segunda-feira, 15 de junho de 2020

SINAPSE OCULAR





Como se alimenta o olhar se o paladar é tão necessário e, está só ao alcance da boca?

Será que basta dar aos olhos mais animação, cores, formas, sabores, vinho, "sede", luxuria, tesão?
Será que é através das boas ações que motivamos o pirilampo maestro que há dentro de nós a iluminar toda a córnea ocular?
Será que um bejo basta para alimentar a chama?

Será que desentoxicar com meditação, jejum intermitente ou não, leitura, música, alimentação, sol, desporto, culinária... não bastará para, polir as sinapses sensoriais e de novo voltar a carborar?
Será que há um brilho que, tal como a pele que fica mais baça com o passar do tempo, também este possa se gastar um dia?
Será que a riqueza das fontes só podem correr inadvertidamente sem a acção directa do homem?

Será que voltar a aprender a brincar é a solução para resgatar a criança que há em nós?
Será que só brilham os olhos, que são mais amigos e parceiros da sua voz interior?
Será que o brilho do olhar é mais espectacular naqueles em que uma mãe é no sempre presente nunca deixando os seus filhos órfãos?
Será que são os sonhos que nutrem um olhar?

Será que te deixas roubar pelos outros, o teu brilho?
Será o amor em todas as vertentes do o seu fulgor, quem nos abastece?
Será que ver e calar, viver omisso , cobarde, fraco, destorcidamente humilde é a razão para o apagão do olhar que tanto nos ensurdece?

* "O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano tudo isto contribui para esta perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for suscetível de servir os nossos interesses"

* José Saramago 



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