"Você pode saber o que disse, mas nunca saberá o que o outro escutou"
* "saberá"
Tu só descobres o divino quando te apercebes que a realidade não te traz a clareza nem a serenidade que o nó do caminho padece.
"The show must go on"
"Aquilo que procuras também te procura"
Se amanhã tiver que deixar o meu legado na história, vou deixar por aí espalhada a saudade dos dias que na realidade eu fui alguém.
No mesmo sítio.
No mesmo local.
Há sempre um café...
Mas,
já nada sabe ao mesmo.
Nem tudo é pra sempre,
no sempre,
igual.
"O prazer não é um mal em si mesmo mas, certos prazeres trazem mais dor que felicidade. "
*Epicuro
No mundo do prazer o que interessa saber é o tamanho da sua validade.
Quantas pessoas ficaram pelo caminho, no teu passado, e que hoje ao recorda-las te fazem sentir desolado, por não haver tido a oportunidade capaz de te despedir delas a tempo, de lhes dizer algo mais, um até sempre?
Para lá desta falésia há um mar que se esconde.
Entre a realidade de sentir e a ficção, da linha do horizonte.
Mijou prás mãos para aquecer a alma...
O vento frio daquela madrugada de Inverno fazia crer que a qualquer instante seria possivel ver um urso polar a bramir por ali.
Limpou ou melhor secou, as mãos às calças imundas, e em concha expirou fundo por entre o vácuo das palmas das suas mãos.
A vida na rua tinha-lhe dado morada, há uns não sei quantos anos a esta parte.
E com a vida completamente enxuvalhada, os quadrados das pedras da calçada eram tatuados diáriamente sobre a demência nua, no corpo cru daquela disparidade.
Olhou para o alto, onde uma luz ainda acesa assinalava vida, ao longe embrutecida nos prédios daquele bairro, e sem motivos... Sorriu.
O esquecimento era o seu maior dom, e por não trazer registo de um entristecer, sorria para tudo e por nada. Mesmo nos dias em que a fome, a chuva e o frio apertavam, o seu sorriso era sempre preciso, na forma como enrugava as expressões, na contextualidade do seu rosto.
Aquela alma tinha-se perdido de um passado, tinha-se afastado tanto dos dias com sabor a rotina que sem carteira nem documentos que o identificassem à sua sina, por ali foi ficando... Sorridente.
Até o deambular do esquecimento o levar, daqui para acolá, para uma esquina um pouco mais além.
Se eu podesse ter uma outra nacionalidade, gostaria de ser Ucraniano.
E não era só para poder ter o encanto do azul do céu no olhar nem os tons sonhadores do amarelo na pele, nem ter a possibilidade e o privilégio de poder deliciar todos os dias Borsch. Nem tão pouco ir para a guerra, pois não tenho coragem...
Seria isso sim, para trazer mais certezas na bagagem, e o encanto estóico e deliberado da convicção.
Glória à Ucrânia
(Slava Uckraini)
"O entusiasmo é o melhor sinal da saúde mental das pessoas"