Ele era um muro das lamentações
Duro alto imponente
Como qualquer pedra dura e surda
deve ser
Chorava pro dentro privações
Realidades escuras inertes
Difíceis de compreender
Era mais vivo dentro de um sonho
do que numa vida rendida
Sonhava mais fundo que um horizonte
Experienciava o desejo
sempre à sua medida
E ruminava nos dias ausente...
Indiferente
à vaga coerente das paginas dos jornais
Um dia o destino apresentou-lhe a paixão
E num mundo real ele quis voltar de novo a viver
Deixando para trás a dormência dos sonhos
Aninhando-se à realidade
que só uma boa razão pode ter
E provou do apetecido
Deu vocabulário próprio ao escuro da noite
Tonalizou na pele o sal do desejo
E rendeu-se à dor
Sempre que o amor
o vandalizou...
Pensamento da carne
Num abraço atou o tempo
No seu peito deu leito à sua amada
E na memoria guardou a sua história
para que a chave nunca fosse revelada
Encriptando o segredo na melodia dos dedos
No trilho das palavras
(...)
Se no tempo a felicidade te escapa a correr
é porque acreditas muito devagar
Sem chama para aquecer
esse teu outro lugar
Um desejo imenso de se querer
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