sexta-feira, 29 de julho de 2011

Justiça dos homens


Verdades duras
Que o calor do sol amolece
Austeridades moles
Que a mentira pontifica

É aqui que tudo acontece
É aqui que tudo ramifica

Sistemas e organizações
Banqueiros da ganância
Empréstimos sem contemplações
Juros fáceis num crédito da tolerância

Governos eleitos por sedução
Tentação irresistível de poder
Enganam um povo iludido
Na fome... com a vontade de comer

Adestrados do umbigo ao caroço
Vergados às contrariedades da vida
O povo fixa raízes num olhar
Submisso e resignado por uma justiça medida

Que só é justa para os outros
Que só é justa para o que convém
Que só é justa porque não contempla
O sentimento de um pai de um filho...
De uma mãe

Governo Banca e Justiça
Ceptro de Neptuno
que em nosso mar impera
E nos tira...gatuno
As migalhas de um pão tão difícil de roer

terça-feira, 26 de julho de 2011

Espiritual


À esquina de uma curva delirante
Pinto a história numa tela
Esbranquiçada de suposições
Que a memória não leva
Que o tempo não guarda
Que a cor não define

Pé ante pé
deixo marcas na areia
num espaço de tempo
nunca maior do que uma maré
nunca maior do que uma recordação
nunca maior do que um momento meu

Pé ante pé
construo caminhos por entre a preplexidade
construo decisões por entre o medo
construo amizades por entre a paixão
construo amor por entre a melodia de um passo teu

pé ante pé
vou mais fundo no conhecimento
vou mais fundo no divagar
vou mais fundo no silêncio
...que me faz acreditar

A espiritualidade é ordem insatisfeita num vocabulário
por se escapar...
à religiosidade lógica de uma doutrina qualquer
É conexão sorridente
sempre que num fio condutor
se alcança a expontaniedade de um brilho interior
Na paz..num sorriso meu e teu

sexta-feira, 22 de julho de 2011

DÁ-ME LUME


Dá-me lume
queima-me devagar
Prende-me em ti
o que em mim é teu

Dá-me lume
queima-me devagar
Educa-me na fé
Do teu segredo no meu

Dá-me lume
queima-me devagar
Afunda-me as mãos
Nesse teu beijo

Dá-me lume
queima-me devagar
Vem rendilhar em nós
O capricho do teu desejo

Dá-me lume
queima-me devagar
Pinta-me na tela
Num quadro só teu

Dá-me lume
e faz-me sonhar...

Alimenta-me num sopro
a brasa que não serena

terça-feira, 19 de julho de 2011

ABSTRACTO


Pestanejo incessantemente
os olhos ao pormenor
descurando tudo o resto
Que as evidências me reflectem num gesto

Em benefício da dúvida
Estendo a toalha das decisões
Fertilizando as flores
Com matéria morta de opções

O abstracto é tudo o que nos escapa
A perspectiva é tudo o que nos distingue

Acomodo-me à sombra de uma nuvem
E sem pestanejar
agarro a atenção de uma mosca que por ali passa
Amplio o foco do olhar
E sinto na brisa de uma folha caída em espiral
as histórias ocultas pelo rodopiar do tempo

As palavras e os sentimentos
foram escritas um dia à flor de um oceano
E sob chuvas e ventos deixaram-se afastar
Hoje as palavras choram sentimentos
E no vento...
O oceano assobia encantamentos
Clamando na lágrima à saudade para se juntar

sábado, 16 de julho de 2011

CONTRADIÇÕES


Digo e contradigo-me
invento-me em contradições
Satisfaço o imediato
em momentâneas convicções

Descrevo e assinalo
Releio e volto a escrever
Sabendo que no amanhã
Tudo irei refazer

Erro educo-me
Corrijo e volto a errar
O erro, erra em mim
Á espera de se emendar

Penso evoluo
evoluindo eu vivo a pensar
Será que vivo para evoluir
Será que curioso vivo a julgar

Só sei que erro
E disso tenho certeza
Que erro constantemente
O erro é a minha natureza

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tempo


Corro á frente do tempo
sempre que as horas me levam
E trago o tempo atrás de mim
sempre que no teu espaço
me presenteias com a tua atenção...

Não tenho todo o tempo do mundo
Mas tenho tempo
Tenho a vida feita num segundo
Tenho a atenção de um momento

Trago nos bolsos um tempo
Faço contas para o multiplicar
Uso-o na atenção de um momento
Uso-o para mais tarde recordar

Pedi a tua atenção num espaço de tempo
Partilhas-te o teu bem com o meu
O instante não parou... vivemos
E nos bolsos o tempo para mim cresceu

Pé ante pé
mudo o instante de um tempo
Pé ante pé
mudo a atenção de um momento
Pé ante pé
rejúbilo na compreenção de um espaço que me dás

Solitários são aqueles
que são pobres de um tempo
por não aproveitarem a vida
No espaço de um momento