sábado, 18 de fevereiro de 2017

CRIATURAS




Todo o homem é um ser oprimido
por não se saber exprimir
o que lá do fundo até à ponta do ouvido
é exatidão,
que pulsa sem hesitar

A alma que cala
É fruto que apodrece no chão
É receio que ao minuto entardece
É instante do dia que se apaga
É chave que não dá com a sua morada
É paixão que não dà ao coração motivos de se ensanguentar

Abstratas e arremessadas contra as paredes
crescem como raios,
fendas...
Nesgas escuras
Abrigando em seu habitat húmido,
estranhas criaturas
Que perecem dia e noite sem dormir
Até o pensamento se lembrar de as mastiguar e digerir,
defecando-as
 Num muro de lamentações

(...)

Um grito foi encontrado à deriva na calçada
em tons violeta, tal era a quantidade  de horas que oxidado se soltara do peito
Trazia cravado na sua estrutura uma ligeira curvatura em "tons" de sorriso
Dizem os estudiosos passivos e convictos, da santa igreja, de que,
após um estado aflitivo, se sobrepõem sempre
Um estado de graça

Haja  fé para que a maré de um quotidiano nos semeie por outras paragens...
Longe do húmido das rachas,
das nesgas dos muros
desta cidade

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