domingo, 22 de agosto de 2010

Metamorfose


Nas rochas escarpadas construidas em mar alto
Edificas a minha falésia
No ponto mais belo e perigoso dos precipícios
Onde o vento me ampara
Preso num olhar teu
Onde os teus cabelos me roçam
Fixos na quimera que me incitam o verso

Pontificas o meu abrigo
Sob a arrebentação das ondas em pedra talhada
Que me uivam canticos delirantes
Com a rima presa na quadra
Capazes de moldar a razão
Á identidade que me rege

O perigo lá em baixo
Não mostra o risco
Dos meus pés tactearem a berma erosiva
Que corroi lentamente
A queda suprida
No desvaire que credita fé em ti

Estendo os braços para te abraçar
Entrelaçando os meus dedos nos teus
Segredo-te em surdina os nossos desejos
Ramificando gavinhas sob todo este penhasco
Fazendo da rocha terra fértil...
Metamorfoseando até a espuma da maré
No mais nobre nectar que alguma garrafa de segredos
Poderá um dia ocultar

... no tempo, na paz, e na fé

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