sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A CIDADE

A cidade sou eu e as reticencias...
É um habitáculo de um carro
com o radio ligado
que não me diz o caminho...
É um telefone cravado no olhar
que não me presta atenção...
São os cheiros que não alimentam
nem os parcos sorrisos me sustentam
o território da alma...
É o alvoroço da pressa
a querer escapar
para não se denunciar
à futilidade...
São os toques mudos
que arrepiam o desalento
por camuflarem as mãos nos bolsos
a maior parte do tempo
o desapego da jornada...
São os passos no caminho
que dão fome aos passeios...
É a saudade que no alto da cidade
procura pelos pombos
que emigraram sem avisar que partiam
para se fazerem gente noutras paragens...
São as estradas as ruas e as artérias
que são sempre poucas
para alcançar tanta individualidade...
São as multidões impregnadas de lamentos
que se procuram por interrogações
respostas que nem são as suas...

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