domingo, 16 de março de 2014

TIC TAC DO TEMPO

Há tempos, via as horas a passar por mim com mais minutos
Antigamente as tardes pareciam mais longas, e haviam dias que para passar pareciam meses
As estações eram tão mais vincadas de cor, que a terra quando molhada emprestava mais cheiro ao verde
que brotava, das paredes... Um musgo que deixou de constar nos presépios
Lembro-me como se fosse hoje
As manhãs eram vividas até ao fundo, com tanta fome que um prato não chegava para saciar tamanho apetite
Lá atrás via o meu mundo a pulsar, tão devagar, que as horas ganhavam o odor das amoras, a brotar das silvas
Os aniversários esses, eram tão precisos, que a idade com sorte só chegava lá bem pró final ano

Será que o tempo mudou ?
Ou fui eu que me esqueci de acertar as horas ?
Será o tempo curto, que nunca chega ?
Ou sou eu que raramente me chego... A chegar mais próximo de mim ?
Será o tempo que corre de sapatilhas ?
Ou sou eu que calço as sapatilhas e sigo por aí caminhando ?

Da próxima vez que me cruzar com o tempo vou-lhe medir o pulso e anotar o ritmo no papel
Assim serei talvez capaz de me aproveitar, quando o vir por aí a pular, desalmamente pela melodia do tic tac dos ponteiros




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