sexta-feira, 20 de setembro de 2013

NÓ NA GARGANTA

O dia em que o sol se entardeceu na garganta
Um soluço nasceu
O corpo gretou
Regrediu...
Envelheceu
Num mudo pensamento

Fermentaram-se no estômago engolidos
despojos de matéria deglutidos
em ácidos incapazes de os converter

E calei...
Mudo e calado
caminhei
Vivi
Saqueei
Vidas de outras vidas tantas que eu já nem sei
Mas vivi
ainda que longe de ti eu me sentisse tão perto

A loucura é mesmo assim
Só perdura dentro de ti
para desafiar o compasso do rigor
Mas como nunca fui doutor
Deixem-me estar...
Pois nestas questões do amor não há meias voltas a dar

A não ser que se enfrente a criatura de frente
e se rasgue a barriga bem rente ao umbigo
Para lhe mostrar as entranhas
E não haverem duvidas tamanhas
tenebrosas castanhas
Das noites que embora ausente adormecia-mos juntos
Enrugados no meu travesseiro

Sem comentários:

Enviar um comentário