segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Exactidão
A palavra dura o tempo exacto
de um momento
Que na ponta de uma caneta
Desliza sob o desígnio
da oração
O segredo dura o tempo exacto
de uma brisa
Que na evidência de um gesto
Murmura curiosidades
em aromas de paixão
A recordação dura o tempo exacto
de um eco
Que num vale côncavo
grita com energia uma eternidade
A vida dura o tempo exacto
de um arrependimento
Que num instante...
Do tempo
Degenera
ao sabor da insanidade
A poesia é um sonho dentro da utopia
Num perfeito e definido discernimento
sábado, 24 de dezembro de 2011
Acerto
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Iludido
"...Não há noites tão longas que não encontrem o dia..."
Nem estruturas desequilibradas
Que não se encontrem num passo
Quando me perco da atenção
Tudo faz sentido
Quando me encontro na ilusão
Tudo faz sentido
E já nada faz sentido
Quando a atenção na ilusão em mim não mora
O sentido é tido
Quando a atenção em mim és tu
O sentido é tido
Quando em tua atenção eu estiver
O sentido será iludido
Quando a atenção só em mim se achar
A unidade apenas existe
Para nascer e ao morrer
O ser para viver...
Seremos!
Como num passo
Que no singular saltita
e que só num plural caminha
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Cores sob cores
Assoma do alto de mim
Para que a olho nu
Aviste a grandeza da pequenez
Conta-me histórias
em retalhos de novelo
Para que em seus pedaços
A ideia não se disperse
...nem despereça
Dá a volta à serra
Rompendo novos horizontes
Descobrindo odores e outros sabores
Para que a perspectiva
Não entorpeça
Nem a escrita envelheça
E a palavra vá ganhando tons...
Cores sob cores
O arco-íris vai arredondando
A malha colorida vai-se compondo
E o vazio de um espaço
ruboriza agora, as cores da definição
Para que o antes e um depois
Se contemplem sem questionar
Num beijo aromático
Perversamente excitante
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O guião o improviso e a surpresa
O nosso encontro só podia ter sido perfeito
Eu com tudo planeado...
Jantar, conversa e um bom vinho para beber...
E à tua chegada esqueci-me de tudo
Que o muito já era bem pouco para te oferecer
Quis surpreender-te com as estrelas
Mas no brilho do teu olhar me perdi
Ao ver que descodificavas o esquema
Do guião escrito e planeado para ti
Rasguei os papéis e assumi
que a simplicidade valia mais a pena
Do que um céu estrelado
Ou um guião bem montado
Que teria que ser eu mesmo
Sem receios
Nem cautelas num passo improvisado
Rendi-me assim às evidências
Ao desarme do teu sorriso
E saímos endiabrados
Rumo ao destino...
A caminho do improviso
E não é que acertamos!
O paraíso era já ali
A lição que ficou foi bonita
O guião o improviso e a surpresa
Teatralidades num palco da vida
Passados presentes que substanciam
A nossa Natureza
A bruma de um todo
domingo, 11 de setembro de 2011
Morde-me cão
Morde-me cão
Injecta-me de raiva
Para bater de frente
com a regra infligida
Faz-me uivar cânticos
pela noite perdida
Para que no amanhã
a aurora desperte diferente
Morde-me cão
Injecta-me de raiva
Espuma da minha boca
a agonia que corrói
Castra do peito
a opressão que destrói
Para que em meus passos
eu ande direito
Morde-me cão
Injecta-me de raiva
Corta-me o sangue
Se beber for preciso
Morde-me a carne
se de fome carecer
Para escapar à demência febril
do ser...
Que ignora e cala
Morde-me cão
Injecta-me de raiva
Para fintar a dormência de tempos idos
Para agarrar momentos capazes e conseguidos
E recordar silêncios...
Encriptados na pele daqueles
Que um dia em mim ficaram
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Sopro do vento
Água e Sal
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Selvagem
Procuro dúvidas em mar alto
Mas da praia não as avisto
Procuro pra lá do horizonte
Na curiosidade incerta do imprevisto
A curiosidade é meu deleite
Que suavemente piso com satisfação
É vento que induz movimento
Instigando contentamento...
Alimentando a paixão
As amarras do cais são soltas
e a dimensão da terra é perdida
O ser selvagem emerge curioso
Com instinto de se agarrar à vida
Arrisco...
Petisco...
Aproveito...
Invento...
E volto a inventar
Na aurora de um novo dia
A cada um novo despertar
Quando a curiosidade é selvagem
Tudo é sugestivo
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Lágrimas
Num espaço absoluto e infinito
Abraçaste o teu pai
Com a vontade de um grito
Dizendo-lhe num abraço eterno
... e bonito
PAI... TU ERAS O MEU MELHOR AMIGO
Sob uns óculos escuros ignorantes
A lágrima escorreu-me do rosto
Denunciando sob um "óculo posto"
Uma lágrima derramada...
Que me acusou num quase nada
O quase tudo que sou
Rendido revelei ao mundo
A minha tristeza
Assomando com clareza
A minha vontade de gritar
Expressa numa lágrima
Capaz de me denunciar
A lágrima que lava o rosto
Busca no seu leito
Os caminhos da verdade
É ela que pincela um olhar triste
E aguarela o choro da felicidade
O sentimento fica tão despido
quando a palavra é filtrada
... e amada
Na afeição de um gesto
Que o frio que de intempestivo
Torna a tristeza abençoada
De uma lágrima chorada
Num acto controverso
Fica sempre tanto por dizer
Fica sempre tanto por contar
Fica sempre tanto...
Quanto num pranto fica por chorar
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Serenata de improviso
Fiquei deste lado a imaginar
Sem que de fotos fosse preciso
Contemplar com exactidão
A magia desse teu sorriso
Foste mais fundo na ficção
"do sonhar é preciso"
E compus esta canção
Serenata de improviso
És delicada no movimento
De quem sabe aquilo que quer
És magia do homem que sonha
És um sonho em jeito de mulher
Desde logo senti que o eras...
Apelidei-te de perfeição
Hoje deste sentido à palavra
E deste luz à minha razão
Dizem que a perfeição não existe
Hoje vi-a por aqui a passar...
E há pouco toquei na vida
com vontade de a agarrar
Levo-te comigo para os sonhos
Um sonho difícil de ser vivido
Levo-te no futuro e no presente
Com a ilusão... do "podia ter sido"
Para todas as "perfeições" do mundo
Só há uma de mulher
É aquela que nos dá a mão um dia
E à noite é o corpo quem nos quer
Se a perfeição existe ou não
Quem sou eu para o julgar
Mas a perfeição deve ter um tempo
Um espaço e uma forma de se manifestar
sábado, 20 de agosto de 2011
O som da palavra
Ninguém rouba o som à palavra
Apenas a escrita propaga esta penitência
Ocultando a fonética
e esticando a razão
Tocar alguém com a palavra
É como beijar de olhos fechados
Difundindo a compreensão
Na noite que o dia não vê
É num abraço
crer para lá de um verso
Que acolhe perverso
a ausência de uma rima
É folha que baila no ar
Ao ritmo de uma página cifrada
Que a todos toca
...num quase nada
Sob diferentes melodias
Compor a palavra
É dar sentimento
à lágrima que salga o rosto
É dar paladar
ao verso com odor a gosto
É dar nobreza à voz
que cala um tempo
E manifestá-la
Na espontaneidade do traço
A sagacidade de um só momento
domingo, 14 de agosto de 2011
Melancolia
Curiosos...
movem seus corpos vazios
Desejosos...
seguem despejados ocos e incompletos
Impacientes...
Preenchem a ilusão de um espaço
Com mais estrelas do que num céu pontificam
Verdadeiros
Julgam-se diferentes entre “iguais”
Melancólicos
Apelidam ao estado de alma
Por não admitir
A condição vazia em que se encontram
Melancolia não é um estado de alma
Melancolia é um estado vazio
É carência consciente
Na tristeza do ser
A alma apenas persiste
no domíneo das ideias
Num estado vazio
Para ser "muro das lamentações"
De tanta contrariedade
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
A Verdade
Catedráticos do conselho
Todos ousam uma verdade
Catedráticos do conselho
Todos procuram aos 7 ventos
Resposta para tanta contrariedade
Catedráticos do conselho
Todos "pirilampeiam" segredos de cauda fundida
A verdade...
A verdade
é mentira num amanhã serpentiante
A verdade
é segredo que dorme no fundo da orelha do elefante
A verdade
É uma mentira a longo prazo
na ignorância contínua de uma vida sabida
A verdade sem entoação
é um mas...
A verdade escrita
é um se...
A verdade é verdadeira
quando se oculta nas melodias de um búzio
e nos leva a viajar na espuma flor de sal
Em vagas perdidas de uma onda em alto mar
De olhos fechados desperto os sentidos
Da ignorância do ego
Do prazer do arrepio
Da informação desconexa
De olhos fechados vou mais fundo
tocando no acerto
Mantendo-me desatento...
Vou mais fundo na minha atenção
A verdade é uma dúvida "sabida"
...e sempre no sempre, mal respondida
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Noite
Um dia será dia
Quando da noite não tiver medo
Um dia será dia
Se nas manhãs da noite ousar em segredo
Um dia será dia
Sob um céu nublado
Se ao caminhar pela chuva
A vontade se aninhar a meu lado
Um dia será dia
Quando do sol já não precisar
Oferecendo a cara exposta
Sem receios de a queimar
Um dia será dia
Quando no ocaso descansar
E num final de jornada
Em teus braços me agasalhar
E num crepúsculo...
A noite será dia
Na manhã de um dia qualquer
Na forma curvilínea feminina
No teu corpo sexuado de mulher
A noite será dia... um dia
quando no escuro em ti tocar
clareando um amanhecer
Num brilhante despertar
A noite um dia será...
Até ao poente de um sol pôr
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Justiça dos homens
Verdades duras
Que o calor do sol amolece
Austeridades moles
Que a mentira pontifica
É aqui que tudo acontece
É aqui que tudo ramifica
Sistemas e organizações
Banqueiros da ganância
Empréstimos sem contemplações
Juros fáceis num crédito da tolerância
Governos eleitos por sedução
Tentação irresistível de poder
Enganam um povo iludido
Na fome... com a vontade de comer
Adestrados do umbigo ao caroço
Vergados às contrariedades da vida
O povo fixa raízes num olhar
Submisso e resignado por uma justiça medida
Que só é justa para os outros
Que só é justa para o que convém
Que só é justa porque não contempla
O sentimento de um pai de um filho...
De uma mãe
Governo Banca e Justiça
Ceptro de Neptuno
que em nosso mar impera
E nos tira...gatuno
As migalhas de um pão tão difícil de roer
terça-feira, 26 de julho de 2011
Espiritual
À esquina de uma curva delirante
Pinto a história numa tela
Esbranquiçada de suposições
Que a memória não leva
Que o tempo não guarda
Que a cor não define
Pé ante pé
deixo marcas na areia
num espaço de tempo
nunca maior do que uma maré
nunca maior do que uma recordação
nunca maior do que um momento meu
Pé ante pé
construo caminhos por entre a preplexidade
construo decisões por entre o medo
construo amizades por entre a paixão
construo amor por entre a melodia de um passo teu
pé ante pé
vou mais fundo no conhecimento
vou mais fundo no divagar
vou mais fundo no silêncio
...que me faz acreditar
A espiritualidade é ordem insatisfeita num vocabulário
por se escapar...
à religiosidade lógica de uma doutrina qualquer
É conexão sorridente
sempre que num fio condutor
se alcança a expontaniedade de um brilho interior
Na paz..num sorriso meu e teu
sexta-feira, 22 de julho de 2011
DÁ-ME LUME
Dá-me lume
queima-me devagar
Prende-me em ti
o que em mim é teu
Dá-me lume
queima-me devagar
Educa-me na fé
Do teu segredo no meu
Dá-me lume
queima-me devagar
Afunda-me as mãos
Nesse teu beijo
Dá-me lume
queima-me devagar
Vem rendilhar em nós
O capricho do teu desejo
Dá-me lume
queima-me devagar
Pinta-me na tela
Num quadro só teu
Dá-me lume
e faz-me sonhar...
Alimenta-me num sopro
a brasa que não serena
terça-feira, 19 de julho de 2011
ABSTRACTO
Pestanejo incessantemente
os olhos ao pormenor
descurando tudo o resto
Que as evidências me reflectem num gesto
Em benefício da dúvida
Estendo a toalha das decisões
Fertilizando as flores
Com matéria morta de opções
O abstracto é tudo o que nos escapa
A perspectiva é tudo o que nos distingue
Acomodo-me à sombra de uma nuvem
E sem pestanejar
agarro a atenção de uma mosca que por ali passa
Amplio o foco do olhar
E sinto na brisa de uma folha caída em espiral
as histórias ocultas pelo rodopiar do tempo
As palavras e os sentimentos
foram escritas um dia à flor de um oceano
E sob chuvas e ventos deixaram-se afastar
Hoje as palavras choram sentimentos
E no vento...
O oceano assobia encantamentos
Clamando na lágrima à saudade para se juntar
sábado, 16 de julho de 2011
CONTRADIÇÕES
Digo e contradigo-me
invento-me em contradições
Satisfaço o imediato
em momentâneas convicções
Descrevo e assinalo
Releio e volto a escrever
Sabendo que no amanhã
Tudo irei refazer
Erro educo-me
Corrijo e volto a errar
O erro, erra em mim
Á espera de se emendar
Penso evoluo
evoluindo eu vivo a pensar
Será que vivo para evoluir
Será que curioso vivo a julgar
Só sei que erro
E disso tenho certeza
Que erro constantemente
O erro é a minha natureza
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Tempo
Corro á frente do tempo
sempre que as horas me levam
E trago o tempo atrás de mim
sempre que no teu espaço
me presenteias com a tua atenção...
Não tenho todo o tempo do mundo
Mas tenho tempo
Tenho a vida feita num segundo
Tenho a atenção de um momento
Trago nos bolsos um tempo
Faço contas para o multiplicar
Uso-o na atenção de um momento
Uso-o para mais tarde recordar
Pedi a tua atenção num espaço de tempo
Partilhas-te o teu bem com o meu
O instante não parou... vivemos
E nos bolsos o tempo para mim cresceu
Pé ante pé
mudo o instante de um tempo
Pé ante pé
mudo a atenção de um momento
Pé ante pé
rejúbilo na compreenção de um espaço que me dás
Solitários são aqueles
que são pobres de um tempo
por não aproveitarem a vida
No espaço de um momento
domingo, 26 de junho de 2011
Errante
A escrita e o amor
dependem da paixão para evoluir
Como tal...
não existe evolução sem inspiração
Tal qual...
não existe amor sem ti
Sempre que lambes as feridas
A distância aproxima-nos
Sempre que te esgueiras
Contrariando as sombras
Surpreendes-me em pensamentos
Sempre que ecoas por brisas e dás voz á tua inocência
Contrarias o desacerto...
Dos dias em que ouso despertar
Aprisionas em tua boca
Recordações agri doces
Que engoles devagar
Respiras o nectar da minha existência
Num cigarro pronto a tocar o filtro
Num vocábulo oprimido
Tocas-me
Quente... com vagar
Num silênco apertado
Ousando na palavra
Roçar o sentimento
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Pranto
A culpa é quente
Ela é dormente
Ela aquece na mente
Daquele que julga...
E sente
Brincando ao desacerto
E iludidos no erro
Restituimos dúvidas á nossa razão
E entregamos o acerto á ilusão lógica dos muros do tempo
Fingimos juventude na entrupia dos dias
Com um cordel preso na ponta do dedo
deixando o sentimento flutuar á deriva
num céu onde as nuvens, já não moldam um sonho
Acatando a “alvidez” dos cabelos brancos
Perpetuamos em comum acordo
Na teimosia de um despertar
Recordando passados que já não voltam mais
A desculpa é mole e fria
Quando arrelia
e penitência
O penar do arrependimento
Na palavra a evolução é a minha constante
Há tanto de ti escrito em mim...
Que um céu é pouco
para descrever este meu pranto
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Espaços de tempo
Pendurei na parede do quarto
um quadro com as palavras que te escrevi
Para soletrar no escuro
a penitência dos meus dias de acerto
Do texto que compuseste
fiz dele a minha tabuada
Para que em nossa aritmética
o resultado fosse sempre divisível
E que a liberdade no espaço
se traduzisse em aperto doce, em nosso leito
Sem ti nada disto seria possível
Eu não seria o hoje
nem tu nem nós seriamos o amanhã
Mas seriamos seguramente alguém
Gente diferente em nossos sonhos
Pessoas destintas em nossas cores
Individualidades variadas...
no gosto que um gesto lhe confere
Este texto também não existiria
nem haveriam palavras lúcidas para o explicar
Por isso traduzo momentos
Para que os vazios confiram conexões
coerentes em suas evidências
Por vezes sem lógica mas com muita razão
Há espaços de tempo que ficam eternizados
muito antes da palavra... ser dia
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Ser único
Matas-me com a palavra
Sempre que a vírgula
Faz rimar a exclamação
Sinto-me único e absoluto
sem peias nem restrições
Sempre que misturas nos meus dias
O aroma e o gosto
... de um gesto
... de um traço
... de um olhar que é teu
Fazes-me sentir bíblico e sublime
sempre que descalço
caminho sob um mar...
Confiante que no mundo dos porquês
a imersão dos meus pés nus
flutuam na estabilidade de um passo
Imperioso e soberbo
indiferente e omnipresente
Pairo sob mim, em ti
Numa dualidade perfeita
que materializa as formas de um todo
No corpo e no espírito...
De uma alma que amanhece
Cuidando de nós
tudo fica mais próximo de se tocar
E nem o tempo é imenso
Nem as distâncias são desmedidas
Quando no imediato
se perpetuam de boas intenções
segunda-feira, 16 de maio de 2011
BOLA NO PÉ
Pingos escorrem pelas paredes
Num balneário húmido de decisões
Perscrutindo a tensão que arde por dentro
Num grupo de homens
trajados pelas mesmas cores
A fé e a crença de ganhar
O sucesso em querer vencer
O nome a cada constituição
O sonho com a camisola das quinas
É a vida...
É a ilusão
É o jogador de futebol
Anos ininterruptos de privação
Meses suados focados no objectivo
Dias de aplicação sublimando a eficácia
Horas de sacrifício enganando a dor de uma lesão
Minutos “borbuleantes” de entusiasmo a cada um novo jogo
Tudo isto é pouco...
Quando por dentro o sonho chora mais alto
Livre na forma de amar
Espontâneo na sede de um gesto
É a vida
É o futebol
Sentido e sabido
por aqueles que pisam firme
o tapete mágico dos sonhos
Onde tudo acontece
E a alma se engrandece
A cada inicio de uma nova partida
sexta-feira, 13 de maio de 2011
PERFEIÇÃO
Ainda que...
Amarrado em tua pele
Sob aromas e cheiros
Me trouxesses preso
ao sabor da tua boca
Eu nada seria sem a tua sede
Ainda que...
Pintasse a paixão nos teus passos
E que o vento assobiasse
o meu nome ao teu ouvido
Eu nada serei sem o tua vontade
Ainda que...
Moldasse o algodão das nuvens
E que o céu te assinalasse
por atalhos e vielas
o caminho da minha casa
Eu nada seria sem o teu desejo
De volta em volta
Há condutas que se quebram
De tempos a tempos
Há momentos que não são dias
De lés a lés
Há a inspiração que um beijo não sucumbe
Pé ante pé
Há sempre alguém
que abala por dentro as nossas estruturas
terça-feira, 10 de maio de 2011
RAZÃO
A lógica comeu a razão num dia assim...
Conquistando num gesto, o domínio de um passo
A confiança...o sentimento...o amor...
Tudo o que sentimos sem explicação é a nossa razão
A lógica subtraiu coragem á razão
E a coragem mirrou...
Humilhando-se a cada novo dia
na covardia dos dias sempre iguais
Educou sem razão...
Assentando e edificando a base lógica
Desvalorizou o sentir da atracão
no comodismo do imediato
Construiu cidades e países
sob doutrinas lógicas
que se valorizam em detrimento da razão
Não é lógico distanciarmos-nos da família
Mas sem razão essa lógica toma todo o seu sentido assertivo
Não é lógico haver desumanidade
Sem razão tudo é possível
Não é lógico governos e políticos exercerem mandatos
desgovernando a fome de um povo
Sem razão tudo é lógico
Nações que se erguem sob aproveitamento de crises
alheando-se da razão sob premissas lógicas
Mal gastam o homem
A lógica cresceu tanto
que hoje consegue ter raiva até de nós próprios
Consegue ter pena...
A raiva brota da lógica por não haver razão de existir
Crer na razão parece tarefa árdua
Mas é tão e somente crer... acreditar
Viver rodeado de razão
é tão perfeito que Éden e o seu jardim
Perderiam todas as suas maçãs
pela razão de não haver lógica que a substancie
Todos temos uma história para construir
Todos temos uma razão a defender
Todos somos poucos quando de lógica o mundo urge
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Rotinas
Vagueio silencioso pelas ruas desta cidade…
Por entre olhares surdos que não vêm
Na dormência de passos mudos que não sentem
Por entre a aura cinza das vestes da minha gente
Sei da história de todos eles
dos sulcos que cavam em suas direcções
Do cão que por tudo ladra
Das ilusões e amores que padecem
Da rotina diária a cada bica de café
Impotente como uma lágrima suprimida
numa garganta musculada pela agônia
...acompanho o actuar da marcha do tempo
que a tudo escoa a informação de tempos idos
Quando o peso do barril de petróleo e da moeda é mais relevante que a "politica monetária interior"... o sentimento é mero escudo de outr'ora
Impávido e expectante
evito a vaga de hipocrisia social
purificando na palavra
a luz que elumina a verticalidade dos meus actos
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Evidências
Por detrás da desgraça
Vivem os negócios mais rentáveis do planeta
Em cada foco de miséria
Há um nicho de riqueza que prospera
A cada corpo caído e mutilado pela fome
Há 21 gramas que se evaporam
E se materializam
Na cartola mágica de um magnata
Algures no telhado de um arranha-céus
O diabo pisca um olho
sempre que o “business” prolifera
E palmei-a o iludido
com um sorriso nos dentes
Enquanto abruptamente há alguém que se atira de uma falésia
Toda a desgraça é notícia
Mas ser desgraçado... Não!
Foi-se...
O trajecto para a morte não importa
O que interessa são os "quilos" de sangue presos nas rochas
A informação é veneno ilusório
O estado é soberano e as migalhas são democráticas
A droga de um povo
é a sua subserviência
Quando os poderosos não governam a indústria da cocaína
Toda a droga é penalizada
Prescrita e em conformidade com a lei
A mesma droga adquire um nome mais pomposo e elocutório
numa legalização de "estupefacientes"
Sendo assim tolerada e admnistrada
em maços de tabaco com letras maiúsculas
MATA
Mas como diz o povão ignorante
“ o que não mata, engorda”
Nas ruas, no metro, nos shopings...
Proliferam os bancos alimentares
E a dúvida persiste...
Será a desgraça que pisca o olho
Ou
Será o diabo que é mau e empurra as pessoas da falésia?
As evidências já não se escondem da vergonha
Hoje a vergonha é que se esconde das evidências
terça-feira, 19 de abril de 2011
Hesitar
Apareces e desapareces sem deixar rasto
Rodopias como uma folha
caída num vento de Outono
Que já não baila
na incerteza de uma brisa
Que já não dança a coreografia em espiral
na obra de um grande mestre
Deixas mensagens em palavras ocas
Sem miolo...
Futeis na cavidade do sentir
Vazias na ânsia de um desejo
Vais e vens como a espuma de uma onda da praia
Que se omite sempre que á beira mar
beija a areia indefesa
E vais construindo esse teu mundo
num rodopio afunilado
á sombra do teu umbigo
Hoje estás cá e queres iludir
Amanha estás lá e queres ocultar
Vamos fazer já?
E vencer o tempo
Ou será melhor depois...
Deixarmos arrefecer a imprudência?
Laços que se apertam no desejo
Relações que se materializam num beijo
Corpos que se encaixam e se amontoam
Num morder de lábios incessante
sábado, 9 de abril de 2011
Reconhece-te
Descrito num texto
Jaze a mais bela história de amor
Que nos rouba o passo de um chão
que é tão fofo de se pisar
A imaginação enche-se de prespectivas
E a vontade de desejos
O vazio transborda de afectos
E ao longe as rosas acenam
Engodos coloridos em seus anzóis
Alucinadas pelo toque
Salivam as glândulas
Num apetite extremo e sequioso
Ávidas de se banharem
Nos cheiros e nos sabores
Que se condensam num pálato
Refinado de suposições
O saber não se empresta
Nem o amor é claro e evidente
Como vem pormenorizado nas quadras de um livro
Amor é sabedoria
Saber...
é amar!
“Dar e receber... devia ser
A nossa forma de viver”
segunda-feira, 28 de março de 2011
Robin Hood
Hoje o governo caíu
Amanhã há eleições
Vamos votar?
Vamos construir o monstro?
Deputados do artifício
Vestem a máscara sorridente em dias de campanha
De barriga cheia, bolsos vazios e arrogância presa no dente
De promessa em promessa...
Cartomantes da ilusão fundamentam perspectivas aparentemente risonhas
Atirando em suas cartas perniciosas probabilidades ...de um jackpot órfão de taluda
Lá fora, na rua desta cidade
As varandas da minha gente adornam-se de placas da moda
VENDE-SE
Mas já ninguém sabe ao certo o que se vende
Uma lágrima mal nutrida, um apartamento escuro... uma família sem alma
Cá em casa sou só eu e tu
A querer aprender esta lógica do "desengano"
Onde a soma que regula a esperança vem cravada nas leis e nos artigos
De uma constituição que só causa dolo
Intrépido pego no altere e alimento a força...para que ela nunca me abandone
Abro ao acaso a bibliografia do "Mandela"...para que a audácia esteja sempre presente em mim
Irreverente vou construindo peça a peça o "Robin Hood" que emerge do desequilibro da raiva contida, deixando para trás um quotidiano cobarde demasiadamente acanhado
Dificeis de suprimir vou compondo pinturas rupestres, escrevendo sob a rocha dura
A prosa covarde que a todos apoquenta
sábado, 5 de março de 2011
as meninas da minha praia
Olhares que se cruzam
Sorrisos que se tocam
Incertezas que se entrelaçam num desejo...
A minha praia é assim !
É sal que tempera a pele morena
em sombra branca de biquini
É cheiro a cremes de fruta exótica
que despertam apetites
É corpos molhados que rejuvenescem
num reflexo atento de uns oculos de sol
Na minha praia
As cigarras cantam ao longe
Sonorizando o verde da serra
As raquetes dançam á beira mar
em movimentos sensuais
E em coreografias voluptuosas
toalhas sacodem repetidas vezes
um piscar de olho a tentação
Tatuadas de areia e sal
jazem ao sol as meninas da minha praia
Apurando e refinando a maresia
Espalhando cores e exotismo á inspiração
Fazendo das nuvens do meu céu azul
Sonhos curvilíneos e ilusões serpentiantes...
Adicionando sorrisos e a certeza
de que amanhã voltarei a cá estar !
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
gritos mudos
A falta de humanidade difunde-se no asfalto
Intoxicando e desprezando a natureza humana
O grito inocente já não contagia
Compor respeito e inspiração que dilate a menina do olho
É como encher os pulmões e gritar de baixo de água
Há pessoas que continuam a gritar...
Que choram por justiça
Que solução por piedade
Que calam pela fobia do medo
Que destilam sangue sempre que mais uma pedra lhes acerta
Que sofrem torturas por manter a tradição
Que sucumbem na fé... do apedrejamento
Há pessoas que calam
Que ignoram a desumanidade
Que compactuam com a barbárie
Que comungam de mãos nos bolsos a indiferença
Há pessoas que aceitam a crueldade de garfo e faca na mão
O eco propaga-se e causa vibração
Nas mais belas colinas do topo do mundo
Redigir um texto contagiante
Capaz de oscilar com as estruturas da estagnação
E remover a toalha do desacerto
É profilaxia que busco na palavra
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Fragmentos e prespectivas
O sentimento de vazio ganha espaço
As formas frustradas de não se entender o jogo
Creditam Ilusões soluveis de posse
Sem resultados no preenchimento da “peça da verdade”
Que todos imaginam saber
O que é a felicidade
Será a apoteose no cume da escada monumental do prazer
Ou será repentina
Inesperada
Que chega no fio da navalha sem avisar
Brusca e fria como o perigo
Na origem do léxico reúno fragmentos de prespectivas
Condenso em meditação o lapidar do diamante
Desmultiplico o desacerto e bebo da fonte
Polindo a palavra na forma e na fonética
Que vai dando nexo a natureza das coisas
Quanto mais educado eu sou...
Quanto mais dedicado eu crio...
Quanto mais zeloso eu dou...
Mais próximo de mim eu estou
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Tudo aquilo que não fui
Carrego o poder da existencia
na corda lassa de um trapezista
Conduzo os passos devagar
A cada despertar...
Na inércia do uso
Trago no bolso o segredo
Que os livros simulam em revelar
E guardo na prática os ensinamentos
Na apatia de um acordar
A lógica nasce na fragilidade da ignorância...
O espaço que nos escapa habita por detrás de um detalhe
De um, quase que...
Exprimo somente o que sinto e o que penso
De uma maneira espontânea e verdadeira
Sem que para isso grite aos 7 ventos
a sinceridade que abarco
Com as rédeas na mão vou soltando o açaime
Com prudência, para que a cobardia não me assole
Vou clamando a minha opinião sem pedir desculpas
Com a convicção e a crença de voar
Na metamorfose segura e serena
De flutuar ao vento nas asas coloridas de uma borboleta
Poderia ter sido tudo aquilo que não sou
Hoje sou tudo aquilo que não fui
...apenas alguém
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
prostituição
Geradora de ilusões
a mais velha profissão do mundo
ganha dignidade na ostentação de um luxo podre
Será a ultima a morrer com fome
Degradando tudo e todos aos que se submeterem
Aos seus jogos de luxúria
Cravado na pele o cheiro empregna a alma escrava
Desanimada como o putrefacção de uma carne fedorenta
Animais de colarinho branco vão ditando as regras
Na ejaculação de um fluido tóxico
Que envenena o espirito na malha da conveniência
Prostituindo uma miséria servil e obdiente
O interesse arquitectado ganha formas
Num arroto fétido...
Num sorriso ignóbil que arrepia até a essência
A avidez esculpe estalactites pontiagudas
Em argumentos miseráveis sem olhar a meios
De forma a tirar um ressultado forçoso
De corpo vandalizado e olheiras que a devasidão come ao sono cru
Jazes tu prostituição que canibalizas até a tua propria sombra
Vitimizando a ganância de tocar e ser tocada
...com toda a devoção
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