Viver uma vida pequena pode muito bem valer mais a pena, do que, viver uma vida imensa repleta de indigestas contradições.
Olhei para as palavras que havia escrito e apercebi-me que o caminho era o acertado, isto é, não por ter tido uma vida imensa por assim dizer, mas por ter enumeras vezes errado na cor de um passado, ao apertar com as duas mãos a garganta do tempo.
Quando nos deixamos estar, sem nos ralarmos em reenvindicar o norte ao impulso dos gestos, sob uma doutrina cega e crespa de uma realidade de contradições, tornamo-nos seres sem razão, à deriva como migalhas de pão, sem saber muito bem se serão levadas à boca ou arremessadas sem contemplação, para o inválido lixo de um contentor.
Ainda mais quando há muito percebemos, que a realidade não conspira a nosso favor.
É pois claramente uma perda de tempo este bloqueio que nos fazemos ao automutilarmo-nos uma e outra vez mais, consecutivamente...
Quem nunca, diram muitos.
Outros há, que continuam a aniquilar a garganta do tempo deixando-o apenas respirar de fininho, atordoado, para que a sensação efémera de ilusão nas suas próprias vidas não se apague.
Contudo também haveram outros que se reenvindicam ao sentenciar um basta, um não, um ponto de exclamação a atravessar um espaço em branco, como que a assinalar um sentido proibitivo, uma porta trancada e lacrada a betão .
Para alcançar o nirvana da satisfação, há que agradecer de coração às oportunidades que nos escorrem diariamente por entre as mãos, e ter a atenção de ficar mais e mais atentos e preparados,
para um novo dia que amanhece.
Ao fim de alguns anos percebi, que todas as vezes que passamos para as palavras o que nos apoquenta, em tópicos, numa breve redacção, poderia por a nu as indecisões bem como as soluções que a todo o momento se apresentam.
E que,
aquilo que para mim muitas vezes fazia sentido, lá atrás, não era propriamente tão empático e sugestivo, como uma ninfa de mulher que a imaginação desejou e por vezes até chegou a amar.
(...)
Deixou para trás um grande amor em troca de uma vida imensa.
Contudo hoje, ninguém a sustenta de uma tamanha insatisfação.
O povo apregoa que o dinheiro compra tudo,
porém,
só o pecado diz que não.
(...)
Entenda-se pois,
que uma vida imensa pode muito bem ser uma bela contradição.