quinta-feira, 30 de abril de 2020

TENTAÇÃO IX




Perco-me na tentação por não me importar de errar,
 em vão, 
ao me atrever arriscar, 
por terras do tão apetecido.

Há um risco indelével a separar dois actos.
O acto da tentação de um acto de uma boa ação. Isto porque, ambas se depresiam e desvalorizam quando saltam cá para fora sem guardar a chave, do que outrora, era um segredo.

Observo daqui tantos enredos em que me envolvi. As histórias que foram histórias e os momentos que não passaram de breves instantes.
Não há dúvidas de que,
nada voltará a ser como era dantes. Depois de um tempo de isolamento...

Nenhum sorriso será tão preciso ao se arredondar, num sentimento perpendicular, nos lábios de uma boca.
Nenhum beijo trará guardado no desejo o mesmo travo almiscarado de um já ivalidado passado, que passou.
Nenhum gesto será recordado com esperança, de ser resgatado. Quando no palco de um presente se amontuam, corpos sobrepostos, a um alegado prazer que a demência anulou.

Há uma espécie de ganância mundana, que nos instiga a desejar a tentação.
Há uma desleal emoção a pôr-nos constantemente à prova
Há vontades rebeldes a saltarem ininterruptamente à corda, dentro de nós. Como uma criança que não se cança de tentar, até alcançar em bicos de pé, o bolo mais colorido da vitrine.

Obreiro e realizador dos meus segredos vou-me arriscando,
perdendo-me de tentação em tentação,
eu vou ousando.
Transgredindo a métrica da sedução.
Sigo o meu norte,
sigo arriscando...
Atrevendo-me a violar as regras sem me importar de acertar com o rumo do destino
Que seja ele qual for o caminho, será sempre tão incerto.




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