terça-feira, 12 de agosto de 2014

ÍMPAR

Paga o que deves !
Se não deves nada a ninguém, contraí a divida.
A vida não é para ser perdida na estabilidade de uma normativa. Onde um zero de um saldo positivo...mas que puta de zero tão redondo... se traduz na brandura de jogar só pró empate, sem saber bem o que é jogar e sentir os sabores de um orgasmo quente na boca.
Ou o que é sentir na garganta um grito aflitivo de vitória por ter arriscado os últimos cobres da algibeira. Ou foder todos os desejos que imaginas que realizas e te concedes em cada masturbação, saciando-te a fome... Sim, pores à boca as melhores iguarias e dando-te a beber o melhor dos nectáres.
E dormires tanto... tanto tanto, que hibernes meses a fio só porque lá fora está frio e tu cá dentro tens uma preguiça do caraças.
Embriagares-te da alma aos cotovelos até te roçares no inusitado de outras perspectivas.
Ir aos quatro cantos do mundo e registrar as tuas insígnias como um alpinista que ao escalar os Himalaias pontifica lá de cima a sua bandeira.
Tirar dos livros a leitura de um sonho que alguém escreveu, saltar alto sempre que as emoções te preguem ás entranhas, brincar feito criança que imagina mais fundo, o mundo do faz de conta, namorar em qualquer lugar, porque todos os espaços são possíveis para realizar o beijo dos apaixonados, a cada esquina.
Intoxicar-te de nicotina ou a uma outra substância qualquer acabada em "ina", que te dê asas para voar, adornando ao pormenor a criação de expor cá para fora todo o verso que se afunila no inverso da tua pele.
Correr quando te apetecer mesmo que estejas descalço, ou até numa repartição de finanças, morder até ao abocanhar das gengivas, pintar até se acabarem as cores.
E sonhar, ai tão bom! Sonhar e amar, sonhar e amar, sonhar... Como o tic tac de um relógio que nos faz lembrar que lá fora o mundo pulsa sem ser tão preciso.
Arrisca, grita, fode, come, dorme, bebe, viaja, lê, salta, brinca, namora, apaixona-te, fuma, cria, gera, pinta, masturba-te, realiza, voa, corre, morde, espreguiça-te, ama e sonha...Sem nexo de haver ordem para a desordem daquilo que te inebria.
E se o saldo continuar a ser zero, arrisca no que se foda... Sê ímpar!
Contraí a divida

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