A ilusão da procura não tem cura, quando interna é a cadência da insatisfação.
Olhou para os destroços dos corpos nus em ebulição que se amontuavam em êxtase na sua cama e acendeu um fósforo, como que, para apagar da memória tantas noites suadas e solenemente profanadas de posições sutricas.
Haviam nestes meandros devasos de excitação períodos em que a reflexão lhe estendia a toalha, sob a mesa da coerência, para apurar o sabor e o norte da satisfação. Momentos esses partilhados na intimidade, mas, sem terem na verdade a exaltação daquele sabor tão desejado e apetecido.
Nesta outra dimensão assomava-se uma voz interior vinda de parte incerta, algures de dentro. Uma espécie de guardiã do ultimo reduto do templo, desse oásis verdejante que é o sentimento. Esta voz insurgia-se sempre directa, clara, breve e sem papas na lingua. Guerreava sem receios de conflitos ou danos morais, que tanta verdade causava.
E como sempre uma mesma palavra era à muito proferiada e destacada, em cada pergunta directa e bizarra, sem pejos nem pudores…
Prazer.
Sempre a puta do prazer...
Para quê tanto prazer?
Para quê arriscar tanto se de facto no final, nem dá assim tanto prazer?
Valia a pena abraçar cada corpo nu depois de ter consumado o prazer num carro, numa praia ou numa esquina qualquer?
Sem conseguir responder cabalmente a estas e a muitas outras questões, escreveu no seu telemóvel uma frase que o ajudou mais tarde, a seguir de facto as suas emoções, e a aceitar sem se angustiar tanto, com o rumo imprevisível da sua história.
"Todo o amor que não abre mão de um passado
é um amor subornado
por um futuro que não vinga."
por um futuro que não vinga."
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