sexta-feira, 27 de abril de 2012

CLARIVIDÊNCIA

Materializo no espaço
de forma indelével
A sensatez que formiga
Em olhos que choram

Adormeço todos os dias iludido
E acordo diariamente
confundido
Num novo começo

Uma lógica que não duvide
Num passo que não suponha
Um abraço que simplifique
Inteiro !
Que dignifique

Uma clarividência
nunca dada
Uma sinceridade
transparente ...
Guardada
No espaço sensato
onde me sinto

À espera de um novo dia
adormeço
Na esperança
de me acordar
A cada manhã
no crepúsculo
de um novo começo
Onde não seja manhã ignorante
Dos dias de apatia
de um sonho
que a noite comeu

segunda-feira, 23 de abril de 2012

ALVORADAS

Todos os dias
perco o nascer do sol
A aurora do despertar
O cântico do galo que amanhece
a vida no seu acordar

Perco os dias
sempre que me levanto
A cada dia longe de ti
Fingindo não ouvir o teu cântico
Perco-me do amor
por não haver rigor em mim

Perco o nascer dos teus olhos
Em cada manhã...
a cada alvorada
O aroma do café
e o odor da manteiga
sob as torradas
Perco as ruas
Perco as estradas
Perco-me um pouco mais assim...
Bem sei

Roubo-me sempre
Efectivamente
E a todo o final do dia
Reflicto
Perpetuando em adormecer
Cansado sem entender
Os dias em que me driblo
Dos dias em que me finto

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Noite e Dia


De olhos fechados
Rasgas o tempo
Lambendo as feridas
Aproximo a distância
num segundo
Provando o sabor
de um pensamento
És menina mulher de um sonho
Na forma feminina
que me atormenta
e me alimenta
nesta noite escura...

Lembro-me do caminho...
Da estrada...
De um jantar
em que fomos trilogia perfeita
Eu tu e nós
De uma noite
em que valorizamos no toque
o prazer a cada gesto…
Até ser dia
De um quarto em que fomos a perfeição
do beijo...
Na métrica dos corpos suados
Lembras-me de tudo…
Da noite
e do dia

Lembro o morno
centígrado do toque
carne na pele
Do número de pestanas
com que me beijavas
e roçavas...
Em teu jeito borboleante
Lembro
do suor contido
por detrás das tuas pálpebras cinéfilas
Dos murmúrios estimulantes
com que me envolvias
na teia dos teus cabelos
Do prazer das tuas unhas
hieroglíficas em minhas costas

Lembro-me do todo que foi paixão
Da vila...
Da estrada
Da noite que amanhecia
Recordo-me do prazer que foi união
Dos corpos "num"
Da noite
até ser dia

PERSONALIDADE


Quando sou opção
Dentro da equação
Torno-me incógnita
de uma variável

Quando não sou suposição
Viro um resultado inteiro
Sem qualquer vírgula que me atrapalhe

O homem para o ser
é preciso crer
e da matéria fazer uso

O homem não esquece
nem desaprende
Apenas se ignora