segunda-feira, 14 de julho de 2014

VALE CELESTE DAS EMOÇÕES

Não me apago no sopro de uma vela
Nem me incuto de esquecimento...
Não induzo a memória para que a história
seja contada na palma da minha mão

Semeio passos no caminho da minha ida
Decomponho a informação a rigor
para que a dor não tenha o peso de uma despedida
E adestro a teimosia de me ser
ainda que saiba que assim, nem o seja
Na ponta desta margem equidistante

Treinar a sinceridade é o meu maior fingimento
Com o qual brindo à saudade
com um copo de tinto, cheio de atrevimento
Nas noites em que a agonia do lamento
engole a custo o cuspo
que me encaroça a garganta

Livre sou eu quando me resgatam os pensamentos
Quando desatento piso
O vale celeste das emoções
A memória é uma parábola que nos conta a história
de um pensamento livre mas sonolento
Que amealhou informação desmedida
para alimentar fantasias do vento
E se degradou por entre conexões imprecisas
que lhe apagaram os sonhos

A liberdade só existe no pensamento
quando desatento és tu
No vale celeste das emoções

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