamento
é a maneira desonesta de nos acharmos sinceros

E assim….

Todo o acerto
é perfeição de um instante
E todo o instante
é variado
sem a exactidão de o exigirmos perfeito

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Na mão de um poeta


Toda a palavra tem um sentimento
Todo o espaço um sonho
Toda a dualidade uma dúvida
E todo o amor uma canção

O que seria de mim
sem a palavra
que me revela ?
O que seria do sonho
sem a ilusão
de voar ?
O que seria do amor
sem a inópia magia
de um desejo ?


Amor é razão
que ao mundo soa
e que a métrica não escuta
Amor é imensidão
num imediato
que não se define
Amor é fado
Que na mão de um poeta
faz as pazes com o tempo
dando letra e voz à sua eternidade

"O amor reaproxima…
vence a distância da ignorância”

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

arbmoS


O tempo que vive um pensamento
será pouco
para escrever a minha história...

Seguidor de um passo
fui e serei
Actor secundário da vida
na história de alguém
Com direitos de autor
que me tutelam
no seu caminhar

Sigo em teu caminho
ignorando a dúvida
Certa que será um dia
a tua maior religião

Sou a amizade
indolente
que te sente
Verdadeira
em tua dor
Sem que...
num conselho me esconda
Sou a forma definida
do teu pisar
Que não pisa
Mas que sabe sempre
aonde quer chegar

Serei parte de ti
ignorada
Que ao longo da estrada
te acompanho

Persistente
estarei cá sempre
Mesmo na hora
que da vida já não o sejas

Se algum dia deres conta de mim
Não irei fugir
Nem te abraçar
Nem tão pouco
me irei revelar
Mas estarei aqui
Cá... para te apoiar
Nas agruras do vazio
No negrume
do teu penar

Fiel à forma e à perspectiva
serei o todo...
Parte da atenção que te escapou

sábado, 21 de janeiro de 2012

Lua


Como um raio de sol
que penetra sem explicação
A resposta entrou em mim
Órfã de dúvidas
Plena de razão
Crendo só por assim se achar
Ramificando gavinhas
sabendo onde chegar
Preenchendo por dentro
O que no espaço
era só terreno baldio

Todos os sentidos
Lucraram pela metamorfose

O olhar que se perdia na noite escura
tornou-se sensorial e angular
Capaz de filtrar
o breu que não cala
sob uns olhos atentos de uma "coruja"
Que não dorme e fala
melodias que me afagam...
Um pensamento insípido
ganhou relevo tridimensional
Na concavidade do palato
Materializando sabores
que uma ilusão sonegava
...que uma apatia creditava
O vento que dantes
me arrepiava
ficou doce e envolvente
Capaz até de abraçar
as ondas do mar
E de me agasalhar
do néctar
... em sua espuma

Hoje engulo sonhos
Carregados de sabores
de um teu salivar...
Água benta insana
Seiva que me beatifica
Essência divina que me faz uivar
E crer...
Que a lua é minha cúmplice também

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

gente cansada da gente


Como o sol sereno
na calçada quente
Tudo segue morno
aos olhos da gente

Gente de sonhos?
Ou sonhos de gente?
Passados de história?
Ou…
Historias de um antigamente?

Deliberadas recordações
de um “quem cala consente”
Automatizadas num gesto
por mais um voto obediente

Crédulos em sua História
Segue na memória um fado
já decadente
Segue a gente abatida
Segue a gente oprimida
Segue um povo já cansado desta gente

Confuso e abatido
O Povo chora sofrido
Triste e cansado
Indolente e humilhado
envergonhado da gente
Insípida e sem sal
Gente tolerante e abatida
Subestimada por um governo canibal

Um Povo unido
jámais será vencido
A gente isolada
será no sempre instigada

Cansada das lamentações
de um passo indefinido
A cidade chora pelas paredes
O penar de um povo sofrido

A maior virtude do homem é a ignorância
de se achar livre no meio das regras