quarta-feira, 5 de março de 2014

DELÍRIOS

Tudo o que me incomoda é um sorriso
Um rasgo impreciso da boca
Um olhar que me roça sem tocar
A direcção da tua voz perpendicular
O teu respirar tão distante do meu

Embaraço-me sem me denunciar
Respiro fundo sem me abastecer
Dou voltas à cama, na ânsia de te encontrar
Acomodando-me ao ciúme sem me fortalecer

Argumento expectativas improváveis
Errantes realidades vistas daqui
Delírio do desejo ao avistar miragens
Oásis de solidão ao ter-te longe de mim

Todos os dias acordo sem me levantar
De olhos abertos, observo, sem necessariamente depreender
Que o que me incomoda persiste em me chamar
ao cerne da questão, no presente, de um verbo haver

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