segunda-feira, 27 de abril de 2015

FILTRO DA COMPOSIÇÃO



Porque nem todos os pensamentos passam algures pelas paredes dos sonhos

Anotando....

Eu registo e componho-os

domingo, 26 de abril de 2015

PEQUENO ALMOÇO

As manhãs mais fantásticas são aquelas que começam devagar                      
Sem distúrbios entre o silêncio e o conforto intermitente do teu respirar
Que na cama, emana e se aninha nos contornos palpitantes de um suspiro meu
                                                                                              
Há tanto nas manhãs a assinalar um novo dia
que a noite nunca chega a ser tanta para apagar aquela sintonia,
de um conforto delirante
Quando radiantes os meus olhos amanhecem "presentes"
na simetria dos teus              

O pão com manteiga pode mesmo bem ser, o mais nutritivo dos pequenos almoços  
Basta haver a comunhão do morno acertado pela manhã com " aromas a café", para que a manteiga derreta e nos corpos se incorpore

sexta-feira, 24 de abril de 2015

AQUI E AGORA

Um dia tudo acontece                                    
E num instante tudo passa a ser diferente de um antigamente que aborrece
As mãos que envelhecidas enternecem-se um pouco mais com o roçar das unhas
Os gestos que espreguiçam vão ganhando outras fronteiras à dor
A voz fica mais clara e paulatina na constância de um amor
E as saudades ficam prostradas na prateleira de uma estante
Numa vitrine de pó para homenagear o que dantes...
Ousara ser unicamente seu, sem de facto ser inteiramente distinta

Toda a saudade é livre e ilusória por não haver uma única História tão exacta no seu instante preciso

sábado, 18 de abril de 2015

DESPERTAR

O deliberado de gostar não tem medida capaz de ajuizar uma carga, um peso, um motivo...
Mas tu insistias tanto em pesar essa tua agonia atirando-lhe à cara motivos de arrelia, argumentos de contrariedade
Investis-te tanto nessa animosidade que agora chorosa presa em lamentos consegues admitir o erro (...menos mal)
Sabes agora que o amor não têm hora nem um tic-tac tão preciso
Sabes também que não se afigura na altura nem no volume "da massa"
Porém sabes que dá calor e hoje sem amor não tens o quente apaziguador com que o céu azul talha as nuvens em sonhos amadurecidos dispostos a se colher

Nisto despertou com o som da torradeira a sinalizar o pão a queimar e para remediar o pequeno almoço, raspou o preto queimado de um passado cinzento nublado, barrando o duro seco e "amargo" com manteiga...

segunda-feira, 13 de abril de 2015

CASTA VADIA

O mais belo dos poemas, é de casta vadia
Não se lhe conhecem parentescos
Fora em tempos gerado na boemia

Tráz em seu ode a direção mais exacta com que inrompe entranhas e ventos
Não é feito de tristezas nem lamentos
Tem a composição sabe-se lá vindas de onde

Há quem diga que são as palavras que rimam com o silêncio
Há outros que o destinguem, por sentido dar á direção
Há ainda quem o sublime na graça do divino
E há aqueles que dão atino à criação, relevo, por não o julgar

O mais belo dos poemas é de casta vadia
Sabe-se apenas que evoca sintonia sem necessariamente ter que rimar
Sabe-se também que substância, sem precisar de ser alimento, num ter que morder, ou mastigar
Sabe-se que no fundo perdura, furando a barreira do tempo
Criando nas palavras argumentos... Num gostar,
que a pulsar a historia não olvida

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A MÁQUINA DOS SONHOS

Antigamente as pessoas olhavam mais longe.
Não olhavam tanto para o chão...
Olhavam perifericamente mais ao redor, contemplado o céu e todo seu esplendor construindo sem se aperceberem o seu mundo dos sonhos.
Hoje porém as mesmas pessoas ainda existem, olhando agora mais para um raio entre quatro paredes, insistindo - quase todas elas- em matar as suas sedes, em um monte de escombros virtuais
Certo é que hoje algumas já nem sonham mais!
Doaram o seu viver investindo o seu ser, em nad(a)os irreais
Uma espécie de números onde se calculam a soma das partes, através  das miudezas dos restos
Contudo dizem as más línguas que a máquina já está a ser criada
Para que num futuro próximo ainda possa  vir a ser comercializada.
E de novo o sonho, na alma possa arder...
A máquina dos sonhos!
E o que dantes era contemplado, e inteiramente gratuito
Será num amanhã recriado com um "astuto" e singelo pagamento ao estado, alienado-nos na fonte de abastecer
Dando-nos de novo os sonhos e a possibilidade de alargar a periferia do nosso viver  
Com realizações alucinantes debitadas por cores de mil volts

quarta-feira, 8 de abril de 2015

ROUXINOL


Não existe um só traço onde um laço não te coubesse
Nem há elogio capaz de resgatar a nobreza
da protuberante beleza das tuas formas

Trazes na tua harmonia algo que me substância tanto... o léxico
Porém não sou capaz de dar razão e ilustrar-te na canção com letras garrafais

terça-feira, 7 de abril de 2015

REBELDE

Para ser um bom condutor de homens, não basta só saber conduzir  
Primeiro, à que saber "onde" ligar-se as sinapses
Segundo convém ter a carta  de condução para encontrar a forma de se insurgir, a "maneira" como chegar
E terceiro, à que prescindir de todos os tópicos (um e dois)
e saber admitir todas as possibilidades...
Para que infindáveis sejam as viagens, dentro de um mesmo destino
 
Todo o horizonte no fundo, é um caminho (...um mesmo dia)
Por ter na sua fonte um sol que não arrefece, e que alumia
Uma chama que clama e não (se) apaga

domingo, 5 de abril de 2015

MELODIA

"Porque a sabedoria é servida com amor
presenteada com carinho
e deliberada como o destino
Por não haver particularidades exactas na sua medida
Nem momentos impares na sua satisfação
Segue assim um miminho
Um beijo
Uma flor...
Com a esperança e o desejo de gostares do odor
De um gesto que distante, galopa triunfante
sob o alto de um suspiro meu"

Olhou uma e outra vez a composição
e com um gesto certeiro do indicador, disparou a melodia
Sem morada, código postal... nem direcção
Apenas com o desejo de querer alcançar
Um horizonte capaz de aglutinar, a mais distante periferia

E sorrindo do lado de cá de uma janela, que na tela, aguarelava uma rua
Engoliu o gesto imaginando o odor, que as palavras transferem quando assimiladas conferem sabor, à plenitude de uma satisfação

quarta-feira, 1 de abril de 2015

VINGANÇA

Se a justiça fosse justa, as feridas não teriam cicatriz

- A custo estancou o sangue da carne e lembrou-se

"Não tinha uma lingua de cão para sarar as suas chagas"

Olhou para os anos no espelho e sorriu...

Haja justiça


A vingança é o petróleo das sociedades

Nada avança sem a perseverança da combustão

Nem nada se insurge se uma lágrima derramada não arder