segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2013






Todos os anos há uma ponte ilusória que liga 365 dias a um futuro que está por vir
Todos os anos há uma festa para inaugurar esta ponte que nos aproxima...
Não da outra margem, mas de nós
Da réstia de verdade que nos caracteriza
Todos os anos por esta altura há uma festa
para comemorar um quê
que ninguém sabe...
Mas todos o sabem invocar pelo nome

Ano Novo
Quimera de ser o que não é
ignorando um velho que ficou para trás
já bem gasto de sonhos
Chamam-lhe de Ano Novo
Na ilusão imensa do desconhecido
que valoriza um tudo o que cresce
e pune um todo o que míngua
Ano Novo para tentar superar e esquecer o ano que passou
No balancete que se perfaz
a cada final de ano
Onde a factura é penosa
e o défice imenso
na discrepância entre a apatia e a valorização

Para 2013 a minha mensagem é simples
como simples é a minha vontade de simplificar
Faço votos para que possam haver
bem mais noites do que dias
Menos matemática e mais poesias
Mais espontaneidade e menos ponderações
Menos desigualdades...
E mais emoções
Para os corações eternamente vitimas
Das mãos que se afastam de um abraço


Um óptimo 2013


domingo, 30 de dezembro de 2012

QUANTO É PRECISO




Quanto é preciso de noite para se sonhar?
Quanto é preciso crer para se voar?
Quanto é preciso de canções para se ouvir?
Quanto é preciso de vergonha para se assumir?
Quanto é preciso de problemas para se questionar?
Quanto é preciso de frustrações para se mentir?
Quanto é preciso de fome para morder?
Quanto é preciso de progresso para evoluir?
Quanto é preciso de poder para ser feito?
Quanto é preciso de engano para não se repetir?

Quanto é preciso de homem para ser pai?
Quanto é preciso de coragem para não se fingir
Quanto é preciso de números para se concluir?
Quanto é preciso de dormir para acordar?
Quanto é preciso gostar para se apaixonar?
Quanto é preciso de escuro para se ver?
Quanto é preciso de lágrimas para sarar?
Quanto é preciso de arrepios para se surpreender?
Quanto é preciso de mãe para ser mulher?
Quanto é preciso gastar para se ter?

Quanto é preciso de saber para se sentir?
Quanto é preciso de respostas para se concluir?
Quanto é preciso de vontade para amar?
Quanto é preciso de ignorar para se perdoar?
Quanto é preciso de distancia para ter saudades?
Quanto é preciso de apatia para se abraçar?
Quanto é preciso de agua para se benzer?
Quanto é preciso de sangue para viver?
Quanto é preciso de deserto para se achar?
Quanto é preciso de verdade para se acreditar?
Quanto é preciso de perguntas para se esclarecer?



sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ATITUDE




A atitude é um sentimento deliberado de mobilidade
                                                         que contraria as entranhas da ponderação

MONÓLOGO

Do núcleo ao infinito
só um amor saberá pesar
este meu grito
Num universo interior
pelo qual eu me sinto...
Em corpo periférico
e ignorante
Através do qual eu me minto
Que a coragem de criança
ficou guardada algures na lembrança
de um complexo momento
Em que atiramos as culpas ao tempo

Cobarde-mente oculto este meu grito
Compondo naturezas mortas
Sem eco nem gizo
Sem ira nem valentia
Na qual eu me rendo
Sempre que por um conselho me escondo...
E me defendo

Desculpas sem haverem culpas
Culpados sem haverem desculpas
Oh ignorância de ser
De entregar-se ao escuro
o desejo
Na ilusão parca de viver

Prudente e sorumbático
sou o artesão dos cacos
Varridos...
Pedaços estes
outr`ora vivos
De uma memória
que faz história
Por entre reflexos
... Paralíticos



sábado, 22 de dezembro de 2012

INQUIETUDE





Viver na apatia é morrer de instantes
Instantes de poesia é viver na inquietude

sábado, 15 de dezembro de 2012

MEIA VOLTA

Volta e meia toco em ti
Irrompendo o espaço 
da tua indiferença
Atravessando a exactidão
sem que a distancia prevaleça
Procurando por mim em pedaços teus 
Plantados e materializados 
algures por parte incerta 
Retalhos provados 
Momentos vividos
Histórias de um fado
no tema 
de uma música incompleta

Volta e meia toco em ti
Por entre um sorriso...

Da meia volta que me alimenta
E fico assim a olhar daqui
Inquieto
Que no teu desejo eu prevaleça

Volta e meia volto aqui

e leio as palavras que ao longe te escrevi
Ruborizo aceitando
e prevaleço quieto
Aguardado...

Que por onde quer que estejas 
eu estarei cá
E também aí
Como daquela nossa primeira vez

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

FELICIDADE




A felicidade é uma parva que se afigura palhaça...
Sob um olhar atento da inveja
                                                                       

domingo, 9 de dezembro de 2012

**** ?

É da forma que um todo quer
Seja ele homem ou mulher
Idoso ou criancinha
Carne doce e gulosa
que se amontoa apetitosa
rente a um peito de menininha

Tens o molde
de qualquer palma da mão
Por onde passas
chamas a atenção
Todos te querem tocar

És o desejo
que a ganancia anseia
Geras corrupção
E não vais parar à cadeia
És impunidade na mais fina flor....

Na politica todos te adoram
Todos te anseiam
Todos te imploram
Tudo te quer abocanhar

No mundo és de longe
a maravilha mais bela
Quando passas ao redor
Tudo te bate a sentinela
Todos te querem provar



sábado, 8 de dezembro de 2012

FAITH



Se acreditares nos sonhos e fores coragem de verdade o impossível pode ser perfeito

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

IGNORÂNCIA

Se um dia a ignorância fosse um verso
O mundo seria uma canção
A desgraça a fortuna
E a fé a salvação

O homem  a melodia
A mulher o violão
O casamento a alegria
O  sexo o refrão

O sentimento seria exacto
Para a paixão bastava um olhar
Para o amor um contracto
Bastava só assinar

Seria tudo felicidade
Bastava só ignorar
Como um sonho que passado
Capaz de se realizar

*Para ser ignorante... basta só estar atento






segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

MÉTRICA DA APROXIMAÇÃO

A distancia é um pensamento cobarde e profano
quando um homem se esconde nas horas
e as distingue como jóia num relógio de pulso

A distancia não se traduz em tempo
no pensamento
Se não...
Na coragem assumida por sentimentos
Isentos de qualquer métrica que não seja
a aproximação

Amor é saudade de tudo aquilo que passou
É realidade de um tempo que gerou vida
Que ganhou novas vias
e brotou...
Deliberadamente recordações

Quando há saudade
A distancia nem sempre indica espaço
Nem o tempo
as horas
Para num pensamento
a realidade te tocar

A distancia é uma questão relativa que enobrece os homens que não se curvam ao tempo

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DIAS QUE SE ACABAM




Todo um beijo é incapaz
quando no escuro não se perfaz
o encontro de uns olhos que se aglutinam

Quando a palavra não toca
a ignorância é eterna...
E a loucura do homem enferma
nos dias que se acabam



domingo, 18 de novembro de 2012

IMAGINAÇÃO


No mundo real
a ficção
é quem mais ordena

A realidade
essa
só existe dentro de ti

Tudo mais...
É imaginação

sábado, 17 de novembro de 2012

GUEIXA

A justiça é uma perversa
que sodomiza
com unhas de gel
Que semeia números redondos...
Na pele
E que rouba da carne
a cor do sentimento

A justiça é uma gueixa que se queixa...
Educadamente
Dentro das regras
Que provoca
e que desfoca...
O sono da plebe

A justiça é um Kamasutra aristocrático
É obra feita a martelo
Que açoita e prega o grito a punho
Do homem digno e inconformado

A justiça é uma vadia
que não contempla uma democracia
Carregada de ladrões
Famintos de luxuria
impregnados de razões
Todos eles impunes à desgraça que semeiam

A justiça é uma foda
Que penetra e que incomoda
O discernimento e a paz
de um corpo torturado
que não se refaz
Pelas prevaricações de uma puta

A justiça só é "justa" porque é feita sempre à rasquinha

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

EXCELÊNCIA





O cansaço é apenas uma forma do corpo não te deixar chegar aos extremos
É lá que habitam os sonhos a excelência e a distinção... que faz do mérito dos capazes a ignorância dos outros...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

AMOR E VENTO

Amor e vento
sem hora marcada
Corrupio desatento
num desejo de se achar

Amor e vento
Em rota desequilbrada
Angustias e alentos
Futuro por desvendar

Amor e vento
Histórias mal contadas
Incógnitas pelo caminho
Sem planos nem rumo

Amor e vento
Obras inabalavéis
Por entre números e evidencias
Sem destino nenhum

Nas viagens do amor e do vento
só as folhas do Outono conhecem os seus caminhos

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

LUME






                                             Sentido único é ilusão
Ilusão a dois é partilha

Sentido único é ignorância
Ignorância a dois é cobardia

Sentido único é omissão
Omissão a dois é tortura

Sentido único é solidão
                                  Solidão a dois é sem sentido                                  

Toda a unidade se torna fragilidade quando ausente mora a sua chama

sábado, 10 de novembro de 2012

DEMOC?ACIA





A democracia será um dia justiça
quando a fome tiver pão
e a prosperidade não for só ganancia
Ávida e cega de razão

domingo, 28 de outubro de 2012

NUMERO DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL




Roça-me a hálito da tua boca
e sopra-me ao ouvido
Descodifica-me o pin da tua história
Leva-me a viajar pelo teu corpo
de traço rendido...
Acelera fundo!
E dá-me poder
Para ler
o saber
Dos teus olhos quando se fecham


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

INDELÉVEL




Ninguém nos avisa que vivemos um sonho
Só os sonhos revelam o indelével
nas manhãs...
Que algures num passado
tivemos tão perto de o abraçar




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

INSTINTO ANIMAL

Predador
Carnívoro
Sonhador
Compulsivo
Sexo
Carnal
Volúpia
Animal
Suor
Desmedido

Carne
Quente
Saliva
Ardente
Murmúrio
Dormente
Toque
Profundo
Vibrante
Persistente


Ritmo
Agudo
Grito
Indolente
Tesão
Incandescente
Língua
Húmida
Gulosa
Apetitosa

Corpo
Trémulo
Sangue
Efervescente
Pudor
Ausente
Coito
Vermelho
Molhado
Extasiado

Cama
Alagada
Pensamento
Perdido
Beijo
Ousado
Sorridente
Desejo
Satisfeito
Vencido

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

RESPONSABILIDADE

A responsabilidade tem frio
Ela não vai nua...
Sai para a rua de corpo vazio
e ornamenta-se das cores mais belas
que a cumplicidade tem para lhe dar

Poucos a entendem
mas muitos são os iludidos
Baralhados
Despidos...
No traço comprometido
de um corpo tão cru de se achar

A responsabilidade
não se cobre de vaidades
Nem se veste de perfeição
Ela entrelaça-se
na teia do afecto
sempre que na espontaneidade 
de um gesto
A consciência se espelha na razão

A responsabilidade tem frio
Ela não vai nua...





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VONTADE




Aprender não pode ser imposição ou uma obrigatoriedade se não se busca na liberdade a vontade de crescer

LAMÚRIAS





Se na pintura de um grande mestre
encontras a lógica num abstracto
Porque duvidas da palavra
Quando de sentido te perdes
por entre linhas...

Volta atrás desse tempo
e abraça a atenção que te resta
Há-de haver tanto vento
que te solte o cabelo da alma

Acorda...
Não tenhas tempo
Hà-de haver um momento
que o desatento se atenta
Deixando-se de lamuriar
...perdido de sentido
Esquivando-se de penar
Num abstracto rendido
À espera de um vento
capaz de o resgatar

Atropela o significado de ser
Anoitece a chama de existir
E enruga-te prematuramente
Mas...
Nunca por nunca
deixes que a tua perspectiva morra
sem ser passada para o papel

A vida é feita de lamentos e uma boa dose de espera

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

IMAGINÁRIO





                              Há tantas palavras no imaginário do meu desejo...
                                              Que todas são poucas
                                                 para que de acerto
                                                      me moldem
                                                      a tua boca
                                                  nuns lábios meus
                                                   Desejosos de ti
                                                  amantes dos teus...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VISIONÁRIOS DO AZIMUTE


No anzol da oratória
Poesias mil
Narradas por colarinhos brancos
Dão tamanhos encantos
a políticos sem sal
Numa conjectura nacional
que não serve para servir
Se não para...
Se servirem de um povo

Presidentes
e Governos
Maiorias
e oposições
Todos têm o azimute
E em nenhum deles
se vislumbram soluções

Bandidos
escumalha de entendidos
Que regem
e desgovernam
Uma nação
de subnutridos

Disformes
Enganados
Reprimidos
Humilhados
Vagueiam sofridos
uma nação de carenciados
Desgovernados
Por uma classe engravatada
Que de suor pingam...
Um pouco quase nada
Indiferentes à dor
À agonia de um grito sofredor
Que ecoa ao longo deste país
Indolor...
Com o vazio que a fome propaga

Já nem a terra aos olhos cega
Nem o pão alimenta
a mentira que sustenta
O homem reprimido

sábado, 15 de setembro de 2012

SEM O SER








Sempre que me encontro
abraço-me até as lágrimas
Para lavar a dormência
dos dias que me escaparam

Sempre que me encontro
arrepio-me por entre desejos
De não ver ao longe um sonho
 a se perder no longínquo horizonte

Sempre que me encontro
inspiro-me por detrás de pálpebras cerradas
Para que a luz de uma sombra guardada
seja moldada e fadada
de um tremendo contentamento

Sempre que me encontro
Sou apenas um pouco mais de mim
Sou o ser sem o ser
Sincero e infinito
O eu que me gostaria
Neste meu imenso labirinto

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CATWOMAN


A lua vai alta
o teu sonho também
E eu aqui sozinho
continuo firme...
À tua espera
A imaginar-te baixinho
Estrondosamente no meu peito
Desfeito...
E refeito
de um passado que sorveu
Engolido num mar de um beijo
De um desejo
num sonho nosso...
Meu e teu
Faz-me tão mal esta distância
Que por vezes convenço-me
que não sou mais eu
mas o que ficou de mim
De um alguém tremendamente apaixonado
Gosto tanto de ti
que chego até
a ter vergonha de mim
por me entregar assim...
Tão claro e evidente
Antigamente
sabia viver ausente
...sem ti
Mas confesso que hoje não sei
Gosto de ti e pronto...
Sem princìpio nem fim
Como uma semente que há muito
já trazia dentro de mim
Só faltava regar
Para a ver crescer
e no castanho dos teus olhos
me sentir a palpitar...
A acreditar
Neste  meu novo florescer





quinta-feira, 30 de agosto de 2012

INSATISFEITO

O que me vale achar
Se ao encontrar-me
Tudo o que paira à minha volta
é incompleto...
Abstracto

O que me vale o sensato
quando o homem é inapto
No seu viver...
Inseguro na sua bravura

O que me vale a compreensão
se vivo num mundo sem fé
Injusto e inexplicável...
Sem razão

O que me vale o pensamento
Se tudo o que sinto por dentro
não cria raízes por fora...
É insatisfeito

O que me vale...
É a palavra!
É nela que me rendo
É por ela que me aconselho
e me defendo
Que este é um tempo
Em que o mundo dorme lá fora

sábado, 25 de agosto de 2012

TELEVISÃO

Acomoda-te ao sofá
e liga a televisão
Vem ver a desgraça
e a miséria a acontecer
Toda ela compactada
por mil canais de informação
E fingir que dá gosto
dar atenção...
Ao enquadramento da tela
que manieta e sequestra o prazer

Traz as pipocas para a sala
hoje não perco esta guerra
Onda de terror e sangue
dão o mote...
Ao top
da ignorância
Que a todos cega
Que em todos grita

No intervalo da barbárie
faz-se um zaping até ao parlamento
...mas por pouco tempo
Para não perder na segunda parte
...pitada
De uma família desempregada
que sobrevive na miséria
Com um pouco quase nada
do quase tudo que um governo subtraì

E de novo...
No epicentro do conflito
surge em directo um repórter
para nos dar conta
da intensidade de um grito
Preso na boca de uma criança
Que perdeu um seu ente querido
PAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIII...
Agonia pura
Coração partido
que é vê-la chorar
Em seu olhar distorcido

A desgraça..
A fome...
E a miséria...
Passam aqui todos os dias
Em primeira mão
Num plasma de uma casa qualquer
Que nos subtrai
e esmiúça em "polegadas"...
A atenção
Num corpo desacreditado de crer
Cinza de fogueira
sem chama para viver
Amarrado e preso
a um comando de televisão

domingo, 29 de julho de 2012

Mar


Eu sou fruto querendo virar flor...
Pedaços de sentimentos boiando náufragos em meus pensamentos, nem sempre claros, mas sempre recolhidos de um mar que é meu

sábado, 30 de junho de 2012

Metades

 









Há uma porta entreaberta
onde se contemplam metades
Há um meio e um caminho
onde a solução acena ao longe
Há uma metade que se insurge
E há uma outra meia metade
que se esconde...

Há metades que são simplicidades
onde se acomodam as desculpas
Há um todo de verdade e perfeição
quando se caminha e crê no mundo da ilusão
E há apenas o haver sem nada fazer
para que haja uma profunda e inteira revolução

Há um imediato momento
em que colidimos por pensamentos
Há um passo equidistante
onde brotam as saudades
Há um haver de querer
sem nada ter feito
E há um querer de viver
por tudo o que perdemos

Há meias metades
que no sempre se contemplam
Há metades de metades
que diariamente se ignoram
E há outras meias metades
que para sempre..
no sempre choram




quinta-feira, 21 de junho de 2012

SABEDORIA







Toda a unidade é sabedoria

quando se distancia

de um seu pensamento

Por não haverem espaços vazios

nem tempo

Para divagar sob existências

Que não cabem no seu preciso exacto

Imediato

Momento



segunda-feira, 21 de maio de 2012

OLHOS DE CRIANÇA




Na gravilha desta estrada
vou compondo no alcatrão poemas
Para que os caminhos
não sejam tão distantes
Nem as paixões uma contrariedade

Nas paredes da cidade
vou escrevendo canções de amor
Para que as andorinhas
voltem sempre com a Primavera
a construir os seus ninhos
sob os beirais

A cada passo que dou
vou compondo na terra fados
Para que calcados
Sejam semeados...
Rebentos
Num abraço
com aromas a manhãs de verão

No litoral deste olhar
vou alinhavando quadras...
Molhadas de sentimento
Para que as vagas do tempo
não sejam por nunca lamentos
Mas sim lembranças
Momentos
Dos dias que passaram
e que ficaram...
Em olhos lacrimejantes de petiz

sexta-feira, 18 de maio de 2012

SUOR


Moldo-me à pele
do teu traço
por me querer essência
Matéria odorífera
a flutuar...
Suspensa
Sob corpos nus
que se subtraem
e se atropelam...
Por entre lençóis
que amarram
e novelam
O orvalho
na teia de um suspiro

Adoro pingar de um sangue que é teu
Coagular nas paredes
os movimentos abstractos
Perspectivas
alusivas
à dinâmica dos retratos
Das posições sutricas
subordinadas...
Ao ritmo incessante do prazer

Entorno a cabeça ao céu
e apanho-te no extremo de um grito
Num êxtase molhado, prolongado e aflito
Em conter toda a satisfação
que da carne fermenta
Numa pele que não aguenta
A febre que do sal se escapa

Na cama semeados
Ficámos literalmente prostrados
Extasiados
A contemplar um tecto...
Pintado
Abóbada Sistina aguarelada
Geometricamente pintada
Por emoções
que a lógica
jamais irá um dia alcançar

terça-feira, 8 de maio de 2012

CUIDAR




Se o vazio um dia chegar
e no pensamento eu nada ser
Jamais serei paixão
Nem espaço em ti que me ampare...

Não me prometas o céu
se da terra não colhes a flor
Não prometas o mundo
se tens medo de viajar descalça
Não me prometas um amanhã
se no imediato
é sempre tarde de mais
Nem me prometas nada...

Fica apenas
e fecha os olhos
A cada beijo meu

Porque amar é utopia
daquele que vive na saudade
Amar é poesia
na palavra que o poeta esqueceu
Amar é um quase nada
que um quase tudo não sabe explicar
Pois amar
é um tão e somente apenas…
Num simples e só cuidar

sexta-feira, 27 de abril de 2012

CLARIVIDÊNCIA

Materializo no espaço
de forma indelével
A sensatez que formiga
Em olhos que choram

Adormeço todos os dias iludido
E acordo diariamente
confundido
Num novo começo

Uma lógica que não duvide
Num passo que não suponha
Um abraço que simplifique
Inteiro !
Que dignifique

Uma clarividência
nunca dada
Uma sinceridade
transparente ...
Guardada
No espaço sensato
onde me sinto

À espera de um novo dia
adormeço
Na esperança
de me acordar
A cada manhã
no crepúsculo
de um novo começo
Onde não seja manhã ignorante
Dos dias de apatia
de um sonho
que a noite comeu

segunda-feira, 23 de abril de 2012

ALVORADAS

Todos os dias
perco o nascer do sol
A aurora do despertar
O cântico do galo que amanhece
a vida no seu acordar

Perco os dias
sempre que me levanto
A cada dia longe de ti
Fingindo não ouvir o teu cântico
Perco-me do amor
por não haver rigor em mim

Perco o nascer dos teus olhos
Em cada manhã...
a cada alvorada
O aroma do café
e o odor da manteiga
sob as torradas
Perco as ruas
Perco as estradas
Perco-me um pouco mais assim...
Bem sei

Roubo-me sempre
Efectivamente
E a todo o final do dia
Reflicto
Perpetuando em adormecer
Cansado sem entender
Os dias em que me driblo
Dos dias em que me finto

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Noite e Dia


De olhos fechados
Rasgas o tempo
Lambendo as feridas
Aproximo a distância
num segundo
Provando o sabor
de um pensamento
És menina mulher de um sonho
Na forma feminina
que me atormenta
e me alimenta
nesta noite escura...

Lembro-me do caminho...
Da estrada...
De um jantar
em que fomos trilogia perfeita
Eu tu e nós
De uma noite
em que valorizamos no toque
o prazer a cada gesto…
Até ser dia
De um quarto em que fomos a perfeição
do beijo...
Na métrica dos corpos suados
Lembras-me de tudo…
Da noite
e do dia

Lembro o morno
centígrado do toque
carne na pele
Do número de pestanas
com que me beijavas
e roçavas...
Em teu jeito borboleante
Lembro
do suor contido
por detrás das tuas pálpebras cinéfilas
Dos murmúrios estimulantes
com que me envolvias
na teia dos teus cabelos
Do prazer das tuas unhas
hieroglíficas em minhas costas

Lembro-me do todo que foi paixão
Da vila...
Da estrada
Da noite que amanhecia
Recordo-me do prazer que foi união
Dos corpos "num"
Da noite
até ser dia

PERSONALIDADE


Quando sou opção
Dentro da equação
Torno-me incógnita
de uma variável

Quando não sou suposição
Viro um resultado inteiro
Sem qualquer vírgula que me atrapalhe

O homem para o ser
é preciso crer
e da matéria fazer uso

O homem não esquece
nem desaprende
Apenas se ignora

quarta-feira, 28 de março de 2012

Coragem e Imaginação


Vou-me vestir com a palavra
e despir as horas
do meu corpo
para que a solidão
não seja uma eternidade

Vou colorir as nuvens
e apagar
o negrume da minha sombra
Para que os dias
não sejam sonhos
que a noite esqueceu

Vou-me alheando em lembrar
de tudo aquilo
que me apoquentou
Para que num amanhã
me molde com o acerto
Do melhor que em mim ficou

Coragem e imaginação
é tudo o que nos distingue

domingo, 25 de março de 2012

Um todo parte de mim


Há dias que sou um todo
de um nada que há em mim
Um sol incandescente
um todo ausente
a uma carência de ti

Tem vezes que sou assim
Um todo parte de mim

Tem dias que o sou
por teimosia
Tem outros que sou...
Só porque sim
Só porque me esqueço
que viver atado
a regras
a um passado
Não é o que mereço
Não faz parte de mim
Desta vida
cansada e poetizada
Sem uma lógica
inteiramente acertada

Por isso escrevo
Respiro sem duvidas
E visto-me do avesso
Porque há dias assim
Em que me sinto
Um todo parte de mim

Repressão democrática


Ata-me com a regra
e instiga-me o medo
Para que a sombra do receio
seja maior que um passo
Chicoteia-me devagar
até não poder mais
Sodomiza-me
a teu belo prazer
Até o sangue coalhar

Reduz-me de autonomia
o pensamento
Para que o sol seja frio
e a chuva se alheie do vento
E que confuso
pare de buscar informação
na coragem
"bela adormecida"

Democraticamente
vandalizados da realidade
segue o povo sofrido
Cansado, humilhado...
mas ainda assim
convencido
Que a essência da vida
jámais será esquecida
No espaço Anárquico
que um sonho contempla

quarta-feira, 14 de março de 2012

BOLHA DE SABÃO



Presente...
Imediato...
Instante...
Momento...
Tão fugaz
Breve
Efémero
e transitório
Tão passageiro...
Tudo é tão ínfimo e insignificante
Quando um nada se envolve num
todo o quanto se perdeu

terça-feira, 6 de março de 2012

Alucinação


Encontrei-me com a lua
solto num chão
de mármore
Preso
pelo o cordão
umbilical
que me alimenta
a carne...
Dispersa
Na ilusão
que a minha casa
é aqui neste chão
Leito onde me deito
enrolo e me calo
Num turbilhão de emoções
que não cabem em mim

De quando em vez
toco no tecto
Sem sair do chão
Na loucura
de visitar o incerto...
Imensidão
Essência carnal
que me faz tanto mal
quando o sabor
a sal...
É ausente
De um gosto coincidente
À distância
que me rasga de ti

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sonhos


Sonhos
são ideias gravadas
no enclave da impressão
nas palmas da tua mão...
Que se difundem
no infinito
Sempre que cerradas
com vontade de definir nas veias
o fluxo de um grito
Ensanguentado num mar venoso
que de um oceano não tem medo
...de se afundar
De se descobrir
e ousar
atitude em todas as formas de um seu pensamento

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Simplicidade


Faço acertos com a simplicidade
Poetizando até...
Imediatos que não foram
Presentes que não o são
Um tudo aquilo que não é
Sob uns olhos atentos
que perscrutam candura
Sintetizando de ornatos
toda a brancura
Pétala por pétala
Numa dualidade
um todo ausente
mas que ainda assim presente
Em toda a sua essência
Sem justificar
nem me importar
de um todo concreto
Que não ficou, nem fica
Num espaço
onde o tempo é vaga que desperta
assola e apaga
toda a areia molhada
Que a vida assoma
sem deixar qualquer dúvida

Não tenho qualquer formação académica
Mas sou catedrático de um meu sentimento

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Evolução


A evolução
é o movimento que confere solidez
Ás estruturas que se distanciam
da inércia
O poder da atracção
não é mais que
o movimento da deslocação
de um corpo
Convergindo para
o sublimar de um acto instantâneo

Por mais bela que seja a obra
jaze sempre
a sombra de catástrofe
associada a evolução

Evoluir usurpa destruir

Tudo o que é soma
tem nos seus genes
a unidade
na sua essência
Bem como
tudo o que se eleva
tem no seu chão
a estirpe
de um passado nunca esquecido

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fragilidade


Se soubesse cantar
a letra do meu texto
As minhas canções
seriam um êxito...
Onde a tua referência
estaria sempre lá
Em quadras de sentido
Nas rimas simples que afagam o ouvido
E dão luz ao cinzento dos dias
Por não haverem
melodias em mim
ausentes de ti


Quero abraçar o modo
que te preencha
A fórmula para lá do imediato
Num amanhã evoluído
... que desconheço
Onde não serei pensamento
Nem fragilidade
De um carinho teu

Abraçar-te é tudo o que preciso
Sentir o teu calor
Abafado... omisso
E segredar-te ao ouvido
Segredos
De uma pele que te quer tanto

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Equação de amor


Se pudesse eu...
descrever uma equação que traduzisse a emoção que me causas ...
Seria uma soma tão simples que a simplicidade não equacionaria tanta unidade dentro da mesma equação