terça-feira, 27 de julho de 2010

luz oprimida


Se não acreditas no que os olhos te ditam
experimenta fecha-los
A tensão de olhar e de ouvir para surpreender o que se passa
Roubam o teu chão
Segreda em pensamentos o que te vai na alma
Avista os sentidos oprimidos... e dança
Aceita os teus movimentos nos contornos dessa tua musica
Escuta tudo aquilo que não ouves de olhos abertos
E dá a mão ao desejo para que te possa seguir bailando

Agora exprimenta traduzir no papel tudo aquilo que calas
Abre a porta do medo e salta o muro dos anseios
Canaliza a atenção no reconhecimento...
Rabiscando a vergonha que omites
E sente o arrepio na pele vindo sabe-se lá de onde

Tal como uma planta que nasce sem ser semeada
A lágrima ao declarar-se...
Ela é sincera
Ela é espontânea
Ela é salgada e brota da mesma nascente que nascem os rios que desaguam no mar

Tudo isto faz sentido...
Tudo é luz quando roçamos o arrepio num espaço intemporal
Tudo é luz quando de olhos fechados tocamos na vida

terça-feira, 13 de julho de 2010

COLETE DE FORÇAS


A angústia e a mesquinhez deram as mãos
Ávidas de fome trazem a justiça de trela ao pescoço
Sedentos de desejo, justo e o pecador fundem-se num só
E o sentimento envergonhado desaparece
Deixando o aspecto monetário demandar a ganância dos homens

Doutorados no martelo
Eles vão vomitando leis e artigos
Enquanto a arrogância batuca na mesa injustiças...
Magistrados na sensibilidade de umbigo
Penitenciam a sua bíblia de uma forma unilateral
Despachando e arquivando mágoas e traumas
Que os fármacos não auguram remédio
E ao longe o louco grita... Linhaaaaaaa!

Alucinado pela taluda

O cão foi libertado da corrente
A angústia e a mesquinhez
ficaram mais sós
E o amor não conseguindo ganhar ódio
Enraíza-se na terra
ganhando dor

Valha-nos a sanidade dos loucos
Vestir o colete-de-forças
Segurar a lágrima e controlar o sentimento
Que de envergonhado grita baixinho em si só
... Bingo

sábado, 10 de julho de 2010

substrato das qualidades


Tudo o que fica a mais de dois palmos é uma miragem
A percepção dos sentidos vai minguando ao ritmo da camada de ozono
Os detalhes vão sendo imperceptíveis, fora deste campo magnético
Abrir o fato espacial e levitar nesse lugar intersideral
É ganhar uma outra forma de respirar
É nele que me acomodo...
É neste universo que procuro a minha escrita

Gosto de escrever de lá para cá
Onde a olho nu não se chega
Gosto de me situar neste espaço
Onde não se está habituado a andar

Buscar no limbo o substrato das qualidades
Entender que para lá da linha do horizonte
Onde o sentido não chega
A ordem é uma floresta virgem
Sem ter sido explorada, ela é pura
Sem ter conhecido a malícia, ela é ingénua
Sem conhecer a culpa, ela é inocente

Ordeno tudo aquilo que compreendo...
A acepção vai ganhando formas
Organizar é querer…
Quando creio, eu amo

sábado, 3 de julho de 2010

REORGANIZAR


Programados para duvidar
Todos perdemos a confiança um dia
Desacreditados no acreditar
A vida jaze, serena e melancólica
Á espera que um dia a maleita nos contemple
E a sanidade que nos resta,
consiga dissipar o fumo negro que paira cá dentro

Criadores de um ser critico
Julgando de um modo fácil
Atirando pedras a toda a gente
Duvidando até da fome de um mendigo
Procuramos o sol mas é nas sombras que nos escondemos

Aperfeiçoamos a evolução da espécie com perguntas
Aprendemos a baralhar o sentimento
As respostas que trazemos em nós já nada valem
Com o amotinar de interrogações que semeamos diariamente

Seremos seres inteligentes como nos proclamamos?
Para quê evoluir se isso só causa desordem?

Regredir …regenerar…rejuvenescer…

Creio neste retrocesso