quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

LIBERTINO

A loucura só existe e persiste
por sermos tão normais

Quando a tesão grita por dentro
a raiva segreda á paixão
que o corpo é o alimento
e o sal é a cura

O desejo
é então pintado em tons quentes
De vermelhos incandescentes
Ruborizando as carnes nuas
de enclausurados pensamentos

O libertino é invocado
cuspido e escarrado
numa deliciosa imoralidade
O sentimental é arrancado da compostura
A delicadeza é esbofeteada sem ternura
E o sensato deixa de ser exacto
para dar lugar a um imediato
tão longe da compreensão

Grunhidos gemem lânguidos
alimentando as almas
com movimentos ininterruptos
Compulsivos
Odorizando os espaços
Enobrecendo as formas
na coreografia dos actos

Os beijos mordem-se
As mãos beijam-se
Os corpos fluem
O sexo lateja
O prazer é solto
esticado ao infinito
É livre !
Desembaraçado do conflito
É suor !

E no ar
jazem agora os corpos
Humedecidos
Soltos  das amarras
enraizadas no chão
Extasiados
arranhados e rendidos
Saciados na neblina dos sentidos
Acreditados numa fé plena
de ter transgredido
uma moralidade
Pelo inteiro da satisfação

Toda a loucura é uma composição extrema
que procura uma cura
num solido sustento

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