terça-feira, 29 de janeiro de 2013

SIMPLICIDADES


A vida é tão feliz dentro de uma surpresa
que o arrepio pica...
Sempre que a ignorância me dribla o saber
e acena sorrindo
Fazendo adeus para mim...

sábado, 26 de janeiro de 2013

PÁSSARO

Um pássaro para voar
só precisa de acreditar
Que a terra é imensa
E que a curiosidade é a essência
Que alumia o gesto que emana
Que o faz planar...
Num céu
onde os corpos se acham

A evolução nunca será ascensão
sob a pele
de corpos desacreditados
Nem o pássaro será voo
de um qualquer destino
Sem a curiosidade que alimenta...
Que o incite

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

EDUCAÇÂO

O saber quando não aplicado
é desprovido de qualquer conhecimento
Tal qual a educação é disso um bom exemplo
Quando no treino só se efectiva por oralidades
não convocando a prática a dar o conselho

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

RANCOR

De tanto acerto
iludimo-nos que estávamos errados
Por ousarmos a perfeição
Entregamos à duvida o sentimento
E ignorantes
Jogamos às cartas com o tempo
Baralhando a paixão
Orgulhosamente...

Fingimos juventude na entropia dos dias
E a cada manhã de um novo despertar
Abrimos os olhos a um sono
tão bom de se recordar

Teimosos somos
Teimosos fomos
Chorosos por acreditar
em convicções
Obstinados a não ceder
o nó do laço
que há num abraço
Rancorosos convictos
Que o acerto é parte de um erro
que ficou algures por um caminho
À espera.... por se emendar

sábado, 19 de janeiro de 2013

HINO DA MELODIA




Se pudesse eu compor o teu traço na canção serias o hino da melodia

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ROUBA-ME

Empurro-me  para lá do espaço
em que me encontro
E apanho-te
no ponto mais alto do pensamento
Onde a ponderação não tem cor
nem argumento
E a palavra é toda ela uma rima
Que mobiliza
que aflora
e que me afina
Um todo de discernimento

Sustenho por segundos a vaga de ar
Que dispersa a ordem da respiração
Aproximando-me deste jeito
com mais exactidão
Cada momento...
Em que não fui matéria
se não vento
De passos idos
Intemporais
Momentos vividos
Acidentais
Que me afloram hoje na memória
a história
de um furacão que me varreu

Imploro-te para que me leves...
Vazios e provocações
Preconceitos e ilusões
De um todo que não me sei
Rouba-me de mim
Despe-me do corpo aquilo que é teu
Crava-me na carne os dentes
que das serpentes
eu tenho o remédio insano da cura
E deixa-me por aí moribundo
Exposto à loucura
Para que dela
eu crie bravura
de ser aquilo que me sonhei

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

VINHO




Numa garrafa de vinho tinto
violada
Avermelhei o desejo
Que nos aproximava
Preso nos lábios
mel
A cor imensa
de um sangue que fervilhava

E com um "ploct"
Aromatizei o espaço

Envolvi
a ardência carnal
À essência sensual
e tudo o mais
um quanto faz sal...
Destilado dos corpos
Peneirados de ansiedade
e perconceitos



O vinho para ter o devido valor não depende da casta nem do seu sabor... se não da companhia e do brilho de uns olhos teus

REFLEXÃO


O sol lá em cima já não queima
Sentado no banco da esplanada deixo-me envolver pelo morno do dia.
O gosto do café desperta a leitura que o jornal desatenta…
E ao longe uma figura de um sem abrigo, chama-me à atenção
De barba e de cabelo cortado à navalhada com a pele castanha de sujidade que fazem "pandan" com as roupas rasgadas e gastas pela podridão da moda do asfalto
Ele vai metendo-se com os transeuntes que passam sem levar- troco…ignorando-o. Sem que ninguém lhe preste a mínima e qualquer atenção
O sem abrigo focaliza-me no extremo do horizonte e acende um cigarro… como se de abrigo e de companhia lhe fizesse… deixando-se consumir pela amizade narcótica, que o faz fugir desta realidade.
Presa num instante... na ponta de um cigarro… um amanhã
Valorizar a economia é isto
Damos-lhe valor em demasia, e desvalorizamos o essencial
Se continuarmos a valorizar o dinheiro em detrimento dos afectos, teremos num futuro próximo uma geração de "sem abrigos”
Uma espécie evoluída da geração rasca que nos proclamaram um dia.

* e ainda que irónico vos diga, não serão só cem mas sim milhentos