A minha voz é a irmã da escrita
É delas a mais frágil
a menos bonita
Mas é a mana mais sincera
a mais espevita
Diz tudo o que lhe vem à garganta
A minha voz
muito embora menos atrevida
É a mais efusiva
A menos adornada
A mais tímida...
Ela cora e fica atrapalhada
Engasga-se e soa a cana rachada
Por se sentir ouvida ao ser usada
Então cala-se e é comida
Numa boa parte dos silêncios que engulo
A minha voz
é órfã de pai e mãe
Nunca lhes conheci os seus progenitores
Ainda assim adoptei-a
Assumindo todas as responsabilidades
Caso algum dia por oralidades
saia à rua de formas menos precisas
A minha voz é irmã da escrita
E hoje é ela que se serve do traço
para se sentir a mais bela
A mais bonita
Quando se soletra e se dita
em seus modos de composição
Ao se aninhar na (tua) atenção
Pelo ressoar de um (meu) pensamento
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