Hoje fugi de mim. Não fui atrás das horas, do hábito de me perder no tempo, nesse complexo caminho que se ousa haver sentido. Em que um homem se atira de cabeça para as rotinas diárias e se entrega a essa frequência, só para daí extrair um mísero e parco sustento.
Quis antes sim, recordar-me da criança que ri, desenvergonhada, por não trazer na imaginação a sua imagem particularmente pesada, ao ter perdido um ou outro dente. Do petiz que tropeça invariavelmente, quando corre ao brincar na rua, esfolando os joelhos sem se importar, com a cor das calças que iram roçar, no sangue, na cicatrização das suas feridas. Do miúdo que joga à bola a tarde inteira, bem para lá do apito final dos 90 minutos de um jogo de futebol. Que sonha com os dedos de anémona curiosos, em poder tocar no mundo dos adultos, só para te escrever...
Aproximar-me na escrita de tudo aquilo que sinto é um dom, que ouso sem o ter. Muito embora, estes sejam os momentos em que mais gosto de interpretar este meu viver.
Em toda a parte, em todos os momentos, aqui e aí, há sempre novas possibilidades de haver um recomeço, que pode ou não andar moribundo, ou até, já ter expirado o seu período de validade.
Há decisões que a ignorância de tão abafada já nem alcança.
Há noites que, por serem escuras, só nos conseguem iluminar a vontade dos sonhos.
E há em qualquer caminho ou lugar, sempre alguém, que no meu caso em particular serás sempre tu.
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